Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, chegamos, de novo, num dia triste, mas que pode se transformar em alegre para o são-paulino. Triste porque, de novo, estão tentando dar um golpe no estatuto. Alegre porque o NÃO pode ganhar e, assim como em janeiro, quando poucos acreditavam, saímos vitoriosos.
Mas creio ter que explicar as razões da minha defesa enfática do NÃO e de minhas afirmativas de se tratar de um golpe.
Imaginemos que neste sábado, enquanto os sócios votam o NÃO no São Paulo, a Conmebol reúna seus dirigentes e emita uma decisão, dando conta que o campeão da Sul-Americana deste ano, em jogo que será disputado no próximo sábado, não terá acesso à Libertadores do próximo ano. Certamente Júlio Casares, Olten Ayres de Abreu e toda a coletividade são-paulina gritarão: é golpe!
Imaginemos, por exemplo, que a CBF decida que quem está em décimo-terceiro lugar nesta rodada do Brasileiro vai receber uma punição por conta dos maus resultados e perderá 20 pontos. Naturalmente Júlio Casares, Olten Ayres de Abreu e toda a coletividade são-paulina gritarão: é golpe!
Imaginem se o Congresso Nacional se reunir terça-feira que vem e decidir que não existe mais reeleição no País, já a partir deste ano. Todos os brasileiros vão dizer: é golpe!
Percebam, portanto, que não se trata de ser contra Júlio Casares ou Olten Ayres de Abreu. Se trata de ser contra a mudança arbitrária e estapafúrdia em algo que rege o clube, ao bel prazer dos seus interessados diretos.
Alguns juristas, mesmo da oposição do São Paulo, tem falado comigo e seguido a opinião de alguns leitores, dando conta de que a palavra golpe não poderia ser utilizada, pois houve aprovação da proposta por parte do Conselho Deliberativo e vai passar pelo crivo dos sócios. Não mudo minha opinião, pois qualquer mudança das regras do jogo com o campeonato em andamento não deixa de ser golpe. Ou Júlio Casares aceitaria as hipóteses acima com naturalidade?
Preciso deixar claro, também, que não sou contrário à reeleição. Aliás, antes que me chamem de incoerente, quero salientar que fui contra a reeleição na formulação deste estatuto, porque entendia, na época, que a reeleição deveria existir, desde que fosse permitido o voto direto, dos sócios patrimoniais e torcedores. Como fui chamado de maluco por defender voto direto, passei a defender o fim da reeleição.
E anda hoje digo: mudem o estatuto, mas para permitir os votos do sócio patrimonial e do sócio torcedor, e passo a defender o sim neste sábado. Ou aprovem a reeleição apenas a partir de 2026, ainda que sem os votos dos sócios. Será menos ruim do que fazer isso para os atuais mandatários.
E sabem por que mais? Porque Júlio Casares esconde, mas está amparado por Carlos Miguel Aidar, aquele nefasto ex-presidente. O mesmo que foi o mentor jurídico do golpe dado por Juvenal Juvêncio, que o permitiu ficar oito anos no poder. Lembram-se? Juvenal também rasgou o estatuto, tinha ficado dois anos, teria direito a mais dois, deu o golpe, passou para três anos o mandato, usou a interpretação de CMA de que seria seu primeiro mandato no novo estatuto e ele teve mais três anos.
Agora Júlio Casares fará a mesma coisa, por mais que ele desconverse hoje. Vai ficar esses três anos, mais três e, certamente, mais três. Porque quanto mais o dirigente fica no cargo, mas ele consegue angariar votos no Conselho Deliberativo, com a distribuição farta de carteirinhas.
O resultado da perenidade de Juvenal Juvêncio nós conhecemos. O São Paulo se afundou em dívidas e perambulou nas proximidades do Z4. O resultado dessa nova eternização do poder pode ser a falência total do clube e sua inclusão na série B. Afinal, o que nos resta este ano é comemorar o título da Série B da Libertadores.
Portanto, o voto é NÃO neste sábado. É o NÃO contra o golpe, contra a perpetuação no poder.
A mudança no estatuto é uma violênia contra a Ética. Presidente Jair Casares só explicita uma certa aversão à democracia ao querer mudar as regras do jogo com ele em andamento. Por que votou contra a reeleição no passado e, agora, que lhe favorece, mudou de opinião? Se aprovada, ela só deveria valer após o próximo pleito.
Até o momento, os grandes méritos da atual gestão são legados do Leco. Foi o último presidente quem montou o time campeão do paulista, assim como quem vendeu o Antony. Lembrando que sem o dinheiro que entrou devido às compras de Antony e Casemiro, não teríamos superávit.
Casares prometeu investidores e … não trouxe ninguém. Tampouco a verba advinda dos patrocínios do São Paulo parece se aproximar da dos rivais; porque, se assim fosse, os números já teriam sido divulgados a tempos.
Sendo assim, no meu entender, a gestão atual faz uma administração muito aquém da grandeza do clube, somente um pouco melhor que a passada e, portanto, não é digna de requerer um continuísmo.
NÃO!!!!!
Belos montes….