Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, 25 de abril de 2016 ficará marcadona história do São Paulo como o dia em que o Conselho Deliberativo resgatou sua imagem perante o torcedor e o sócio do clube. Ao expulsar de seus quadros o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, de nefasta administração, e o ex-vice-presidente de Futebol, atual diretor de Relações Institucionais, Ataíde Gil Guerreiro, mostrou que a depuração dos maus são-paulinos começou a ser feita.
Cabem, aqui, algumas considerações individuais desta noite de segunda-feira, pois no todo, como disse acima, aquele que ama o São Paulo acima de qualquer interesse político ou financeiro, saiu vitorioso. Como eu disse ontem, comentando com alguns amigos, foi uma goleada a nosso favor fora de campo.
Não poucas vezes critiquei Marcelo Pupo, presidente do Conselho Deliberativo. Por atos e palavras que li aqui e acolá, me dava a impressão de ter criado uma Comissão Disciplinar com o objetivo claro de jogar tudo para baixo do tapete. Erro meu de avaliação. Na sessão desta segunda-feira ele conduziu com firmeza e maestria a reunião. Quando Antonio Cláudio Mariz de Oliveira pediu a palavra e defendeu descaradamente Aidar e Ataíde, pedindo, antes que o parecer final fosse apresentado, o arquivamento de tudo e uma simples advertência aos dois, Pupo foi firme e recusou a manobra. Depois foi a vez de Tércio Molica pedir a possibilidade de mudar o parecer e votar por uma suspensão, e não expulsão. Também foi rejeitado. Marcelo Pupo cumpriu o regimento, que previa voto SIM ou NÃO para a expulsão de cada um deles.
Também critiquei muito durante as últimas semanas o presidente da Comissão Disciplinar, José Roberto Ópice Blum. Se por um lado ele fez o que deveria ser feito, com as indicações de expulsão de Aidar e Ataíde, na justificativa do parecer deixou claro que foi obrigado, quase que constrangido, a pedir a pena máxima para Aidar, pois não lhe restava outra alternativa; e para Ataíde carregou no relatório, chegando a chamá-lo de homicida. A este, portanto, não retiro as críticas que fiz ao longo do tempo.
Durante toda a sessão foi crescendo em mim, pelas informações que chegavam, que Aidar seria expulso e Ataíde absolvido. Menos mau que não foi esse o resultado final.
Um parágrafo para falar do grupo de Eduardo Alfano (16 conselheiros), que esteve com Aidar até os últimos dias de sua gestão e que pelas informações que recebi votaria pela absolvição do ex-presidente. Fui procurado por Alfano e outros cinco anciãos, digo, conselheiros, me cobrando com veemência mudança no que citei no editorial. Eu nunca disse que o grupo havia fechado questão, mas falei em tendência. Fiz uma nota no mesmo instante relatando a mudada de posição, mas quando perguntei qual seria o voto daqueles seis, me disseram que o voto era secreto. Portanto me permitem imaginar que votaram com Aidar. Outros três integrantes deste grupo me procuraram mais tarde para afirmar que votaram na expulsão. Ótimo. Estou deixando isso claro aqui. Em relação ao primeiro grupo, fui ofendido em determinado momento. Poderia ter registrado alguma reclamação. Mas naquele momento éramos eu e eles seis. Portanto, minha testemunha seria eu mesmo. Chance de alguma coisa? Zero. Para concluir, me pareceram pessoas – as seis primeiras – que estão mais preocupados com o futuro político do que com a instituição. O tempo dirá se eu tenho razão.
Aidar e Ataíde foram expulsos do Conselho, mas não do clube. Isso quer dizer que eles seguem sócios do São Paulo. Isso quer dizer que amanhã posso cruzar com eles, principalmente Aidar, nas alamedas do clube, o que seria tedioso para mim. Fiquei sabendo que a Comissão Disciplinar do São Paulo marcou uma reunião para esta semana para avaliar o parecer votado e aprovado pelo Conselho e poderá tomar a mesma atitude, expulsando os dois da nossa sociedade. Se for necessário algum sócio fazer o requerimento para que isso aconteça, estou à disposição para isso. Ou melhor: o farei.
Fica, agora, o rojão nas mãos do presidente Carlos Augusto Barros e Silva. Ataíde Gil Guerreiro é o diretor de Relações Institucionais, e por ser sócio do clube, poderia continuar cumprindo a função. Mas uma administração que tenta se mostrar transparente – e tem feito isso, de fato – pode manter na diretoria uma pessoa que foi expulsa do Conselho? Ou Leco o tira da diretoria, ou começa a manchar a imagem de sua administração.
Mas a depuração não para por aí. Liquidado o caso Aidar/Ataíde, agora é hora da Comissão Disciplinar ir a fundo na investigação do contrato com a Under Armour, onde aparece a Far East e o tal Jack Banafshesa . Só quero lembrar que, em determinado ponto da gravação feita por Ataíde, Aidar diz que “o Jack é o Douglas, o Douglas é o Jack”. Assinaram aquele contrato, além de Carlos Miguel Aidar, Douglas Shwartzmann, Júlio Casares e Osvaldo Vieira de Abreu. A desistência do Jack para a comissão de R$ 18 milhões é, no mínimo, para ser crível por quem coloca a botinha na chaminé em 25 de dezembro. Todos estes devem ser investigados pela Comissão Disciplinar. Aliás, sobre Douglas Shwartzmann, outras acusações existem. Na mesma gravação, Aidar fala que o “Douglas está louco, pede comissão para tudo”. Portanto a limpeza de nossos quadros tem que continuar. Espero para já uma resposta da Comissão Disciplinar nesse sentido.
Termino dizendo que valeu a pena o trabalho de ontem, na transmissão em tempo real que fizemos pelas nossas redes sociais (Twitter e Facebook), informando que em determinado momento, existiam 157 mil pessoas online acompanhando a sessão. Me permito comemorar a expulsão de Carlos Miguel Aidar, principalmente, como uma vitória do Tricolornaweb. Quando passei a receber as informações e denunciar tudo o que estava acontecendo em sua gestão, tomei quase como uma coisa pessoal e virou questão de honra limpar do São Paulo pessoa tão lesiva ao clube.