O dia 25 de janeiro marcou o aniversário de São Paulo. E a data não poderia ser melhor para que a diretoria tornasse público o projeto de reforma e modernização do Morumbi.
O pacote, que deveria ter sido aprovado em dezembro, na reunião do Conselho Deliberativo, sequer foi apreciado por falta de quórum, já que a oposição não entrou na reunião. A alegação era de desconhecimento total do bojo do projeto.
Apesar de ser criada uma comissão composta por membros da situação e da oposição, a diretoria viu pouco progresso na negociação e sentiu que dificilmente haveria votação ainda em janeiro. Então optou por convocar todos os sócios, por e-mail, para tornar público todo o pacote de intenções, respondendo a todo tipo de pergunta e assim deixar claro que ninguém mais poderia alegar desconhecimento da matéria. Ou seja: a oposição foi colocada em xeque pelo próprio associado.
O projeto
De acordo com o que foi apresentado, a obra de cobertura do Morumbi vai durar 18 meses. Nesse período será construída uma Arena que terá 25 mil lugares e ficará localizada no setor da antiga arquibancada amarela. A cessão será feita por dez anos, renováveis por mais dez.
Está acordado que a empresa que detiver os direitos da Arena poderá realizar shows nos dias que quiser, só estando impedida de fazê-lo quando houver jogo do São Paulo no Morumbi. Ou seja: o São Paulo não terá que procurar estádio para mandar seus jogos por shows marcados para a Arena.
Nos jogos do São Paulo, a empresa que tiver domínio sobre a arena terá a seus dispor a quantidade de ingressos que cabe ao setor. Ela terá direito exclusivo sobre a venda, mas o valor total dos ingressos terá que ser repassado integralmente ao São Paulo. O mesmo vale para os mega-shows que se realizarem no Morumbi. Já os shows da arena terão renda totalmente revertida à empresa detentora dos direitos, sem qualquer participação do São Paulo.
Serão construídos dois estacionamentos que completem 2.200 vagas. Um prédio de cinco andares ficará onde hoje existem as quadras poliesportivas externas, beirando o muro do clube;o outro será uma extensão do espaço da piscina aquecida, unindo o estacionamento já existente, no portão 13, com o setor onde estão as quadras de Fut Volei.
Os sócios terão direito a 460 vagas ao custo aproximado de R$ 1,50 por hora, independente do dia (se tem jogo, show ou não). As demais vagas serão para uso comum, a preços de mercado.
As quadras poliesportivas, que desaparecerão num primeiro momento, serão resconstruidas no algo do edifício estacionamento.
Essas obras poderão ficar prontas em seis meses e para isso boa parte do clube ficará interditado para os sócios.
Mudança de estatuto
Segundo conversa que mantive com alguns conselheiros, é praticamente certo que Juvenal Juvêncio irá mudar o estatuto do clube, para que a aprovação destas reformas seja feita por 50% mais um do Conselho, ao invés de 75%, que é o número atual.
Aliás, vale explicar que este número qualificado de 75% existe para apenas três fatores, dentro do estatuto: para a extinção do São Paulo Futebol Clube; para a venda do Morumbi; e para o impeachment do presidente.
A oposição entende que ao alienar um setor do Morumbi para a arena seria uma espécie de venda de um setor do estádio, coisa com que a situação não concorda. Mas Juvenal, para ver seu projeto aprovado, mudará o estatuto na próxima reunião, até porque para isso precisa de 50% mais um dos votos.
Minha opinião
O que aconteceu no sábado foi muito triste. A política falou mais alto e, ao invés do pleno esclarecimento aos sócios, o que se viu foi muita provocação e discussão de lado a lado. Eram camisas amarelas e vermelhas disputando que tinha mais gente. A oposição não entrou no salão nobre – o que é muito triste -, mas mandou representantes sem identificação para “armar o circo”. E a diretoria, como não poderia deixar de ser, entrou no jogo e o nível foi muito baixo.
Entendo, sim, que a obra será boa e não vejo a alienação do espaço da arena como venda de um pedaço do Morumbi, até porque tem dia e hora para ser encerrada e o setor volta a ser integralmente do São Paulo.
Por isso, agora com pouco mais de conhecimento, defendo, sim a aprovação já do projeto de cobertura do Morumbi. E que a política não nos deixe mais atrasados do que estamos em relação aos nossos “co-irmãos”.