Os donos do São Paulo provaram, mais uma vez, que desconhecem o estatuto do clube. Mais do que isso, desrespeitam, pisam em cima, “cagam” para as regras que norteiam o funcionamento da instituição São Paulo FC.
A nova cuspida no estatuto está em vigor agora. Os artigos que variam de 61 a 67, e versam sobre finanças, dizem que o balanço do exercício anterior tem que ser discutido e votado em Sessão Ordinária do Conselho Deliberativo até o último dia útil de março, ou seja, dia 31, segunda-feira da próxima semana. Diz que os conselheiros devem receber a convocação da sessão por e-mail, no mínimo, oito dias antes da Sessão e que o balanço deve ser disponibilizado para consulta, no mínimo, cinco dias úteis antes da Sessão.
Pois bem: nós estamos no dia 25 de março, a seis dias do final do mês, e até agora Olten Ayres de Abreu, presidente do Conselho Deliberativo, não fez a convocação da Sessão e a diretoria, cujo presidente é Júlio Jack Casares, não disponibilizou o balanço para consulta dos conselheiros (faltam quatro dias úteis para a Sessão, já que o dia de sua realização não é contato).
O estatuto afirma, também, que em caso de não cumprimento, qualquer conselheiro pode solicitar a anulação da Sessão, se ela for realizada, além de pedir um afastamento (impeachment) do presidente do órgão. Se houve responsabilidade da diretoria, de não ter liberado o documento, também afastamento do presidente da diretoria.
Portanto os crimes administrativos de dois dos sete donos do São Paulo foram cometidos. Mas haverá algum conselheiro que honre seu são-paulinismo, honre as calças (ou saias) que veste, para ter essa honra lavada?
Sei, nos bastidores, que dentro dos grupos de apoio a Júlio Casares, o racha é intenso. Muitos conselheiros estão revoltados de estarem sendo obrigados a votar este balanço com voto de cabresto. Até admito que os eleitos queiram uma vaga na legenda ano que vem e se prestem a isso. Mas e os vitalícios, que não dependem de nada nem de ninguém Qual o receio de pedir anulação da sessão e os impeachments de Olten e Casares?
Basta vir a público, convocar uma coletiva, levantar esses problemas, afirmar que o São Paulo está afundado e dívidas, é um navio sem nau, mostrar os desmandos de uma diretoria que tomou o clube de assalto, que a imprensa inteira dará destaque a torcida – a verdadeira torcida, não a dependente, vai pressionar e alguma coisa terá que ser feita.
Mas não. Continuarão recebendo seus ingressos, vaga no estacionamento, lanchinhos, viagens, hotéis, e votarão como seus donos determinam, pelo mal do São Paulo.
E estatuto? Ora, para que existir? Afinal, são esses sete quem fazem as leis e as exercem como lhes interessa. Pobre São Paulo, um clube que um dia foi gigantes. Está se transformando numa formiguinha.