Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, o São Paulo pode estar ressurgindo a partir de agora. Não que o passado tenha que ser esquecido, até porque nosso hino mesmo diz que “as tuas glórias vem do passado”, mas digo que estamos saindo de um período obscuro, com poder centralizador e autoritário para outro mais aberto e transparente. Disse a vários diretores e conselheiros, ligados à situação, que Juvenal Juvêncio poderia ter saído como o melhor presidente da história do São Paulo, não tivesse rasgado nosso estatuto. Mas, até por isso, está saindo como um dos piores.
O pleito deste sábado, que elegeu 80 novos conselheiros para comporem o Conselho Deliberativo do São Paulo foi um dos mais entusiasmados, limpos e democráticos que vi em toda a minha vida de clube. Pensei que teríamos uma baixaria total, tamanhas ofensas que foram dirigidas, de parte a parte, durante todo o processo eleitoral e tendo como presidente um homem que nunca aceitou o “não”, nem o “talvez”, mas apenas e tão somente o “amém”. Mas todos botaram na cabeça que ali se disputava uma eleição, mas que todos eram sócios do mesmo clube e torciam pelo mesmo time.
Caberá ao Conselho eleger, no próximo dia 16, o novo presidente. Tudo caminha para a eleição de Carlos Miguel Aidar, afinal, ele tem, pelas contas que todos fazem, cinco votos de vantagem entre os conselheiros vitalícios, e 18 de vantagem entre os eleitos. Ou seja: ganharia a eleição com 23 votos de diferença. Certo? Errado.
Vou explicar:
– Há cerca de três meses o candidato Carlos Miguel Aidar começou a manifestar nos bastidores da política uma certa preocupação: o crescimento político do grupo de Antonio Donizete Gonçalves, o Dedé, diretor do Departamento de Esportes Amadores. Dedé, como é conhecido, teria controle sobre quatro conselheiros vitalícios e mais ele próprio, ou seja, cinco votos. Pretendia eleger, entre os candidatos indicados por sua corrente, de oito a dez conselheiros. Elegeu 15.
É verdade que Antonio Donizete Gonçalves não tem o controle dos 15 eleitos, pois destes, ao menos cinco são, também, muito ligados politicamente a Juvenal Juvêncio. Mas se ele tiver o poder de controlar de dez a 12 votos, pode colocar Carlos Miguel Aidar contra a parede e fazer várias exigências, se tornando um dos homens mais poderosos dentro do clube, quiçá do futebol profissional. Se isso acontecer, é aquele tal negócio: ou Aidar cede, ou Dedé bandeia para a oposição com seus conselheiros e o voto será dirigido a Kalil Rocha Abdalla, deixando o resultado final imprevisível.
É lógico que todos vão negar o que estou escrevendo. Nem Carlos Miguel Aidar, nem Antonio Donizete Gonçalves vão assumir publicamente essa questão. Mas ela está posta e existe nos corredores do Morumbi.
Portanto, emoções fortes ainda virão na eleição para a presidência do São Paulo. Mas ganhe quem ganhar, é fato que um novo clube está surgindo, respirando ares mais claros e leves.