Amigo são-paulino, finalmente pudemos divulgar o que vínhamos guardando há tempos, devido ao segredo de justiça imposto nas investigações, após uma testemunha ter sido ameaçada de morte. O Ministério Público indiciou a quadrilha do São Paulo por lavagem de dinheiro, corrupção, formação de quadrilha e outros crimes. O Ministério Público está de parabéns.
Tudo se passou nos anos de 2014 e 2015, quando o nefasto Carlos Miguel Aidar presidia o São Paulo. Sua namorada, Cinira Maturana, era empresária de futebol – não oficialmente – e transacionava jogadores para lá e para cá. Essa foi a primeira denúncia do Tricolornaweb, que se seguiu com outros fatos. O caso Iago Maidana foi o mais escandaloso. O zagueiro saiu do Criciúma por R$ 200 mil, indo para o Monte Cristo de Goiás, e voltando no dia seguinte por R$ 2 milhões para o São Paulo, numa intermediação da Itaquera Soccer.
À época o técnico do São Paulo era Osório. Ele não aceitava a presença de Cinira no CT da Barra Funda e por isso pediu para sair, pois não encontrou apoio em Carlos Miguel Aidar. E era óbvio que não encontraria.
Outras transações suspeitas aconteceram e foram denunciadas por Atayde Gil Guerreiro. Sempre o Tricolornawweb trouxe as informações.
Nesse meio tempo apareceu a Far East, que, através de seu dirigente, Jack Banasfeha, intermediou um contrato com a Under Armour, e para tanto receberia uma comissão de R$ 18 milhões. Quem assinou esse contrato? Júlio Casares, então vice-presidente de Marketing; Douglas Schwartzmann, então diretor de Comunicação; Leonardo Serafim, então diretor Jurídico; e Oswaldo Abreu, então diretor financeiro.
A conclusão do Ministério Público não envolve Júlio Casares e Oswaldo de Abreu nos crimes de organização criminosa, estelionato ou furto mediante fraude, além de lavagem de dinheiro. Talvez eles sejam uma espécie de Lula, que disse não saber que o Mensalão ocorria na sua ante-sala, comandado pelo seu super-ministro José Dirceu.
Evidentemente ainda há espaço para defesa dos réus, mas se torna impossível admitir que Douglas Schwarzmann continue exercendo cargo na diretoria do São Paulo, e que Leonardo Serafim continue sendo a voz do clube nas reuniões externas como, por exemplo, ocorreu em março, com o presidente do Senado, e mais recentemente na CBF.
Mais do que isso. O Conselho Deliberativo tem obrigação de afastar preventivamente os dois indiciados até que o processo chegue ao seu curso final. Aliás, deve colocar nesse balaio Rogerio Caboclo, que está afastado da CBF por crime de assédio moral e sexual. E também Carlos Miguel Aidar, que já fora expulso do conselho mas continua membro ativo do Conselho Consultivo do São Paulo.
Ao não proceder assim, a partir desse momento a gestão de Júlio Casares passa a ficar sob suspeita de corrupção. Não é possível que uma administração possa abrigar pessoas deste naipe e tentar permanecer intacta a acusações.
Aproveito para cumprimentar Newton Ferreira e alguns outros conselheiros que assumiram o caso e o levaram à Justiça, já que o Conselho Deliberativo jogou para debaixo do tapete todas esses crimes, que na época eram suspeitas, mas que já suscitavam alguma ação do então presidente Marcelo Pupo.
Talvez pensem que passando o vendaval, tudo ficará no esquecimento e voltará ao normal. Mas eu garanto que, a partir de agora, o Tricolornaweb vai lembrar todos os dias esses fatos e cobrar uma ação do Conselho Deliberativo e, principalmente, do presidente Júlio Casares. Não deixem as frutas estragadas contaminarem o pomar. Pois podemos imaginar que o pomar está totalmente contaminado.