História

São Paulo Futebol Clube foi fundado em 25 de janeiro de 1930 e hoje comemora 87 anos de existência. O clube nasceu da união de dissidentes do Club Athlético Paulistano e da Associação Athlética das Palmeiras, tendo a ata de fundação assinada na madrugada do dia 26 daquele mês devido ao tardar da reunião e confecção dos estatutos.

Como o novo estatuto do Tricolor diz, no Capítulo I, Artigo 1º: “O São Paulo Futebol Clube (“SPFC”), fundado na cidade de São Paulo em 25 de janeiro de 1930, tendo temporariamente suspendido e retomado suas atividades no ano de 1935, é uma associação de prática desportiva…“. Não havendo, então, qualquer questão sobre o dia em que O Mais Querido foi fundado.

Conheça, então, um pouco mais sobre o processo de criação do São Paulo Futebol Clube:

  • OS FUNDADORES

O Paulistano nasceu na Rotisserie Sportsman (Rua São Bento, nº 61), em 29 de dezembro de 1900. Pouco mais de um ano depois, em 1902, já era vice-campeão do primeiro Campeonato Paulista da História. Ao todo, o Paulistano conquistou 11 Títulos Paulistas, sendo quatro consecutivos (1916-1919).

Grandes nomes jogaram pelo alvirrubro paulistano. Estrelas como Rubens Salles, Mário Andrada, Filó, Araken Patusca e, principalmente, Arthur Friedenreich (El Tigre e Araken defenderam o Tricolor).

Fundada em 9 de novembro de 1902 e sediada inicialmente na Av. Angélica, a AA das Palmeiras sempre possuiu forte vínculo com o Paulistano. A afinidade entre os dois times surgiu ainda nas primeiras partidas disputadas entre si, quando o time principal das Palmeiras enfrentava o segundo quadro (time B) do Paulistano. Com o prestígio gerado por esses encontros, o time foi admitido na Liga Paulista em 1904, onde se tornaria, futuramente, tricampeão.

Também em 1904, o clube mudou-se para a Chácara da Floresta, onde construiu o famoso campo. Em 1916, o CA Paulistano doou as arquibancadas do antigo estádio Velódromo. Rapidamente a Floresta se tornou um grande pólo esportivo da Cidade de São Paulo.

A união dos dissidentes dos CA Paulistano (o clube existe até hoje) com AA Palmeiras resultou no nascimento de um clube de ponta e de berço. Gigante. Detentor, por assim dizer, de 14 títulos paulistas – praticamente a metade do que havia sido disputado até então -, e herdeiro de grandes craques do futebol e de uma bela sede esportiva, na Floresta.

  • A ÁRVORE GENEALÓGICA

genealogia

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  • O NASCIMENTO DO TRICOLOR

O ponto crucial da história que levou à origem do São Paulo foi a desistência do Paulistano em praticar o futebol e o fim da Liga dos Amadores de Futebol – LAF -, entidade basicamente capitaneada pelo clube do Jardim América e da qual também fazia parte a AA das Palmeiras, em 8 de janeiro de 1930.

Muitos filiados alvirrubros descontentes com tais decisões passaram o mês de janeiro a arregimentar outros adeptos às tradições e glórias do maior campeão paulista da era amadora para o nascimento de uma nova associação esportiva na cidade. Dias antes da fundação, em 25 de janeiro, já era previsto, debatido e praticamente acertada a elaboração dessa nova entidade.

Prova de que a movimentação pela união dos clubes começou cedo, provavelmente ainda no fim de 1929, quando o Paulistano ameaçava deixar o futebol, está no anúncio publicado pela AA das Palmeiras em vários jornais da capital no dia 10 de janeiro, logo após o fim da LAF, sobre a reforma do gramado da Chácara da Floresta e a suspensão dos treinos dos jogadores. É sabido que o clube não dispunha, sozinho, de recursos para tal empreendimento e essa obra já estava nos planos dos dirigentes que fundariam o Tricolor.

Uma das primeiras passagens na imprensa acerca da criação do novo clube ocorreu no jornal “Folha da Manhã“, na coluna “Pão de Moloch“, no dia 21 de janeiro. Nela foi dito que o nome da nova equipe seria Esporte Clube Paulistano. Já o impresso “Diário Nacional“, de 23 de janeiro, apostava em Paulistano Atlético Clube, indicando, também, que os grandes craques do antigo clube, como Friedenreich, atuariam no futuro time, o que de fato aconteceria.

Este mesmo jornal noticiou, no dia 24 de janeiro, como fundado o São Paulo Futebol Clube. Foi o primeiro órgão a fazê-lo, curiosamente, antes de verdadeiramente fundado ter sido. Acontece que no dia 23 de janeiro, quinta-feira, ocorreu a reunião prévia entre os desportistas de ambos os clubes citados, inicialmente contando também com sócios da Associação Athlética São Bento que, posteriormente, não aceitou fazer parte do acordo de fundação porque seu associado de mais renome, Lauro Gomes, foi substituído por Luís Oliveira de Barros no posto de secretário geral da futura nova entidade.

Poucos sabem, mas não fosse pelo motivo acima citado, possivelmente não haveria Tricolor, pois o clube teria mais uma cor em seus símbolos, sendo representado, assim, pelo preto, branco, vermelho e… azul celeste.

Nesta reunião prévia ficou decidido o nome do clube – assim escolhido pelo ideal de representar a cidade e o estado, como também por causa da proximidade do aniversário da cidade de São Paulo -, o corpo diretor e os integrantes do Conselho Deliberativo. Mas os estatutos e acertos finais ficaram para o sábado, 25, propositalmente no citado aniversário.

Outro ponto importante decidido foi a convocação do Conselho Consultivo da AA das Palmeiras para às 17h daquele mesmo sábado. Lá aprovariam a união daquele clube com os dissidentes do Paulistano e, por assim dizer, o “rebatismo” da associação – Como o jornal “Folha da Noite“, na coluna “Notas e Notinhas” anunciou no dia 31 de janeiro, para a APEA, a federação organizadora do futebol no Estado de São Paulo, o São Paulo Futebol Clube nada mais era que a Associação Athlética das Palmeiras sob nova nomenclatura, ocupando o mesmo registro.

O “Relatório da Directoria da Associação Paulista de Esportes Athletico Relativo ao Anno de 1930“, único documento oficial que existe sobre esse ponto, deixa isso claro quando na página 31 do livro, no capítulo “Clubes que mudaram de nome”, em seu item terceiro, diz: “Associação Athletica Palmeiras, que ficou sendo o São Paulo Futebol Clube”.

(Contudo, o Tricolor não pode ser considerado a continuação direta da AA das Palmeiras justamente porque sócios do clube alvinegro, descontentes com a fusão, refundaram o clube, que chegou até mesmo a disputar o Campeonato Paulista Amador da FPFA, do mesmo modo que associados e simpatizantes do São Paulo refundaram o clube em 1935).

Assim, às 14 horas do dia 25 de janeiro, na Praça da República, nº 28 (em propriedade quase na esquina da Avenida São Luís com a Avenida Ipiranga e que, dois anos depois, veria eclodir ali, na praça, a Revolução Constitucionalista de 1932), começou a assembleia de fundação que, como se sabe, tardou a ser finalizada devido a produção do estatuto do clube e pelo andar da reunião do Conselho Consultivo da AA das Palmeiras, realizada na Chácara da Floresta. Já na madrugada, com tudo aprovado, foi lavrada a ata de fundação do São Paulo Futebol Clube, abaixo transcrita na linguagem da época. 

  • ATA DE FUNDAÇÃO DO SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE

Aos vinte e seis dias do mês de janeiro de mil novecentos e trinta, nesta cidade, à Praça da República nº 28, compareceram os abaixo-assignados, sócios da Associação Athletica das Palmeiras e do Clube Athletico Paulistano, para o fim especial de fundarem um novo clube que representasse condignamente a Cidade de São Paulo em competições esportivas.

A convite dos presentes, assumiu a presidência da assembléia o Sr. João Oliveira de Barros, que convidou para secretário o Sr. Luis F. Amaral.

Em seguida, passou-se a leitura dos estatutos, que vão adiante transcriptos e que, depois de discutidos, foram unanimemente aprovados.

Procedeu-se à eleição da primeira directoria, que, por proposta do Sr. Firmiano de Moraes Pinto Filho, foi acclamada com os seguintes nomes:

  • Presidente: Dr. Edgard de Souza
  • 1º Vice-Presidente: Dr. Alberto Hugo de Oliveira Caldas
  • 2º Vice-Presidente: Dr. Gastão Rachou
  • 3º Vice-Presidente: Dr. Benedicto Montenegro
  • 1º Secretário: Dr. Luís Oliveira de Barros
  • 2º Secretário: Dr. José Martins Costa
  • 1º Thesoureiro: Dr. João B. da Cunha Bueno
  • 2º Thesoureiro: Dr. Caio Luís Pereira de Souza

Conselho Fiscal:

  • Dr. Samuel Toledo Filho
  • Dr. Névio Nogueira Barbosa
  • Dr. Raphael Salles Sampaio

Suplentes:

  • Dr. Gabriel de Rezende Filho
  • Dr. Caio da Silva Ramos
  • Dr. Plínio da Silva Prado

Por proposta do Sr. Clodoaldo Caldeira, foram, em seguida, acclamados para presidente e membros do Conselho Deliberativo os seguintes nomes:

  • Presidente: Dr. Júlio de Mesquita Filho

Membros:

  • Dr. Névio Nogueira Barbosa
  • Dr. Gastão Rachou
  • Dr. Alberto Hugo de Oliveira Caldas
  • Dr. Augusto de Castro Leite
  • Dr. Luiz Augusto Pereira de Queiroz
  • Dr. Marcello Paes de Barros
  • Dr. Luiz Marcondes de Moura
  • Dr. Leonel Benevides de Rezende
  • Dr. Ariosto Ferraz
  • Dr. Sergio Meira
  • Dr. Rubens de Moraes Salles
  • Dr. Arnaldo Alves da Motta
  • Dr. Manoel Carlos Aranha
  • Dr. Mário da Cunha Bueno
  • Dr. Luiz Fernando do Amaral
  • Dr. Firmiano de Moraes Pinto Filho
  • Dr. João Oliveira de Barros

O Sr. Presidente convidou a Directoria eleita a tomar posse de seus respectivos cargos.

Assumindo a presidência, o Sr. Dr. Edgard de Souza agradeceu em seu nome e no de seus companheiros de Directoria, a prova de confiança promettendo tudo fazer pelo engrandecimento da nova entidade esportiva.

Nada mais havendo a tratar, pelo Sr. Presidente foi encerrada a sessão, da qual eu, secretário, lavrei a presente acta, que vae assignada pelo Sr. Presidente, por mim, e demais presentes.

  • Edgard de Souza
  • Alberto Hugo de Oliveira Caldas
  • Gastão Rachou
  • Benedicto Montenegro
  • José Martins Costa
  • João B. da Cunha Bueno
  • Caio Luís Pereira de Souza
  • Samuel Toledo Filho
  • João Oliveira de Barros
  • Paulo Novaes de Barros
  • Clodoaldo Caldeira
  • Luiz Fernando do Amaral
  • Joaquim da Cunha Bueno Netto
  • Leonel Benevides Rezende
  • Augusto Portugal dos Santos
  • Duffles de Camargo Bueno
  • Paulo Machado de Carvalho
  • Arnaldo Alves da Motta
  • Névio Nogueira Barbosa
  • Augusto de Castro Leite
  • Mário da Cunha Bueno
  • Alcino Vieira de Carvalho
  • Luiz Marcondes de Moura
  • Marcello Paes de Barros

1930 E 1935: ENTENDA A HISTÓRIA DO TRICOLOR

O são-paulino mais jovem já deve ter se perguntado isso: “Mas quando é o aniversário do meu clube mesmo?” A dúvida é pertinente. O São Paulo Futebol Clube foi fundado em 25 de janeiro de 1930 e reorganizado, após desavenças políticas que haviam levado o clube a um breve encerramento, em 16 de dezembro de 1935.

O tema, dentro do próprio São Paulo, sempre foi ponto de forte discussão. Ao longo dos anos e com o passar das mudanças estatutárias é possível verificar isso. Aqui transcreveremos os artigos de cada mudança estatutária referente, deixando claro que as duas datas são de suma importância para o Tricolor e que o clube não pode abrir mão de nenhuma delas, pontuando-as como devem ser: fundação e reorganização.

Cada uma tem seu significado e valor histórico, resultado da ação de vários homens que batalharam pelo time o qual você torce hoje.

E este time é um só: O São Paulo Futebol Clube, que é o mesmo desde 1930. Nunca existiu um “São Paulo da Floresta” ou um “SPFCF”. Tal alcunha é de uso tardio, que surgiu em meados dos anos 70 e que se espalhou nos anos 90. O nome, o escudo, os uniformes, todos os símbolos são marcas indivisíveis do único São Paulo Futebol Clube.

Seguem assim, abaixo, as passagens e comentários:

  • Da Ata de Primeira Assembleia Geral do São Paulo Futebol Clube:

“Aos vinte e seis dias do mês de Janeiro de mil novecentos e trinta, nesta cidade, à Praça da República nº 28, compareceram os abaixo-assignados, sócios da Associação Athletica das Palmeiras e do Clube Athletico Paulistano, para o fim especial de fundarem um novo clube que representasse condignamente a Cidade de São Paulo em competições esportivas”.

Lembrando que é dito 26 de janeiro pois a reunião de fundação adentrou pela madrugada, tendo se iniciada no dia 25, às 14h.

  • Dos estatutos de 26 de janeiro de 1930, capítulo I, artigo 1º:

“O São Paulo Futebol Clube é uma instituição fundada pelos sócios aficcionados do esporte de futebol do Club Athletico Paulistano e pela Associação Athletica Palmeiras, destinada a proporcionar aos seus sócios a prática de todas as modalidades de esporte”.

  • Dos estatutos de 23 de julho de 1931, capítulo I – Dos seus fins, artigo 1º:

“O São Paulo Futebol Clube, fundado em 25 de janeiro de 1930, com sede e foro na Capital do Estado de São Paulo, é uma instituição destinada a proporcionar aos seus associados a prática dos esportes e será regida por estes estatutos”.

O documento de 1931 é o primeiro em que consta, claramente dita, uma data de fundação.

  • Da ata de refundação do clube de 16 de dezembro de 1935, parágrafo final

“… e prometteu que todos os membros da Directoria estavam dispostos a não medirem sacrifícios para que o pavilhão tricolor voltasse a tremular glorioso nos campos esportivos do Brasil, elevando cada vez mais o nome do São Paulo Futebol Clube, cognominado o esquadrão de aço”.

A própria ata de refundação do clube reconhece a proveniência e existência do São Paulo Futebol Clube como criado em 1930 quando diz “voltasse” e principalmente ao citar “esquadrão de aço”, apelido do time tricolor entre 1930 e 1935, devido aos craques do período, como Friedenreich.

  • Dos estatutos de 16 de dezembro de 1935, capítulo I – Da Sociedade e seus fins; artigo 1º, presente na ata de refundação:

“Com a denominação de “São Paulo Futebol Clube” e com sede e foro nesta Capital de São Paulo, fica fundada uma associação civil de fins esportivos que se regerá, doravante, pelos presentes estatutos”.

Ou seja, o primeiro estatuto após refundação não definia data do nascimento do clube. Claro, pois os refundadores, em esmagadora maioria, eram sócios do clube fundado em 1930 e somente não queriam deixar o clube se esvair e morrer. E seguiu-se, assim sem data de fundação, por algum tempo.

  • Dos estatutos de 25 de novembro de 1937, capítulo I – Do Clube e seus fins; artigo 1º:

“Com a denominação de “São Paulo Futebol Clube”, fica organizada, nesta Capital de São Paulo, onde fixa sua sede e tem seus domicílio e foro jurídico, uma sociedade esportiva, que se regerá doravante, pelos presentes estatutos”.

Perceba que se altera o trecho “fica fundada” para “fica organizada”.

  • Dos estatutos de 22 de janeiro de 1940 e de 27 de março de 1942, capítulo I – Da denominação, sede, duração, fins e organização; artigo 1º:

“O “São Paulo Futebol Clube”, fundado em 16 de dezembro de 1935, nesta Capital de São Paulo, onde tem foro e sede, à Rua D. José de Barros, nº 337, 4º andar, salas 410/419, é uma sociedade desportiva com personalidade jurídica, nos termos do Código Civil, com patrimônio distinto do de seus sócios”.

Em 1940, após os períodos de muita dificuldade vivida pelo clube e seus dirigentes entre 1937 e aquele ano, quando, após recomeçarem o clube do zero, praticamente sem apoio algum dos antigos fundadores, surge a data de 1935 como sendo a de fundação em uma espécie de homenagem dos novos sócios a aqueles homens que não deixaram o São Paulo morrer em 1935 e nos anos seguintes.

  • Dos estatutos de 25 de maio de 1944, e de 1947, capítulo I – Da denominação, sede, duração, fins e organização; artigo 1º:

“O São Paulo Futebol Clube, fundado em 16 de dezembro de 1935, nesta Capital de São Paulo, onde tem foro e sede à Rua Padre Vieira, no Canindé, é uma sociedade desportiva com patrimônio distinto do de seus sócios”.

  • Dos estatutos de 22 de setembro de 1949 e 12 de setembro de 1953, capítulo I – Da denominação, sede, duração, fins e organização, artigo 1º:

“O “São Paulo Futebol Clube”, fundado nesta cidade de São Paulo, onde tem foro e sede, é uma sociedade desportiva com patrimônio distinto do de seus sócios”.

Após muitos debates, a data de fundação deixa novamente os estatutos. Ainda que não estivesse presente, inúmeras publicações do São Paulo, como a revista Tricolor, ou ainda publicações especializadas, consideravam como fundação a data de 25 de janeiro de 1930. Só não constava no estatuto como forma de se evitar a polêmica.

  • Dos estatutos de 25 de julho de 1956, capítulo I – Da denominação, sede, duração, fins e organização; artigo 1º:

“O “São Paulo Futebol Clube”, fundado na Cidade de São Paulo, onde tem foro e sede, em 25 de janeiro de 1930, extinto em 14 de maio de 1935 e reorganizado em 16 de dezembro de 1935, é uma sociedade civil, com prazo de duração indeterminado…”.

Pouco tempo depois, em 1956, a data de 1930 aparece oficialmente como fundação do clube. Nota-se que a data de refundação é mantida, por sua tão clara importância e contextualizada nos acontecimentos. Perdurou assim por quase 20 anos.

  • Dos estatutos de 15 de setembro de 1958, 17 de março de 1959, 4 de julho de 1961, capítulo I – Da denominação, sede, duração, fins e organização, artigo 1º:

“O São Paulo Futebol Clube, fundado na Cidade de São Paulo, onde tem foro e sede, em 25 de janeiro de 1930, extinto em 14 de maio de 1935 e reorganizado em 16 de dezembro de 1935, é uma sociedade civil…”.

  • Dos estatutos de 28 de fevereiro de 1973, capítulo I – Da Denominação, sede, duração, fins e organização, artigo 1º:

“O São Paulo Futebol Clube, fundado na cidade de São Paulo, onde tem foro e sede, em 16 de dezembro de 1935, preservador das glórias e tradições do São Paulo Futebol Clube, da Floresta, o qual foi fundado em 25 de janeiro de 1930 e extinto em 14 de maio de 1935, é uma sociedade civil, com prazo de duração indeterminado…”.

E a data de 1930 durou como sendo a de fundação do clube até 1973, quando o texto foi reorganizado favorecendo 1935, sem que, todavia, o marco de 1930 fosse esquecido. De lá para cá, a passagem foi levemente alterada e sempre deixando uma dupla interpretação: Que o clube foi estabelecido em 1935, mas que fora fundado, pela primeira vez, em 1930. Isso principalmente por se declarar preservador das glórias e tradições do clube nascido em 1930.

Tanto que o clube tradicionalmente sempre festejou, até mesmo com bolo comemorativo, o aniversário do clube, no dia 25 de janeiro, considerada data magna.

Para pôr fim a esse estado ambíguo, no segundo semestre de 2013, o Egrégio Conselho Deliberativo do São Paulo Futebol Clube aprovou solene e claramente a data de 25 de janeiro de 1930 como a da fundação do Tricolor. 16 de dezembro de 1935, que jamais será esquecida, como a data da reorganização do São Paulo Futebol Clube.

A Era Telê

O São Paulo conquista o planetaApós um período de tantas vitórias, todos apostavam numa fase descendente do São Paulo. E o time deu mesmo essa impressão.

Em 1990, o time não engrenou. E para pôr ordem na casa, o time chamou o técnico Telê Santana, que ainda carregava a fama de “perdedor”. O casamento entre São Paulo e Telê seria a união de maior sucesso na história do clube.

Telê chegou ao Morumbi em 1990, a tempo de levar o time à final do Brasileiro, vencida pelo Corinthians. Mas não foi nada. No ano seguinte, a vingança seria contra o mesmo Corinthians, só que no Campeonato Paulista. Um verdadeiro azar para os adversários, pois Telê lapidou seu time para arrasar nas finais.

Em 1991, O São Paulo já tinha a cara de Telê. O velho mestre soube como fazer o talento de Raí explodir, e não havia equipe brasileira que pudesse parar aquele time inteligente, leal e que pressionava o adversário durante 90 minutos.

Depois de três finais de Brasileiro consecutivas, o São Paulo conquistaria seu terceiro título em cima do Bragantino de Carlos Alberto Parreira. Poucos acreditariam no que estava se armando.

Campeão Brasileiro, o São Paulo de Telê, Zetti e Raí começou a Libertadores como quem não quer nada, mas foi evoluindo durante a competição. No primeiro jogo da final, em Buenos Aires, o Newell’s Old Boys venceu por 1 x 0, mas a torcida sabia que nada poderia segurar o time. No jogo de volta, uma cena inédita: horas antes do jogo, o Morumbi já não tinha lugar para mais ninguém, mas a torcida continuava chegando.

As vias de acesso ao estádio ficaram entupidas. E empurrado por um estádio apinhado, finalmente o título da Libertadores, nos pênaltis!

O sonho do Mundial Interclubes em Tóquio finalmente chegara. O adversário era o Barcelona de Johann Cruyff – considerado o melhor Barcelona de todos os tempos- com cracaços como Koeman, Stoichkov e Laudrup. O Barcelona sai na frente, mas com dois gols de Raí, o mundo se curvava à obra de arte do time de Telê Santana.

O São Paulo era o melhor time do mundo. “Se você tem de ser atropelado, é melhor que seja por uma Ferrari”, disse Cruyff, após a partida, sobre a superioridade tricolor. Na volta, o São Paulo fez mais uma vítima, na final do Paulista: o Palmeiras, que amargava uma fila de 16 anos.

Raí ficou no São Paulo somente o suficiente para vencer mais uma Libertadores, contra o Universidad Católica. Deixou o clube para conquistar a França, mas foi substituído com outros craques. Telê remontou o São Paulo sem Raí para manter o título Mundial em Tóquio, pela segunda vez consecutiva. O adversário era o Milan de Fabio Capello (que tinha sido o único clube italiano a se sagrar campeão invicto na história). Numa partida eletrizante, o São Paulo esteve duas vezes em vantagem, com gols de Palhinha e Cerezo, mas Massaro e Papin pareciam estar decididos a estragar a festa. Quando o juiz já consultava o relógio, Muller fez valer a sua marca de predestinado e marcou um gol que jogou um balde d’água no Milan. São Paulo bicampeão Mundial!

Telê Santana ficou cinco anos no São Paulo. Neste período, venceu todas as competições possíveis de serem vencidas por um clube paulista (exceto a Copa do Brasil): Campeonato Paulista e Brasileiro, Libertadores, Copa Conmebol, Supercopa da Libertadores, Recopa da Libertadores, além do Torneio Ramón de Carranza e Teresa Herrera. Jamais um outro clube brasileiro tinha vencido tanto.

Década de 90: as glórias continuam. Em 1995, Telê teve de deixar o São Paulo, com um problema de saúde.

A torcida lamentou e até hoje não esquece o velho mestre, continuando a sentir por ele um carinho imenso. Mas o clube não poderia parar sua rotina de vitórias nem de berço de craques.

Na década de 90, surgem Dodô, França e Rogério Ceni, talentos com a técnica típica da estirpe Tricolor.

Isso para não dizer da quantidade industrial de talentos exportados para o futebol europeu: Edu, Fábio Aurélio, Juninho, Serginho e tantos outros.

E para finalizar, um ponta-esquerda à antiga: Denílson, que encanta o mundo com seu talento devastador e vai para a Espanha, depois de dar mais um troféu para o Tricolor, o do Paulista de 1998, junto com o ídolo Raí, que voltara da França para massacrar sua vítima predileta – o Corinthians – numa decisão eletrizante.

Dois anos depois, novamente Raí comanda o time numa conquista, a do Paulistão de 2000, sobre o Santos, time que lutava para acabar com o jejum de títulos. E no ano seguinte, o celeiro não pára: é a vez de Kaká, então com 18 anos, aparecer no Morumbi e de cara conquistar a torcida, fazendo os gols do título do Torneio Rio-São Paulo.

A sina de produzir talentos jamais abandona um time destinado à vitória.

Morumbi

Zizinho e os anos do investimento no estádio

Manter o ritmo da década de 40 não era possível, mas nem por isso o São Paulo ficou sem vencer. Durante a década em que o Brasil chegaria ao título Mundial, o Tricolor faturaria mais dois troféus – ambos em cima do rival Corinthians: um em 1953 e outro em 1957.

Na conquista de 1957, o São Paulo seria comandado pelo veterano craque Zizinho, que chegara do Rio de Janeiro aos 35 anos e calou a boca de quem apostava que seu futebol genial tinha chegado ao fim. Ziza não corria como dez anos antes, mas tinha gás de sobra para liderar o time do técnico húngaro Bela Gutman.

A conquista do Paulista foi a última antes de um passo de gigante que o Tricolor daria: a construção do estádio do Morumbi, um feito que nenhum outro time brasileiro poderia sonhar. Junto com isso, no Santos estava começando a trajetória de Pelé, que faria do clube da Baixada um dos maiores do Brasil e do Mundo. Era hora de reservar forças para investir no futuro.

A torcida são-paulina não teve vida fácil na década de 60, mas sabia que valeria a pena. Os recursos do Tricolor eram consumidos na construção do sonho do estádio, e as contratações de estrelas rarearam. Só que nem o cinto apertado evitava que surgissem talentos de primeira, como Roberto Dias e Jurandir, que eram a pedra no sapato de Pelé e do Santos. O time da Vila dava surras em todo mundo, mas diante do São Paulo, virava um time pequeno. Memorável foi a partida em que o Mais Querido fez com que o Peixe simulasse um “cai-cai” para não sofrer uma goleada devastadora.

Estádio pronto,craques e títulos de volta

Em 1970, com o final da construção do gigante de concreto, que ganhou o nome do presidente Cícero Pompeu de Toledo, a diretoria se mexeu e voltou à rotina da contratação de craques. E olha que não foi só um. Gérson e Pedro Rocha eram alguns dos talentos que aportaram no Morumbi, e o resultado não podia ser outro: fim do jejum, com mais um Paulistão, e com direito a bis no ano seguinte. Um bis saboroso, porque a final foi contra o Palmeiras.

Com a criação do Campeonato Brasileiro, o São Paulo encontrava mais um torneio para poder desfilar sua categoria.

E além disso, o jejum agora era do Corinthians, que agonizava sem vencer nada, e o Santos não tinha mais Pelé. Em 1974, o Tricolor chegou à final da Libertadores, mas perdeu para o então imbatível Independiente.

Estava se construindo um time campeão. Pedro Rocha, Chicão e Valdir Peres eram alguns dos nomes que faziam parte do grupo campeão Paulista.

Mas a conquista maior seria mesmo em 1977, com os três heróis, ao lado do artilheiro Serginho Chulapa, na conquista do Brasileiro em pleno Mineirão, sob a batuta de Rubens Minelli.

Títulos Anos
Campeonatos Estaduais 22 1931, 1943, 1945, 1946, 1948, 1949, 1953, 1957, 1970, 1971, 1975, 1980, 1981, 1985, 1987, 1989, 1991, 1992, 1998, 2000, 2002, 2005 e 2021
Torneio Rio-São Paulo 1 2001
Campeonato Brasileiro A 6 1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008
Copa Conmebol 1 1994
Supercopa da Libertadores 1 1993
Recopa Sul-Americana 2 1992 e 1993
Taça Libertadores da América 3 1992, 1993 e 2005
Mundial Interclubes 3 1992, 1993 E 2005
Vice-Campeão Copa do Brasil 1 2000
Vice-Campeão Brasileiro A 5 1971, 1973, 1981, 1989 e 1990
Torneio Rio-São Paulo Vice-Campeão Taça Libertadores da América 1974, 1994 e 2006
Campeão Copa
Sul- Americana
1 2012