Vende-se uma instituição quase secular, fundada em 25 de janeiro de 1930, por abnegados são-paulinos, que desejavam ter um clube com o nome que simbolizaria a cidade e o Estado onde atuaria; contrapondo-se às torcidas italianas e espanholas, que naquela década começava a invadir o País e tinham em seu sangue representantes no futebol brasileiro. Ou representavam ou se tornaram representantes.
Aqueles brasileiros, paulistas e paulistanos dignos ergueram a bandeira vermelha, branca e preta e criaram o escudo que, com muito trabalho, dedicação e competência, além da abnegação, o transformaram num dos mais respeitáveis do mundo, com uma camisa que entorta varal.
Ao longo dos anos esses abnegados e apaixonados são-paulinos se doaram – e doaram – muito para o São Paulo. Venderam tijolinhos para construir o maior estádio particular do mundo e para termos uma casa para chamarmos de nossa. Um gigante de concreto armado que chegou a abrigar 140 mil pessoas em uma determinada final de Copa Libertadores, mas que hoje acolhe, no máximo, 65 mil. O cimento, que me contradigam os engenheiros, realmente encolhe com o passar do tempo.
Está à venda essa instituição, composta de um imóvel de três pavimentos, com capacidade para receber 80 mil pessoas (em caso de realização de show), um complexo social com quatro piscinas, sete quadras de tênis, seis quadras poliesportivas, uma academia, quadra de beach tenis, um campo oficial de futebol, com grama sintética, e mais diversos setores. Tudo isso fica localizado no Morumbi, na avenida Jules Rimet, ou melhor, na Praça Roberto Gomes Pedrosa., número 1.
Tem filial na Barra Funda, com vários campos, estrutura médica, fisioterápica e churrasqueiras aos montes. É bem verdade que essa estrutura não pertence ao pacote à venda, pois é um regime de comodato, mas poderá ser utilizada pelo comprador.
Tem outra filial em Cotia, onde foi construído um complexo hoteleiro e de campos para treinamentos, para criação de jovens atletas que fariam o futuro do clube, esportiva e financeira.
Mas voltemos aos nossos gestores. Até 2008, com desonrosas exceções, podemos dizer que tudo caminhava muito bem. Aí golpes começaram a ser dados e o clube das três cores, idealizado e realizado por nomes que estão em nossa história, começou a mudar. E se afundar.
Ao invés de Natel, tivemos Juvêncio; ao invés de Aidar (Henry) tivemos Aidar (Carlos Miguel); ao invés de Gouveia tivemos Barros e Silva; ao invés de De Rey ou Galvão tivemos Casares. E tudo começa a se explicar. Saímos das nuvens não imaginárias, mas sólidas e palpáveis, para as grafites, que nos levaram ao lodo. Um lodo que a cada dia se mostra mais denso.
O que hoje vemos é uma gang que começou a tomar conta da massa quase falida em 2015, formada por Aidar, Casares, Schwartzmann, Serafim e Abreu, que viu um jogador ser vendido num dia, de um time catarinense para outro goiano, por R$ 200 mil e tê-lo comprado no dia seguinte por R$ 2 milhões; que para ter fornecimento de material esportivo (Under Armour) criou um contrato com tal Jack Banafsheha, de R$ 18 milhões de comissionamento, assinado por todos estes senhores, barrado no Conselho Deliberativo depois que o Tricolornaweb denunciou. O que gerou a ira insana destes seres contra este escriba por ter-lhes tirado do bolso essa grana. Até porque, o Jack, um são-paulino de quatro costados, renuciou à comissão.
A partir daí caminhando ladeira abaixo em dívidas, o atual presida, membro efetivo daquela quadrilha (hoje há mais agregados), conseguiu pegar este clube que está à venda com dívidas de R$ 585 milhões e em prazo de quatro anos levá-la a mais de R$ 1 bi, o que a torna impagável.
Então me chega aos ouvidos que essa é a missão: tornar o São Paulo impagável. Assim a SAF se torna o único caminho para salvá-lo. E quem seria o CEO desta SAF? O Casares. Sim, ele mesmo, o cara de botox novo.
O Departamento de Futebol, que habita a filial da Barra Funda, conseguiu estourar todas as metas orçamentárias, com gastos que até hoje ninguém conseguiu (ou quis) explicar. R$ 13 mi por 50% de Orejuela; R$ 38 (ou R$ 48) mi por Galoppo; R$ 28 mi por André Silva; e Bustos? E André Anderson? E Mendez? E Jamal Lewis? E Santi? E …?
Agora, para se enquadrar no orçamento, vai ter que vender mais e não comprar ninguém. Se já estamos no osso, agora afundaremos no limbo. Até porque vão embora Arboleda e fica Ruan Tressoldi; Bobadilla e fica Marcos Antonio; talvez Calleri e fica André Silva. Time digno de série B.
Então Casares completa a primeira fase de sua estratégia para vender o clube e vende metade de Cotia. Talvez ele não saiba que a base do Palmeiras, com apenas três jogadores, rendeu ao clube R$ 780 milhões em venda (Luiz Guilherme, Endryck e Estevão) em apenas um ano; que esta base faz Flamengo, Santos e outros tantos respirarem e reduzirem suas dívidas.
Não, mas Casares cara de botox vai vender aquilo que nos sustentou por anos, com Kaká, Lucas, Antony, Breno, Brenner, Casemiro, Beraldo (apenas para citar alguns), que nos deram títulos e nos deram retorno financeiro.
Portanto, interessados, Cotia já está no embrulho para ser enviado via Mercado Livre. Destino Atenas, aos cuidados de Evangelos Marinakis. Aliás, algo que o Dario Campos, do Agonia Tricolor, antecipou há exatamente um ano (só não havia o nome do empresário).
Agora segue a missão de aprofundar a dívida, não cumprir o contrato com a Galápagos (não será cumprido, garanto aqui a vocês) para inviabilizar de vez e vender o que restar da massa quase falida. E para ele mesmo administrar.
Vende-se, enquanto é tempo.