SP em Córdoba atrai de empresário a estudante com dinheiro contado

O estudante de direito Vitor Eduardo Da Silva, 24 anos, tinha apenas 14 quando Lucas brilhou e deu ao São Paulo o seu primeiro título da Copa Sul-Americana. Torcedor do Tricolor por influência do avô, que contou os feitos de Telê Santana e outros nomes da história do Morumbi, não pensou duas vezes em juntar o que lhe restava das economias para comprar as passagens aéreas rumo a Córdoba para acompanhar a nova decisão continental do clube.

– Vamos ser sinceros, o time está em uma má fase, sem ganhar muita coisa. É uma chance de ouro. Não me importo que seja Sul-Americana, é um título.

Vitor é mais um das dezenas de são-paulinos que a reportagem do LANCE! encontrou no trajeto entre a capital paulista e a cidade argentina entre a noite de quarta-feira e a manhã de quinta. Cansativo, a via-crúcis tricolor envolve escalas de até seis horas em Buenos Aires antes de novo embarque para Córdoba.

O trajeto reflete a empolgação dos tricolores. Em Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), muitos animam cantos e gritos. Em Buenos Aires, o cansaço dominava. Olheiras e perda de voz pela má alimentação refletiam a peregrinação.

No discurso, o otimismo pelo fim do jejum de conquistas internacionais do clube do Morumbi e o resgate dos tempos de ouro eram os principais fatores de motivação para o jogo. E a sintonia era grande, unindo desde empresários até estudantes.

Dois desses são-paulinos era a empreendedora Eliana das Candeias Vespa, 52, acompanhada da filha, a publicitária Débora das Candeias Vespa, 25. As duas saíram de São Paulo e foram até o Rio de Janeiro (RJ) para embarcar rumo a Córdoba. Fanatismo que já vinha sendo provado: as duas já acompanharam o time fora de casa outras vezes nessa temporada. Uma delas foi justamente em Goiânia (GO), na semifinal da Sul-Americana contra o Atlético.

– O pai dela era corintiano, fiz de tudo para fazer ela virar são-paulina. E agora tenho que recompensar de alguma forma – disse Eliana.

Dono de franquias de fast-food na Região Metropolitana de São Paulo, Ivan Machado Benetto, 57, era mais um do bando de tricolores seguindo para Córdoba. Ele já acompanhou o time em dois dos três mundiais disputados e em todas as finais de Libertadores que o clube jogou (inclusive 1974, era um moleque, brincou). Para ele, o jogo na Argentina tem um gosto especial.

– É a nossa volta ao topo. Ganhar a Sul-Americana vai nos dar uma vaga na Libertadores, aumentar o caixa e nos dar condições de fazer boas contratações ano que vem. Fora que o Rogério (Ceni) merece esse título – disse ele, que afirmou ser amigo particular do presidente Julio Casares, sócio e que já ajudou muito quando faltava grana para bancar o “bicho”.

Entre os viajantes tricolores estão também muitos pais com filhos pequenos. A experiência de uma decisão em jogo único pode ser determinante para consolidar a ‘são-paulinidade’ dos pupilos, conforme explicou o funcionário público José Machado Campos, 53, acompanhado do filho Lucas, de 8.

– Era a final ou Disney no final do ano, advinha qual ele escolheu… Não tem jeito. É o jogo perfeito para ele realizar vários sonhos, ver o São Paulo campeão, ver um jogo na Argentina, sentir a torcida de perto… – disse.

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