Crise no SP não é secreta, porque paredes do Morumbi ouvem e falam

Tancredo Neves era um político astuto e costumava dizer que não existe segredo entre dois homens. “Se você, o dono do segredo, não consegue guardá-lo e quer contá-lo a mim, como pode pedir-me para não o espalhar?” A pergunta guardava mistérios da política. O interlocutor queria fazer a revelação a Tancredo justamente porque sabia que o ex-presidente espalharia da maneira certa e coerente e levaria com ele sua credibilidade.

No São Paulo, as paredes têm ouvidos e boca, porque os números e as teorias se espalham em reuniões de grupos políticos que, por vezes, têm quarenta homens juntos, incapazes de guardar a língua dentro da boca.

As informações não saem do Centro de Treinamento da Barra Funda, onde há gente leal ao presidente. Escapam pelos corredores do Morumbi, onde foram debatidos dados do fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) criado pelo presidente Julio Casares com as gestoras de investimentos Galápagos e Outfield.

Não há segredos entre três partes. Ainda mais entre vinte conselheiros ou dois grupos de investidores.

A crise política do São Paulo ganhou relevância depois da divulgação, pelo Finanças do Esporte, de que há divergências entre o que o futebol gasta, quanto terá de gastar e os limites impostos pelo fundo. Sem sair do Centro de Treinamento, só para respirar, sem viagens e hospedagens, o departamento exige R$ 340 milhões. O teto de gastos é de R$ 350 milhões. Então, as paredes do Morumbi que têm ouvidos e boca, contam que há divergências, porque o time de futebol não pode deixar de ser competitivo.

Ou diminuirá o dinheiro que entra de bilheteria, em torno de R$ 110 milhões em 2024, média de público recorde em 94 anos do São Paulo Futebol Clube.

No Finanças do Esporte, no Canal Uol, não se disse que Julio Casares deseja asfixiar o departamento de futebol, para justificar a criação de uma SAF e se tornar CEO dela. O que se disse foi que, nos corredores do Morumbi, e não no Centro de Treinamento da Barra Funda, comenta-se que isto poderá acontecer.

O próprio presidente sabe com quais conselheiros, grupos políticos e investidores conversou. Não existe segredo entre três pessoas. Tancredo sabia por que queriam contar justamente a ele as histórias sigilosas que não conseguiam guardar. Quando a confidência fosse espalhada por ele, Tancredo, todos saberiam que era verdade. Não havia motivo para duvidar de sua integridade.

É o caso do Canal Uol.

Os grupos de conselheiros dentro do Morumbi sabem muito bem disso.

 

Fonte: Paulo Vinicius Coelho – Uol

Nota do PP: que texto sensacional, quantas verdades contidas em seu interior. Pobre São Paulo.

Um comentário em “Crise no SP não é secreta, porque paredes do Morumbi ouvem e falam

  1. O muro da Av. Jules Rimet vai se transformar, dentro em breve, no “Muro das Lamentações”… Tem gente que escolheu o lado errado e agora está se lamentando das intercorrências. Enquanto isso os frequentadores das casas em frente ao portão 4 continuam fazendo espuma…

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