Há dez anos, Rogério Ceni era goleiro e levantava o troféu da Copa Sul-Americana pelo São Paulo. Agora treinador do Tricolor e às vésperas de disputar a final de sábado, às 17h (de Brasília), contra o Independiente del Valle, do Equador, em Córdoba, na Argentina, o ídolo são-paulino está pronto para repetir o feito na nova função, segundo quem o dirigia na primeira conquista do torneio.
Ney Franco, técnico do São Paulo no primeiro título da Sul-Americana, elogiou o trabalho do ex-comandado, com quem teve um atrito público durante aquela campanha.
Em paz com Ceni após uma década, o técnico de 56 anos vê boas chances de Rogério e São Paulo repetirem neste sábado o feito do dia 12 de dezembro de 2012, contra o Tigre, da Argentina.
– Acho ele uma realidade como treinador. Desde a primeira passagem curta pelo São Paulo (em 2017), ele acumulou momentos de vitórias e amadureceu também com os tropeços. Ele já acumula experiência e traz isso para o São Paulo nesta segunda passagem – destacou Ney Franco, em conversa com o ge.
– Ele fez um grande trabalho no Fortaleza, com acesso e reestruturação do clube. No Flamengo, apesar da conturbada saída, teve a competência de chegar e ser campeão quando todo mundo era comparado com Jorge Jesus. Rogério tem tudo para coroar essa segunda passagem com um título internacional – acrescentou.
Os elogios a Rogério Ceni contrastam com o atrito de eles tiveram lá atrás, na vitoriosa campanha da Sul-Americana de 2012.
No confronto com a LDU de Loja, equipe equatoriana, Ceni pediu durante o jogo para que Ney Franco colocasse Cícero na partida, preocupado com a pressão do rivais. O treinador, por outro lado, optou por Willian José e publicamente reclamou da postura do capitão.
Relembre o atrito entre Ney Franco e Rogério Ceni no São Paulo
Mais adiante, depois desse episódio, Ney Franco, já fora do São Paulo, acusou Ceni de tê-lo queimado nos bastidores do clube.
Passada uma década, entretanto, com encontros em cursos e em jogos, a relação é cordial. Ceni enfrentou Ney Franco cinco vezes e soma quatro vitórias (todas pelo Fortaleza); o treinador campeão da Sul-Americana de 2012 venceu uma vez (pelo Goiás, em 2018).
Ney Franco diz que atrito com Ceni foi superado — Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Agência Estado
Ney Franco diz que atrito com Ceni foi superado — Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Agência Estado
– É um problema superado. Hoje temos uma relação profissional, nos encontramos em jogos, em cursos da CBF. É bem profissional. É um assunto totalmente superado e que foi muito debatido – afirmou o técnico de 56 anos.
– O mais importante neste momento é a felicidade do Ceni, do torcedor do São Paulo e do clube. É bom ver um treinador brasileiro com potencial, perto de um título internacional – disse Ney Franco.
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“Minha passagem foi boa”
Ney Franco se orgulha do trabalho realizado no São Paulo. Campeão da Sul-Americana, o treinador dirigiu o clube em 79 jogos, conquistando 40 vitórias e um aproveitamento de 57% dos pontos no período de um ano.
A demissão veio depois da derrota por 2 a 1 para o Corinthians, no jogo de ida da Recopa Sul-Americana, em 2013. Porém, as lembranças são positivas.
– Os números não mentem, pois fiquei um ano com números expressivos. Os primeiros seis meses foram espetaculares, não só da conquista, mas a campanha no Brasileirão, conseguimos ficar em quarto. Tudo isso me deixa confortável para avaliar que minha passagem foi boa – analisa.
O auge daquele ano, claro, veio com o título da Copa Sul-Americana. Ney Franco relembra detalhadamente a campanha e hoje relata quando percebeu que aquele grupo poderia ser campeão.
– Foi no confronto com a Universidad do Chile que mostramos que tínhamos força para sermos campeões. Mas, claro, a grande memória é a final com o Tigre, com Morumbi lotado. Pena que não teve jogo no segundo tempo, pois poderíamos ter uma vantagem ainda maior – comentou.
– O jogo contra a La U foi para mim o mais marcante na parte técnica e tática. Enfrentamos o campeão e conseguimos vencer no Chile e golear no Pacaembu (5 a 0). Ali percebi que tínhamos uma equipe madura para ganhar um título. Aí veio a memória maior, com a vitória sobre o Tigre, com o Morumbi lotado – encerrou.