Multa de 40% do valor do salário mais sugestão de tratamento psiquiátrico. Assim reagiu a diretoria ao cartão vermelho recebido por Luis Fabiano em abril de 2001, diante do União São João, o primeiro dos 12 acumulados até hoje no São Paulo. Então aos 20 anos, o atacante foi expulso pouco depois do volante Alexandre e contribuiu com a derrota de virada por 4 a 3.
“Não é o caso de contratarmos um psicólogo. Isso é caso de psiquiatra. Por lei, nós só podemos multar o jogador em até 40% de seu salário. Senão, o valor seria até mais alto. É pouco pelo que eles fizeram. O jogo estava na nossa mão”, irritou-se o diretor de futebol, José Dias, conforme A Gazeta Esportiva.
Realmente, antes de Alexandre chutar um adversário no chão e Luis Fabiano empurrar outro jogador na frente de um dos dois árbitros – inovação da Federação Paulista de Futebol (FPF) que não vingaria –, o São Paulo vencia a etapa inicial em Araras tranquilamente, por dois gols de diferença. Com dois homens a menos, a equipe sofreu a virada no retorno do intervalo e caiu para o segundo lugar do Campeonato Paulista.
Ao contrário do técnico Oswaldo Alvarez (o Vadão), que preferiu não opinar sobre o assunto, Rogério Ceni endossou as críticas do dirigente. “Existem expulsões que são necessárias. Essas não foram”, analisou ogoleiro e já capitão na época.
Algumas das oito expulsões anteriores naquela temporada igualmente haviam sido desnecessárias. Sim, nos primeiros quatro meses de 2001, o elenco já somava dez cartões vermelhos, incluindo Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Torneio Rio-São Paulo: além de Luis Fabiano e Alexandre, foram expulsos Wilson, Rogério Pinheiro, Gustavo Nery, França, Fabiano, Reginaldo, Oliveira e Jean.
Foram os primeiros meses sem o trabalho de Suzy Fleury, psicóloga que não teve o contrato renovado porque fazia parte da comissão técnica de Levir Culpi, demitido no ano anterior – Vadão até indicou o profissional João Serapião, porém o pedido foi negado, como forma de conter gastos. Entrevistada em meio à onda de expulsões, ela questionou José Dias.
“Só lembram do psicólogo quando o time está ruim. Aí, o clube começa a correr desesperadamente atrás de um psicólogo, mas não existe mais tempo para fazer um bom trabalho”, disse Fleury.
Fonte: Gazeta Esportiva