Igor Vinícius supera própria desconfiança no São Paulo e planeja futuro

O lateral-direito Igor Vinícius recebeu o ge para uma entrevista na tarde de quinta-feira no CT da Barra Funda e, ao relembrar momentos do seu passado dentro do São Paulo, pareceu surpreso ao lembrar que sua estreia pelo clube aconteceu num longínquo janeiro de 2019.

Aos 27 anos, Igor é o segundo jogador do elenco há mais tempo no clube, atrás apenas de Arboleda, que chegou ao São Paulo em 2017. Cedido pelo Ituano, chegou primeiro por empréstimo, teve 50% dos seus direitos comprados por R$ 2 milhões no fim de 2019 e, desde então, disputou 193 partidas.

Provável titular neste sábado, contra o Criciúma, às 21h, pela 31ª rodada do Brasileirão, ele tem condições de passar a marca de 200 jogos se for utilizado nas oito rodadas finais do torneio. A chegada de uma marca expressiva, claro, deixa o jogador ao mesmo tempo orgulhoso e surpreso:

– É muita coisa. Desde que cheguei, muitos passaram e poucos ficaram. Joguei com Pato, com grandes jogadores. Às vezes alguns passam, ficam uns seis meses, um ano e não conseguem seguir por mais tempo. Hoje só o Arboleda tem tanto tempo de casa. Fico feliz pela confiança da diretoria. Quando cheguei ao São Paulo, não imaginava que ficaria aqui por tanto tempo – disse o lateral.

Durante a entrevista, o jogador destacou que chegou a desconfiar de si próprio no início de sua passagem pelo clube. Mas que o passar dos jogos e do tempo foi tornando tudo mais natural.

– Cheguei ao São Paulo com 21 para 22 anos. Quando cheguei, eu sentia que eu podia atingir o nível do pessoal, mas eu ainda não estava nele. Às vezes eu desconfiava um pouco do meu futebol, então melhorei minha confiança no decorrer dos anos. Vim emprestado e já no meio do primeiro ano disseram que iam me comprar. Então eu coloquei na cabeça: “Eu mereço estar aqui, eu tenho futebol para isso”. Quando você chega novo num lugar, você tem essa dúvida. Mas no decorrer dos anos, você vê que é merecedor – destacou o jogador.

Com contrato até o fim de 2025 e ainda sem negociações iniciadas para tratar de renovação, o jogador observa com atenção a situação de Rafinha. O capitão de 39 anos tem contrato só até dezembro, mas avalia a possibilidade de renovar por, no mínimo, mais seis meses em 2025.

 

ge: São 39 jogos nesta temporada, um ano bem diferente de 2023, quando você só conseguiu entrar em campo duas vezes por conta das lesões. Como foi esse período de retomada?

Igor: – Ano passado foi atípico para mim, fiquei tratando uma pubalgia, uma lesão crônica. Foi um momento difícil, tinham algumas dúvidas no processo de recuperação, mas eu sabia que meu corpo ia estabilizar. Não foi um período fácil, minha família e amigos ajudaram bastante e tive o apoio do clube, da equipe médica, de todos. Neste ano, vim bem para a pré-temporada, e queria retomar o alto nível, não sentir dores, e isso eu consegui. Sabia que teria altos e baixos, mas queria uma temporada consistente. No geral, foi um ano muito bom para mim, tive destaque em alguns jogos, estou feliz.

– E passei um período grande sozinho (como lateral). O Rafinha teve a lesão, e acabou que tive uma sobrecarga muscular em agosto, o que é até normal para quem jogou muitas partidas consecutivas. Mas fisicamente foi bom para mim, tive poucas lesões. No geral, foi muito bom.

Restam oito jogos na temporada. O que ainda dá para buscar?

– O ano ainda não acabou. Tenho como objetivo dar mais assistências e quero terminar o ano com um gol. E temos o objetivo da equipe que é conseguir a vaga direta na Libertadores. Vamos trabalhar.

Seu contrato vai até o fim de 2025. Já foi iniciada alguma conversa sobre renovação? Você gostaria de renovar?

– Tenho um pouco mais de um ano de contrato, ainda não teve nenhum tipo de contato comigo ou com meu estafe. Mas acredito que vá surgir a conversa naturalmente, ainda temos objetivos neste ano. Eu estou no São Paulo, um grande clube, sou feliz aqui, gosto de morar na cidade, mas também não descarto uma ida ao exterior, é um sonho que eu tenho. Mas tem muita coisa para acontecer, sou feliz aqui e com certeza gostaria de ficar por mais tempo.

Hoje, você concorre por uma vaga no time com o Rafinha. E ele vive essa indefinição sobre a aposentadoria. Vocês têm conversado sobre a continuidade dele?

– Não batemos um papo ainda, tem essa opção ainda de ele ficar mais seis meses ou um ano. É um grande companheiro. Até brinco, se eu chegar aos 39 anos no nível que ele consegue jogar, seria muito bom. Mas tendo carreira no Brasil, é difícil chegar aos 39 bem como ele chegou. É um atleta que tem uma experiência, uma inteligência em campo, tem as virtudes dele, eu tenho as minhas. Mas é um cara que no dia a dia é sempre bom estar junto para aprender.

Hoje existe uma certa indefinição sobre a permanência do Zubeldía para 2025. Você, como atleta, se pudesse destacar algo positivo do trabalho dele, o que falaria para o torcedor do Tricolor?

– Ele é um cara muito justo. Eu cresci muito com ele na lateral, ele me passou coisas que eu absorvi. Eu era um atleta que gostava de definir muito rápido as jogadas, com muita força e tal. Logo que ele chegou, já me deu uma brecada. Com vídeos, disse que sabia da minha força, que eu gostava de ir para o ataque, mas que precisava de mim também num meio termo, no equilíbrio, entre um atleta para defender e atacar. Junto do estafe dele, cresci muito. A minha consistência foi por causa deles.

Qual a sua avaliação do trabalho dele?

– Foi uma temporada muito boa para a gente. Obviamente que saímos das Copas. Mas foi para o Atlético-MG, agora um finalista, na Copa do Brasil, e para o Botafogo, um possível finalista, na Libertadores. E tudo no detalhe, não foi nenhum absurdo. E no Brasileirão temos o melhor aproveitamento dos últimos anos. O trabalho é muito bom. Se ele ficar, para mim seria muito bom, já me conhece, tem a confiança de todos do elenco, confia em mim. Agora que voltei desta sobrecarga, ele conversou comigo, disse que meu momento ia chegar novamente. Goste e aprendi muito com ele.

 

Fonte: Globo Esporte

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