Criado para equacionar a dívida bancária do São Paulo, o FIDC (Fundo de Investimento de Direitos Creditórios) aprovado pelo Conselho do clube na semana passada prevê um teto anual para investimento no futebol. Esse limite, que vale a partir da próxima temporada, foi superado nos últimos três anos.

A regra é de que o São Paulo terá até R$ 350 milhões ou metade da receita bruta do ano anterior – o que for menor – para salários, direitos de imagem, encargos e na contratação de novos atletas.

Em 2020 e 2021 o Tricolor arrecadou menos de R$ 700 milhões e, portanto, o limite das temporadas seguintes seriam o de metade da receita.

Em 2021, a equipe gastou R$ 369 milhões, mais do que os R$ 223 milhões que seriam o teto. Um ano depois, investiu R$ 356 milhões, acima do limite de R$ 291 milhões.

Por ter arrecadado R$ 751 milhões em 2022, o teto para investimentos em 2023 seria de R$ 350 milhões. Mesmo assim, o clube gastou R$ 426 milhões.

Teto de investimentos no futebol

Os números foram levantados pelo economista Cesar Grafietti a partir de dados dos balanços financeiros do clube e estão corrigidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

– R$ 350 milhões entre contratações, salários, Cotia e tudo mais, está facilmente entre os dez maiores (orçamentos) do Brasil. Então, teoricamente não vai faltar dinheiro. O Fortaleza gasta R$ 160 milhões por ano. Muitos torcedores podem falar que o São Paulo não é o Fortaleza, mas o Fortaleza nas últimas temporadas tem tido sucesso – disse Grafietti no podcast ge São Paulo.

– Desafio será gerir melhor esse dinheiro e a estrutura do futebol. Você precisa passar a ser mais eficiente no gasto, pois o São Paulo gasta muito dinheiro e gasta mal.O que precisa ser feito é melhorar a gestão esportiva para gastar melhor o recurso que será limitado.

O FIDC prevê captar R$ 240 milhões num primeiro momento para o pagamento de dívidas bancárias, que têm juros maiores e prazo menores. O fundo terá um prazo de quatro anos para quitação.

O teto de investimentos tem uma brecha para aumentar os investimentos no futebol: se o São Paulo vencer mais de R$ 150 milhões em direitos de atletas, poderá usar o excedente para reinvestir em contratações ou na base.