O objetivo deste artigo é comparar a eficiência de aplicação de recursos entre os principais times do futebol brasileiro.
Para comparar o desempenho entre diferentes equipes precisamos de um critério comum, que permita avaliar todos de forma equalitária. A melhor “régua” para esse comparativo é o desempenho em jogos do Campeonato Brasileiro da Série A, competição que toma oito meses do calendário e opõe diretamente as melhores equipes do país. Os Estaduais e Copas, pelo desnível técnico de alguns participantes e por terem um desequilíbrio no número de jogos, não são considerados no comparativo direto, pois podem distorcer os resultados, mas fazem parte dos comentários da matéria.
Adotamos como critério de entrada no comparativo uma equipe ter disputado a Série A do Campeonato Brasileiro nas temporadas de 2020 (estendida para 2021), 2021, 2022 e 2023, e que não tenham sido rebaixadas neste último ano. Apenas dez times se qualificaram por esses critérios. Abaixo o desempenho esportivo de cada um deles.
Cada um dos times realizou 125 jogos pelo Brasileiro da Série A no período considerado, sendo 38 jogos por ano referentes às temporadas 2021 a 2023, e 11 partidas jogadas em 2021, mas relativas ao torneio de 2020. Palmeiras e Flamengo realizaram um jogo a mais, totalizando 126 jogos, o que não altera as conclusões deste estudo.
No período 2021 a 2023, o São Paulo Futebol Clube teve o pior desempenho acumulado entre todos os times que jogaram a Série A e não foram rebaixadas no período considerado. O aproveitamento acumulado de 44% reflete bem o desempenho de um time que esteve sempre lutando na parte baixa da tabela nas três últimas temporadas. Tivemos o pior ataque, e nossa defesa foi a quarta pior entre os analisados.
O mau desempenho do time no Campeonato Brasileiro não está relacionado à falta de recursos para investir na equipe. Veremos na sequência que o Tricolor esteve entre os cinco times que mais investiram no futebol brasileiro nos últimos três anos, mas que isso não resultou em um desempenho compatível com o montante gasto pela Instituição.
Os maus resultados nos pontos corridos são explicados, em grande parte, pela priorização das Copas, o que é uma estratégia perigosa.
Comparativo de Eficiência: pontos acumulados x valor gasto por equipe
O conceito de eficiência em gestão do futebol é relativo a obter bons resultados com o menor gasto possível. A tabela abaixo mostra o quanto cada clube gastou com suas equipes de futebol, no acumulado dos anos 2021 a 2023. Um indicador que já utilizo há alguns anos é o valor gasto por cada ponto conquistado em jogos do Brasileiro da Série A. Vejam os resultados.
O Tricolor está entre os cinco clubes que mais gastaram com seus times de futebol no período 2021 a 2023, mas seus resultados foram inferiores ao de adversários que investiram muito menos. Com um gasto de R$ 1.390 milhões e 165 pontos somados em jogos do Brasileiro, cada ponto conquistado pelo SPFC custou R$ 8,4 milhões, e nas três últimas temporadas a melhor classificação alcançada foi um nono lugar em 2022. Nesse intervalo de tempo, o São Paulo ganhou o Campeonato Paulista 2021, encerrando uma incômoda fila de 15 anos sem vencer o Estadual, e um título inédito da Copa do Brasil, em 2023, que elevaram a autoestima da torcida.
Gastaram mais do que o Tricolor apenas os três times que conquistaram o Brasileiro no período considerado, Flamengo, Palmeiras, atual bicampeão e Atlético-MG, além do Corinthians.
Adicionalmente a uma conquista de Brasileiro (temporada 2020, encerrado em 2021), o Flamengo venceu no período uma Libertadores (jogando a final contra o Athlético-PR) e uma Copa do Brasil (vencendo na final o Corinthians), ambas em 2022, além do Estadual do Rio de 2021. O rubro-negro da Gávea é o único time que apresentou um custo médio mais elevado por ponto conquistado no Brasileirão, em parte explicado pela priorização das Copas no ano de 2022.
O Palmeiras, em jogos da Série A do Brasileiro, teve eficiência econômica equivalente à do São Paulo. O Alviverde gastou 40% a mais com seu time de futebol, conquistando 40% mais pontos. O custo médio por ponto foi o mesmo do Tricolor, de R$ 8,4 milhões. No período considerado, o “Palestra” foi bicampeão Brasileiro em 2022/23, da Copa do Brasil (2020, finalizada em 2021) e conquistou um bicampeonato da Libertadores (2020, com final em 2021 e da temporada 2021) batendo respectivamente o Santos e o Flamengo.
O Corinthians gastou 13% a mais do que o São Paulo, para somar 12% mais pontos em jogos de Campeonato Brasileiro. Os pontos do Alvinegro custaram basicamente o mesmo que os do Tricolor, um valor de R$ 8,5 milhões cada. Com investimento pouco maior que o do São Paulo, o time de Parque São Jorge conseguiu classificação direta à fase de grupos da Libertadores em 2021 e 2022, fase em que o SPFC se limitou a obter vaga na Sul Americana.
O Atlético-MG gastou 4% a mais do que o São Paulo, para somar 38% mais pontos em jogos do Brasileiro da Série A, e terminar todas as temporadas na zona de classificação para a Libertadores. Cada ponto somado pelo “Galo” custou R$ 6,4 milhões, um valor 24% inferior ao do SPFC, indicando melhor eficiência na aplicação de recursos. O Atlético-MG foi ainda campeão do Brasileiro e da Copa do Brasil em 2021 (ganhando na final do Athlético-PR), e confirmou a hegemonia no seu Estadual com três títulos.
A partir daqui todos os clubes gastaram menos do que o São Paulo no período 2021 a 2023, e alcançaram melhor desempenho acumulado em jogos da Série A de Campeonato Brasileiro. Vejamos cada um.
Fluminense: o time das Laranjeiras teve despesa 27% inferior à do São Paulo, somando 24% a mais de pontos em jogos de Série A do Brasileiro no período coberto por este estudo. Dessa forma, cada ponto do Fluminense custou R$ 5,0 milhões, correspondente a 59% do custo médio do SPFC. O time ganhou ainda o bicampeonato Carioca de 2022/23, derrotando na final o Flamengo por dois anos consecutivos, e a Libertadores 2023, batendo na finalíssima o time do Boca Juniors.
Athlético-PR: gastou 30% menos do que o Tricolor, para somar 9% mais pontos. O valor médio por ponto somado foi de R$ 5,4 milhões, eficiência muito próxima à do Fluminense, e equivalente a 64% do custo do São Paulo. O “Furacão” ganhou ainda a Copa Sul-Americana de 2021, em final “doméstica” contra o Bragantino, e o Paranaense de 2023.
Internacional: com um gasto 38% menor do que o do SPFC, conquistou 21% mais pontos. O valor médio de cada ponto somado foi de R$ 4,3 milhões, praticamente a metade do custo do Tricolor. O “Colorado” terminou o Brasileiro à frente do São Paulo em todas as edições que fizeram parte deste estudo.
Red Bull Bragantino: a SAF criada a partir do time de Bragança Paulista trabalha com orçamento bem administrado e equipe comandada por profissionais. O RB Bragantino, teve campanha 12% superior à do SPFC, com dispêndio de um valor equivalente a 53% do gasto do São Paulo. Cada ponto do time custou R$ 4,0 milhões, o segundo menor valor entre as equipes do comparativo.
Fortaleza: fez campanha 7% superior à do SPFC, em termos de pontos somados, com um gasto total equivalente a apenas 35% do que foi gasto pelo São Paulo. Cada ponto somado pelo Fortaleza custou R$ 2,7 milhões. O “Leão do Pici” foi um modelo de eficiência na gestão de futebol, tendo terminado com a nona melhor campanha entre os dez clubes qualificados para o comparativo, mesmo tendo um investimento baixíssimo se comparado ao time do São Paulo, que fez campanha inferior. Nas três temporadas cobertas por este estudo o Fortaleza terminou à frente do SPFC no Brasileiro, e esteve sempre distante de qualquer ameaça de rebaixamento. Além da boa campanha em Brasileiros, o Fortaleza conquistou os três Estaduais do CE (2021/2022/2023) e a Copa do Nordeste 2022.
Conclusão
Equipes com investimentos muito menores alcançaram desempenhos esportivos mais relevantes do que o São Paulo Futebol Clube no período 2021 a 2023, tanto no Campeonato Brasileiro como nas Copas. Isso mostra que o fraco desempenho não se explica pela falta de recursos para investir no time, mas sim pela baixa eficiência com que os recursos disponíveis são empregados. O quadro abaixo mostra graficamente tudo o que comentamos nos parágrafos anteriores.
Com uma administração mais austera, gestão mais eficiente, seria possível manter um bom nível de competitividade enquanto se reduz o endividamento da Instituição.
Gastamos, em três anos, R$ 370 milhões a mais do que o Fluminense, que ganhou a Libertadores 2023, e R$ 426 milhões a mais do que o Athlético-PR, campeão da Sul-Americana em 2021 e que fez a final da Libertadores em 2022. Esses gastos excessivos, em comparação com adversários, sem nenhum resultado esportivo mais relevante do que esses clubes alcançaram, poderiam ser canalizados para a redução da dívida do SPFC.
Após recuperarmos a situação financeira do Clube, eliminando o endividamento bancário do São Paulo, poderemos voltar a investir de forma mais pesada na formação de elenco, como fazem hoje Flamengo e Palmeiras, clubes completamente saneados no aspecto financeiro.
A fórmula para a recuperação das finanças do São Paulo é limitar os nossos gastos com futebol ao valor que possa ser obtido de receitas recorrentes, e aplicar os recursos excepcionais, como negociação de direitos de atletas, para redução do endividamento do SPFC. Seguindo esse plano, em menos de três anos poderíamos eliminar a dívida com bancos, e reduzir outros débitos.
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O problema é que um erro a mais e termina com a equipe rebaixada no BR. Em se tratando de SPFC onde os diretores não entendem nada de bola e negócios o perigo é ainda maior. Fica claro por esses dados e o respectivo resultado em pontos que se fosse investido um pouco menos teríamos ido parar na série B.
O meu maior medo é que Cotia que antes era um pagador de contas está muito mal e temo que nos próximos anos não revele grande jogador. Aí vamos entrar num buraco perigoso.
Cotia é a salvação e manutenção do SPFC competitivo, mas o Jack quer negócio$.
Em tempo, brilhante coluna do amigo Flávio.
Danilo,
Muito obrigado pelo comentário