
São quatro gols em um mês, cinco na temporada, e elogios de comissão técnica e torcida. Depois de um início ruim, Patrick se reabilitou e atualmente se apresenta como um dos principais atletas do São Paulo. As boas atuações geram até um clima leve para o camisa 88, hoje titular e peça importante para Rogério Ceni.
Questionado muitas vezes sobre a forma física, Patrick brincou sobre esse tom de crítica que tem recebido. Do excesso de peso do início de 2022, agora o meio-campista se sente “magrinho”.
– Hoje estou mais fino (risos). A cada jogo que passa tenho emagrecido um pouquinho – disse, sorrindo, em entrevista ao “Bem, Amigos!”, do sportv.
Patrick disse que lida de maneira tranquila com esse tom crítico que o acompanhou no início da trajetória no São Paulo.
O jogador chegou ao clube e rapidamente foi diagnosticado com Covid-19. Depois, no segundo jogo pelo time, se machucou e ficou fora durante um mês. As dificuldades atrasaram o processo de adaptação, na visão do camisa 88.
– É dentro de campo a melhor forma de lidar com isso. As críticas sempre vêm. O torcedor age conforme a emoção do momento, o calor do momento. Temos que saber lidar. Não sou mais menino, sei lidar com esse tipo de situação – comentou.
– Sei que para reverter esse tipo de situação, só mostrando dentro de campo. Tenho conseguido mostrar que isso não é verdade e que estou bem fisicamente, e que posso ajudar – completou.
Confira mais trechos da entrevista de Patrick:
Boa fase
– As coisas estão ficando boas. Tive um início não muito bom, sofri uma lesão e iniciei a temporada com Covid. Consegui me recuperar e hoje estou feliz, tenho ajudado o São Paulo
Adaptação ao São Paulo
– Quatro anos trabalhando em um clube, você faz uma mudança rápida e o processo de troca é rápido, aconteceu muito de pressa. Não esperava sair do Inter naquele momento. Tem todo um processo de adaptação. Chego no São Paulo motivado, porém com o diagnóstico de Covid. Na segunda partida pelo clube, sofro uma lesão que me deixou mais de um mês afastado. Isso me atrapalhou de estar melhor fisicamente na temporada.
– Não fiz uma pré-temporada como esperava. Pegar os companheiros com dois meses de vantagem é difícil para recuperar. Meu biótopo dificulta mais. Continuei trabalhando e sabia que poderia apresentar meu futebol, agora estou desfrutando, estou bem melhor, tenho participando bem mais do início da temporada, é um processo natural de performance por estar ajudando o São Paulo.
Priorizar competições
– Concordo com o pensamento do Rogério. Não é fácil estar vivo e forte em três competições. Acredito que o planejamento foi para aguentar a maior carga possível, mas infelizmente nosso elenco sofreu uma queda grande de lesões. Hoje talvez muitas pessoas não acreditassem que estaríamos vivos nas três competições. Temos conversados e pensado jogo a jogo.
– Uma hora vamos ter que escolher um lado, mas ainda está cedo para decidir isso. Temos dois jogos de mata-mata e o Brasileirão ainda está terminando o primeiro turno. Temos o objetivo de chegar na Libertadores, na frente vamos ver qual o caminho mais acessivo para este objetivo e dar o máximo. Ainda é cedo, por mais que seja difícil para definir qual caminho e se temos condições de estar vivo nas três.
Favoritos na Série A
– Pelo futebol que tem apresentado, acho que a tabela tem sido justa. Palmeiras, Atlético, Athletico tem feito boa campanha. Fluminense é uma surpresa boa com o Diniz. O Flamengo que sempre briga, o Bragantino com boas exibições. Do São Paulo para cima a briga é boa, está aberta. Teremos alguns clubes com queda de rendimento, mas acho que principalmente do Fluminense para cima, entrando mais o Flamengo, e a gente também, porque queremos brigar por este título, o desenho atual é esse. Os favoritos estão em ordem na tabela.
Presença de jovens de Cotia e papel de líder
– Até digo que a gente tem que saber aproveitar da juventude dos garotos. Isso faz você evoluir no trabalho. Acho que Cotia tem trazido para o CT da Barra Funda grandes jogadores, meninos talentosos que deram conta do recado até a final. Ceni tem feito bem este trabalho para conseguir extrair o máximo. É saber unir tudo. Tem que ter o respeito, e tentamos manter o ambiente amistoso, não pesar, tentar agregar e usar a juventude deles.
– Minha recepção foi muito boa, ainda estou entrando neste contexto, mas tenho tentado me adaptar o mais rápido possível, tenho bom relacionamento com todos e pretendo seguir assim. Sem pular etapas e queimar os mais novos, porque são joias para o futuro.
Comemoração Pantera Negra
– Essa iniciativa juntou o útil ao agradável. Foi um momento de descontração com responsabilidade de transmitir uma mensagem importante. Sou negro, todas as vezes que tive a oportunidade de falar sobre o racismo em campanha no Inter, me coloquei à disposição. Sou contra o racismo e as pessoas têm que entender que não deveria existir hoje.
– Talvez consiga transmitir essa imagem, dizer que sou contra esse tipo de ato. Talvez possa mudar a ideia de algumas pessoas, sendo pessoa pública. Tento transmitir a mensagem correta, com ideia correta.
Jogadores se pronunciam pouco?
– Acredito que para alguns setores, alguns momentos, a nossa voz ainda é muito baixa. Nosso grito pode representar muito. Fico feliz por fazer parte deste movimento e ver companheiros hoje agindo mais, não só sobre racismo, mas por outras causas, esse lance das vozes, caso nosso particular com a lei nova que tem surgido aí. Esse é o caminho.
– Quanto mais pessoas transmitirem a mensagem correta, mais pessoas vão entender e a gente sabe que não é uma tarefa fácil. Talvez no longo prazo, a cada dia podemos combater este mal e colocando as coisas no caminho certo e uma vida mais igual para todo mundo, mais limpa.
Violência contra atletas
– Quem reage mais é quem vive o momento. Quando não acontece com você, você não discute. É uma ação totalmente errada. É chato quando torcedor interrompe a partida para saudar. Tem uma paixão, tem carinho, mas interromper uma partida pode se tornar perigoso. Antes tentavam abraçar, hoje entra para tentar agredir um jogador adversário. É perigoso.
– Para prevenir isso terá que aumentar segurança e a educação da arquibancada. São minorias, mas um ato desse basta para se tornar desagradável. Infelizmente não queríamos, mas temos que exigir dos clubes um esquema de segurança maior para que isso não aconteça.
Responsabilidade dos atletas nesta escalada de violência
– Tudo tem limite. Não podemos exagerar, a gente tem que dar exemplo. Inclusive participei de uma situação no Gre-Nal que levantei o caixão. Tempos atrás seria algo normal, as torcidas zoavam desta forma e não tinha a repercussão de hoje. Fiz isso e associaram até as vítimas de Covid, que não tinha nada a ver.
– Infelizmente, a nossa atitude dentro de campo influencia na reação do torcedor. Temos que nos policiar, temos que melhorar e dar exemplo. Porém são fatos que não podem acontecer. Por mais que tenha um desentendimento dentro de campo, não significa que o torcedor pode invadir para agredir. Se eu estou sendo errado, o torcedor não tem que fazer igual. Temos que dar exemplo, ser exemplo, mas não dizer que a culpa é nossa. Não somos culpados.
Classificação contra o Palmeiras muda a temporada?
– Muito importante a torcida no Morumbi. A pressão ajuda, nos motiva a fazer uma pressão maior sobre os adversários. Tivemos a perda do Paulistão, e da maneira que foi, machucou bastante. Não só mostrar para a torcida, mas para nós mesmos, que a gente não era aquilo, que não éramos inferiores.
– Foi um fato que aconteceu e poderíamos ser melhores, tivemos a chance na Copa do Brasil. Superamos um grande adversário, isso traz a torcida para o estádio e nos faz trabalhar em sincronia. Isso só engrandece a força do clube.