Um time repleto de estrelas. No gol, o capitão Rogério Ceni faz de tudo para se despedir dos gramados com um título. Na frente, o quarteto formado por Kaká, Paulo Henrique Ganso, Alexandre Pato e Alan Kardec tem dado muitas alegrias à torcida. Recuperado de lesão, Luis Fabiano volta para se integrar aos galácticos do Morumbi. Em meio a tantas estrelas, um baixinho de 1,68m e apenas 18 anos, desconhecido do grande público, assumiu a lateral direita e tem impressionado o técnico Muricy Ramalho e chamado a atenção de times europeus.
Auro Alvaro da Cruz Júnior precisou de apenas três partidas para cair nas graças do torcedor. Sempre presente nas convocações das seleções brasileiras de base, ele ganhou uma chance com a venda de Douglas para o Barcelona e a lesão sofrida por Paulo Miranda, que vinha atuando na posição, na partida contra o Sport. O seu desempenho foi tão bom que Muricy Ramalho já avisou:
– Quando voltar, o Paulo vai ter de esperar.
Natural de Jaú, o defensor ainda se mostra tímido, bem diferente do comportamento ousado que demonstra em campo. Com fala lenta e baixa, Auro fica acanhado ao comentar sobre seu bom momento. O jogador é empresariado por André Cury, representante do Barcelona no Brasil, que será chamado nos próximos dias para iniciar conversas para um novo contrato. O vínculo atual termina em janeiro de 2016, e Auro tem vencimentos baixos, ainda como jogador da base. Neste ano, a convite de seu empresário, o garoto foi conhecer as instalações do clube catalão, tirou foto com Messi e com seu ídolo Daniel Alves, mas deixa claro.
– Foi apenas uma viagem para conhecer. Meu foco está no São Paulo.
Confira a entrevista abaixo.
GloboEsporte.com – Como você está encarando todas as mudanças que ocorreram na sua vida nas últimas duas semanas?
AURO – Na verdade, mudou desde o dia que vim para o profissional. Tinha disputado a Copinha e, em março, me avisaram que seria observado na Barra Funda. Só que sabia que, se não fosse bem, iria voltar para a base. Trabalhei forte porque sabia o que aquela chance representava. Desde então estou aqui. Desde lá, mudou minha rotina, mudaram meus objetivos, mas continuou o mesmo Auro, com os pés no chão.
Como foi a estreia como profissional do São Paulo? (ocorrida na partida contra o Sport, no Morumbi).
Desde que subi para o profissional, procuro treinar forte para estar preparado. Naquele jogo, quando o Paulo machucou, o Muricy avisou que eu e Luis Ricardo deveríamos fazer o aquecimento. Depois, ele me chamou e procurou passar tranquilidade. Disse para mostrar o que vinha fazendo nos treinamentos porque ele não tinha dúvida da minha capacidade. Felizmente, tudo deu certo e pude ajudar a equipe.
Você hoje é companheiro de caras consagrados no futebol, como Rogério Ceni, Kaká, Paulo Henrique Ganso, entre outros. Isso te ajuda ou você se sente pressionado?
Sem dúvida nenhuma, traz mais tranquilidade. Há tempos, só via esses caras pela televisão. O Ganso jogando ao lado do Neymar, o Pato e o Kaká estavam na Europa, o Rogério e tudo que ele representa para o São Paulo. Isso só me fortalece. Eles me ajudam bastante, todos me passam confiança, dão muitos conselhos. Isso é importante para eu continuar trilhando meu caminho com humildade, estou apenas começando no futebol.
Como você começou no futebol?
Sou natural de Jaú e, desde criança, só pensava em jogar futebol. Comecei a jogar bola na escolinha da cidade e o treinador avisou que eu tinha potencial para ser jogador e atuar por um grande clube. Ele ligou para o Geraldo (ex-diretor da base em Cotia) e fui chamado para um teste. Ficava uma semana e voltava para casa. Essa rotina durou quase um ano e meio, mas eu não desisti porque sabia que poderia ter sucesso. Felizmente, aos 14 anos acabei aprovado e fui morar em Cotia.
Imagino que o jogo do último domingo, contra o Cruzeiro, deve ter sido especial para você, afinal foi o primeiro jogo com estádio lotado.
Chegar e ver toda aquela festa é algo inexplicável. Quando comecei os testes no São Paulo, ficava no estádio do Morumbi. Subi na arquibancada com a minha mãe e disse: “Mãe, vou batalhar muito pelo nosso sonho. Um dia vou jogar aqui como profissional com o estádio lotado”. No domingo, quando estávamos descendo a ladeira que dá acesso ao estádio, comecei a filmar. Comentei com o Ewandro (atacante também revelado na base) que a festa era impressionante. Vou guardar esse vídeo com todo o carinho.
Você tem contrato com o São Paulo até quando?
Janeiro de 2016.
(Foto: Arquivo pessoal)
E como surgiu a visita que você fez ao Barcelona?
Meu empresário, André Cury, é representante do clube. Eu estava de férias após a Copinha e ele me convidou. Tive o privilégio de conhecer a estrutura do clube, além de ver meu ídolo, o Daniel Alves. Tirei foto com ele, com Neymar. Foi algo marcante, mas posso garantir que meu foco está no São Paulo.
E na seleção brasileira?
A primeira chance veio no Sul-Americano sub-17 com o Gallo. Eu nem estava convocado. A seleção estava treinando em Cotia, e o Foguete (companheiro no São Paulo) e o Jefferson (Ponte Preta) haviam sido chamados. Só que, dias antes da competição, o Foguete machucou. Me chamaram e falaram que o Gallo iria me observar por dois dias. Graças a Deus, tudo deu certo e já fui para o torneio como titular.
Como você se policia para não deixar o “salto alto” atrapalhar?
Não mudei em nada. Meu empresário me chama para comer após todos os jogos e discutimos o que posso melhorar. Meus pais fazem o mesmo por telefone. Além do mais, eu tenho uma cabeça formada. Estou fora de casa há cinco anos e já deu para saber o que é certo e o que é errado. Tenho grandes amigos aqui, casos do Ewandro e do Boschilia, mas o São Paulo é como um grande time, todos trabalham na mesma direção. Quem entra, é cobrado, mas tem todas as condições para desempenhar o seu melhor.
No futebol moderno, não é normal ter um lateral tão baixinho. Como faz para compensar?
Virei lateral em Cotia. Sempre joguei como meia e também posso atuar como volante. Tenho 1,67m e sei que, pelo alto, vou perder todas. Trabalho muito a parte física porque sei que posso levar vantagem na velocidade e na habilidade.
Você é um cara muito tímido. Esse novo mundo ainda te assusta?
Sou tímido mesmo. É da minha personalidade. Nas saídas dos jogos, ainda é estranho ver todas aquelas câmeras. Com os meus amigos, sou diferente, fico bem mais à vontade.
Fonte: Globo Esporte
Esse moleque tem jogado muito e merece o lugar onde está,espero que continue assim,será jogador de seleção brasileira,mas antes disso,tem q se dedicar e mostrar o trabalho que vem mostrando no SPFC,boa sorte e AVANTE MEU TRICOLOR!!!