O estádio. O uniforme. Os ídolos. O escudo. São muitos os símbolos que embandeiram a paixão do torcedor de futebol. Elementos que compõem um altar de culto próprio, uma religião que respeita pragmatismos e tradições.
Por isso a história de uma instituição é algo tão importante. E a do Colón de Santa Fe é rica em boas anedotas.
Um grupo de amigos que se reunia para jogar futebol em um terreno baldio tem a ideia de formar um clube. Eles ainda não sabem como batizá-lo, e uma decisão de tamanha importância precisa ser tomada na presença de todos. Quando passam pela casa do último garoto que falta para dar andamento a essa assembleia extraordinária, a mãe do dito cujo informa que ele não poderá sair porque estudava sobre as viagens de Cristóbal Colón, o nosso popularmente conhecido Cristóvão Colombo.
Pronto. Ali, graças à negativa de uma mãe preocupada com o rendimento escolar do filho, nascia, naquela tarde de maio de 1905, o Colón Foot-Ball Club. A sugestão dada no improviso foi aceita por todos do grupo. Mas logo eles teriam um problema mais sério para resolver. Porque de todo fanatismo que compreende o torcedor, as cores são o bem mais sagrado que ele possui. E os garotos do Colón escolheram o preto e vermelho de um barco ancorado no horizonte próximo ao campinho de sempre.
Encomendaram camisetas em uma loja na cidade de Rosario, só que a entrega chegou errada. Ao invés do preto e vermelho detalhado no pedido, a loja, quiçá já influenciada pela vestimenta do Newell´s – esta é a primeira, mas não única vez que a Lepra aparecerá neste texto –, enviou as camisetas em vermelho e preto. Ou seja, na ordem trocada.
Os garotos decidiram aceitar o uniforme do mesmo jeito e passaram a disputar clássicos contra os bairros vizinhos. Mas, como no famoso meme de um Homem-Aranha que aponta para outro Homem-Aranha, eles descobriram que havia um outro time na cidade utilizando as mesmas cores. E exatamente na mesma disposição. A vida do Colón começou complicada desde sempre.
Indignados, e também investidos de uma confiança avassaladora, lançaram o desafio: um jogo e quem vencer mantém as cores, o derrotado deverá escolher outra combinação. Foi assim, no amadorismo e no suor de seus jovens fundadores, que o Colón de Santa Fe garantiu o vermelho e preto inconfundível… Bom, inconfundível não.
O Newell´s – eis aqui a segunda vez – também mantém o “rojo y negro” como emblema. Circulam versões de que este jogo-desafio teria sido contra o próprio Newell´s, quem depois teria se recusado a cumprir com o pactuado. Porém, não há nada que comprove essa tese. Até porque, com dois anos de fundação e contando apenas com meninos, fica difícil imaginar que uma partida assim tenha sido combinada contra um time mais antigo e de uma cidade 150 quilômetros distante.
De volta à camiseta, ela se tornou algo tão sagrado para a torcida “sabalera” que em 1981, quando o rebaixamento era iminente e chegaria em questão de minutos no jogo contra o Boca Juniors de Maradona (futuro campeão daquele campeonato), o presidente do clube ordenou que o segundo tempo fosse disputado com uma camiseta listrada em azul e branco, parecida à da seleção argentina. O Colón não podia ser rebaixado com o vermelho e preto conquistado por seus garotos.
Pra quem gosta de “terceiros uniformes”, o ultimo paragrafo é uma licao.