Neste período sem jogos dos times Brasileiros, as atenções se voltam para a temporada de contratações, de reestruturação dos elencos dos times. Aproveito a oportunidade para publicar a minha análise das contratações realizadas pela atual administração do São Paulo Futebol Clube. Acompanhem comigo.
Julio Casares assumiu a presidência do SPFC em 1º de janeiro de 2021, trazendo em sua equipe o Diretor Institucional de Futebol, Carlos Belmonte, e, apesar do discurso de austeridade, a diretoria não mediu esforços na tentativa de reforçar a equipe. O nível de sucesso das contratações, entretanto, foi baixíssimo. No total foram contratados 21 jogadores, com valor investido próximo aos R$ 105 milhões nos primeiros 23 meses de mandato. Desses 21 contratados, 10 já deixaram o Tricolor, e a continuidade de André Anderson é discutida entre São Paulo e Lazio – os italianos querem que ele fique no São Paulo, enquanto os dirigentes paulistas tentam devolvê-lo antes do final do contrato de empréstimo.
FRACASSOS: Considerei oito das contratações como fracassos. São jogadores que não conseguiram mostrar o motivo pelo qual foram contratados, representando, em alguns casos, altos custos de salário sem ter a correspondente contribuição no aspecto técnico. Nomes como Bruno Rodrigues, William, Marcos Guilherme, Colorado, Bustos, e mesmo Éder, já deixaram o time, e não deixarão saudades na torcida. O caso, surreal, de André Anderson, atleta agenciado por um dos maiores credores do SPFC, já foi comentado acima. Orejuela, após passagens apagadas no Grêmio e Athlético-PR, onde esteve emprestado, está sendo devolvido ao Tricolor, mas não parece estar nos planos de Rogério Ceni para a temporada 2023.
Neste grupo, o destaque fica para Luis Orejuela, lateral direito, Colombiano, 27 anos de idade, que tem contrato com o São Paulo até março de 2025. O Tricolor pagou ao Cruzeiro o equivalente a EUR 2 milhões por 50% dos direitos do atleta, em março de 2021, para cedê-lo por empréstimo, sem custo, ao Grêmio em janeiro de 2022, e depois ao Athlético-PR. Inicialmente fora dos planos do São Paulo para a temporada 2023, provavelmente será emprestado novamente, com o Tricolor pagando parte, ou até a totalidade, de seus salários. Orejuela fazia parte do elenco do Cruzeiro rebaixado em 2019, e teve uma participação apagada na campanha do Grêmio em 2020. Não havia nenhuma indicação que poderia vir para ser o titular da posição no São Paulo, o que justificaria o alto investimento. Este é um caso de fracasso técnico esportivo, mas também financeiro. Com tantas dívidas e necessidades, rasgamos R$ 13,4 milhões na aquisição de direitos de um atleta do qual não se poderia esperar um desempenho superior ao apresentado.
DECEPCIONANDO: Classifiquei três das contratações nesta categoria. São casos de jogadores que chegaram com expectativas elevadas, mas que ainda não apresentaram um desempenho condizente. Alisson e Nikão vieram, respectivamente, de Grêmio e Athlético-PR, para ocupar vagas de titular na equipe. Nikão, inclusive, recebeu a honraria da “camisa 10”, manto reservado aos craques do time. Esses dois atletas, entretanto, sofreram contusões e atuaram pouco nesta temporada com a camisa Tricolor. Ambos têm, em minha opinião, potencial para produzir mais, mas seguem devendo.
Aqui ressalto a situação de Giuliano Galoppo. O meia Argentino, de 23 anos de idade, foi contratado junto ao Banfield, e chegou à capital Paulista no final de julho de 2022. Sua contratação está envolta em mistérios, como quem seria o “investidor” que pagaria pelos direitos, e o valor da transação, pois houve grande divergência entre o que foi anunciado pelo time Argentino (US$ 8 milhões) e o que o SPFC reconhece. Segundo o site Globo Esporte, a diretoria Tricolor afirma que pagou US$ 4 milhões ao Banfield pelos direitos do atleta, mas que a esse valor ainda se somaram cerca de US$ 2 milhões em taxas, comissões e outras burocracias, resultando em um investimento total de US$ 6 milhões para ter o jogador. Convertendo os valores para Reais, pela cotação da época da transferência, tivemos um desembolso total de aproximadamente R$ 33 milhões para contar com esse atleta. Em 28 partidas disputadas pelo time desde a chegada de Galoppo, o meia foi titular em 7 partidas, e entrou como reserva em outros 14 jogos. Disputou, ao todo, 879 minutos de jogo, o equivalente a 34% do tempo jogado pelo time, marcou apenas um gol e não deu assistência. São números muito baixos para um meio campista, ainda mais se considerarmos tratar-se da contratação mais cara da história do SPFC. Aguardo ansiosamente o momento do “despertar” de Galoppo, mas confesso que já tenho dúvidas sobre seu real potencial.
SUCESSO: Outros três atletas, sob o meu ponto de vista, podem ser classificados como contratações de sucesso, o que pode ser questionado por alguns leitores. Gabriel Neves, o médio volante que veio do Club Nacional de Fútbol, do Uruguai, teve um início irregular, mas depois dos confrontos contra o Palmeiras pela Copa do Brasil 2022 ganhou a confiança do treinador e da torcida. Perdeu muitos jogos devido a uma contusão séria, mas seu contrato foi renovado por mais três anos, até o final de 2025, e a expectativa é de que ele cresça ainda mais como atleta do SPFC. Calleri é um sucesso indiscutível, artilheiro do time e ídolo da torcida, justifica plenamente o investimento feito pelo Clube em sua contratação. Como terceiro exemplo de sucesso cito o Patrick, que veio do Internacional em janeiro deste ano, em uma operação que incluiu a ida de Liziero, por empréstimo, para o Colorado. Após um período de adaptação e adequação de sua capacidade física, Patrick cresceu muito de produção no segundo semestre, assumiu uma vaga de titular indiscutível, e fez boas partidas pelo Tricolor. O episódio da discussão com Rogério Ceni, no intervalo da partida contra o Fluminense no Maracanã, não pode ser superestimado. É importante que a diretoria Tricolor atue de forma firme, recuperando o ambiente para que os dois sigam trabalhando juntos.
NEUTROS: Por contratação “NEUTRA” eu entendo jogadores que cumprem, ou cumpriram, seu papel de forma compatível com as expectativas e o investimento feito, apresentando desempenho de razoável para bom, contribuindo de alguma forma para os resultados obtidos pela equipe. Enquadrei seis atletas nessa classificação. Os dois goleiros, Jandrei e Felipe Alves, estão nessa situação segundo meu ponto de vista, pois, se não são grandes arqueiros, ao menos têm dado conta do recado nesta temporada. Vejo os dois com potencial para participar do elenco, como reservas, quando o SPFC contratar um goleiro com a capacidade para ser nosso titular. Rafinha e Miranda, veteranos com boa qualidade técnica, também se enquadram nesta categoria. Vejo como correta a não renovação do contrato de Miranda, e dou um voto de confiança à comissão técnica e diretoria pela renovação com Rafinha, que parece ser um elemento de influência positiva junto aos jovens.
Aqui classifiquei Benítez, meia muito habilidoso, mas com limitações físicas para atuar no ultracompetitivo futebol brasileiro, que atuou bem enquanto e quando pôde fazê-lo defendendo a nossa camisa. O destaque dos “NEUTROS” foi Rigoni, meia atacante Argentino, que em seus primeiros jogos parecia que faria muito sucesso no Tricolor. Após a saída de Hernán Crespo, porém, o desempenho de Rigoni piorou muito, e ele foi perdendo espaço na equipe. A venda para o Austin FC, time filiado à MLS (Major League Soccer), foi um bom negócio para todos, pois o SPFC praticamente recuperou todo o capital investido nos direitos, e o atleta está em um time onde poderá voltar a ter um protagonismo.
Pouco tempo: Aqui listo apenas o zagueiro Nahuel Ferraresi. O Venezuelano, de 23 anos de idade, tem seus direitos vinculados ao Grupo City, jogou a temporada passada no Estoril de Portugal, e chegou por empréstimo em agosto de 2022, com contrato até junho de 2023. Desde que chegou ao Tricolor, Ferraresi participou de 10 jogos entre os 22 que o clube fez no período, todas as vezes iniciando no onze titular. Foi beneficiado com as contusões de Miranda e Diego Costa, que abriram espaço para que ele pudesse atuar bastante. Parece ter bom potencial, mas prefiro esperar um pouco mais para avaliar.
Concluo meu artigo com a constatação de que o São Paulo segue errando muito em suas contratações. A taxa de sucesso, no momento, 3 casos em 21 contratações, ou 14% do total de jogadores trazidos, é baixíssima. Um clube endividado, e com discurso de austeridade, não pode errar tanto assim na seleção de possíveis atletas para formação de seu elenco. Se Julio Casares e Carlos Belmonte são figuras Institucionais, mas que ao final tem a responsabilidade objetiva pelas contratações, o que estão fazendo Rui Costa, Muricy Ramalho, Milton Cruz, Rogério Ceni, e as equipes de análise de desempenho e análise de mercado, para melhorar a nossa taxa de sucesso em contratações? Nosso corpo diretivo profissional, comissão técnica e áreas específicas de análise, todos remunerados, não conseguem um desempenho melhor do que a gestão anterior?
As mudanças necessárias são de postura e prioridades. Contratações devem ser de jogadores que venham para efetivamente reforçar a equipe. Para compor elenco temos a nossa base. Indicações tem que vir do corpo profissional técnico, departamentos de análise e comissão técnica, para posteriormente serem submetidas aos níveis executivos de decisão. Essa seria a forma correta de atuar no mercado com melhores resultados.
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Muito bom para nós que vivemos fora, termos um trabalho detalhado sobre o que se passa do lado de dentro, ainda mais com números e análise. Rigonni, confesso, me iludiu no início. Mas revelou-se chinelinho assim que teve o passe comprado. A história da vinda do Galloppo, que andei lendo, não me agrada. Gostaria de saber o que faz Muricy nesses assuntosBelo trabalho
Muito obrigado, Mestre Jornalista José Maria de Aquino, pelos comentários.
Sim, um mistério é entender qual a participação da comissão técnica e departamentos de análise do SPFC nessas contratações.
Um grande abraço!
Flávio Marques.
Parabéns por mais uma análise muito interessante. Deve ter dado muito trabalho.
Sem querer desfazer do seu trabalho, vou dar meus pitacos.
Acho que o critério de sucesso foi um pouco subjetivo. Entendo que atleta contratado que consegue se manter como titular é sempre uma boa contratação, pois representa evolução no elenco.
Não havendo pressão pela escalação de atletas, se o contratado chega e joga, é sinal de que ele é melhor do que quem estava ocupando aquele posto, logo, o elenco evoluiu tecnicamente. Isso não quer dizer, obviamente, que o elenco passou a ser de ponta, mas evoluiu.
Nesse sentido, clssificaria Miranda, Rafinha e Rigoni como sucessos, pois os três chegaram a ser titulares, perdendo a posição depois em razão de condições físicas ou mudanças táticas.
Como você bem lembrou, o Rigoni fez partidas muito boas com o Crespo e se somarmos a isso o fato de que ele saiu pelo mesmo preço, não vejo nada de negativo na contratação dele. Quem dera todas as contratações decepcionantes fossem assim.
Acho cedo também para considerar Galoppo decepcionante. Acho que ele precisa de um pouco de tempo. Vejo ele em situação semelhante a que vivemos com Dagoberto, que demorou um pouco para encontrar seu espaço, mas foi um cara muito importante na campanha do tricampeonato brasileiro. O Gabriel Neves também não conseguiu se encontrar nos primeiros meses e recebeu uma avaliação positiva.
Humberto, muito obrigado pelos seus “pitacos”. Esses trabalhos realmente exigem muitas horas de dedicação. Estou aproveitando a temporada sem jogos do SPFC para levantar dados e escrever minhas conclusões.
As avaliações são subjetivas, admitem visões diferentes, e refletem o momento.
O enquadramento “Decepcionando” é, por definição, temporário, assim como o de “Pouco tempo”. Com a evolução do atleta na equipe, isso pode mudar. Torço muito para o Galoppo desencantar.
Um abraço!
Bom dia Paulo Pontes e leitores do Tricolornaweb!
Este é um artigo de opinião, baseado em fatos.
O que vocês pensam dessas contratações? Deixem suas opiniões.