A frase dita pelo zagueiro Walce, do São Paulo, quando alguém erra a pronúncia de seu nome revela uma “missão” que o jogador carrega consigo: eternizar e honrar o nome que herdou do pai.
Walce, o pai, morreu ainda quando o filho estava na barriga da mãe Izaura Rizo. Ele era cinegrafista da afiliada TV Globo no Mato Grosso e, em uma viagem ao Rio de Janeiro, pegou uma pneumonia e veio a óbito dias depois.
Criado em Santo Antônio do Leverger, município de Mato Grosso, o zagueiro Walce teve uma infância humilde, que mudou completamente aos 13 anos graças ao futebol, uma paixão também herdada do pai.
Através de um projeto social de Cuiabá, o treinador Carlos “Profeta” viu a possibilidade de indicá-lo ao São Paulo. Mesmo muito jovem, Walce deixou o Mato Grosso rumo a Cotia e de lá nunca mais saiu até virar profissional.
Foram quase sete anos de categorias de base e inúmeros títulos conquistados. No último deles, a Supercopa Sub-20, o zagueiro foi o capitão e levantou a taça após vitória sobre o rival Palmeiras nos pênaltis.
As boas atuações com a camisa do São Paulo renderam a Walce uma vaga no Sul-Americano Sub-20 com a seleção brasileira. A equipe nacional não se saiu bem, mas o zagueiro despertou olhares de Sampaoli no Santos, que se interessou pela contratação do atleta no final de 2018, e até mesmo de Tite, que o convocou para participar de treinos com a Seleção principal no início de março deste ano.
Faltava, então, uma chance no profissional do São Paulo. E ela veio logo em um clássico. No último domingo, o São Paulo não tinha Arboleda (lesionado) e nem o lateral-direito Igor Vinícius (suspenso) para enfrentar o Flamengo, pela terceira rodada do Brasileirão.
Cuca decidiu apostar em Walce para jogar na lateral direita, função que chegou a desempenhar na base. Porém, no meio do confronto o treinador resolveu inverter: Hudson na lateral, e Walce como volante. No segundo tempo, Anderson Martins foi substituído, e então Walce, enfim, jogou os 45 minutos finais como zagueiro.
A polivalência e a personalidade do jogador em atuar bem em três posições em um só jogo impressionaram Cuca, que não titubeou em escolher o zagueiro para ser titular novamente no duelo deste domingo, diante do Fortaleza, às 19h, no Castelão, pela quarta rodada do Brasileirão.
– Walce vai jogar. Entrou bem no jogo (contra o Flamengo). Tem uma técnica refinada, visão e estatura boa. É menino. Tem personalidade. Vai amadurecer durante os jogos e agora tem sequência para se firmar – afirmou o treinador em entrevista coletiva na última sexta-feira.
Mas o próprio treinador entrou na brincadeira com o nome do zagueiro. Em vídeo divulgado pelo São Paulo, Cuca aparece perguntando ao jogador sobre quem o chama de “Alce”.
Walce (o ‘Valce”) não teve o pai presente em suas conquistas, mas até aqui vai cumprindo a sua missão de honrar o nome dele e que ele seja falado da forma correta através do seu bom futebol.
Fonte: Globo Esporte