André Christofoletti

Caros leitores do Tricolor na Web,

Gostaria de abrir a esta coluna agradecendo ao convite do Paulo Pontes, que faz um belíssimo de um trabalho para nós torcedores. Apresento-me, meu nome é André, torcedor fanático do nosso São Paulo. Moro no interior, sou professor de Geografia e faço doutorado no mesmo segmento. Não sou sócio do São Paulo, não tenho pretensões políticas, seja dentro ou fora do clube.

Quero aproveitar a data de ontem, dia internacional da mulher, para fazer uma justa homenagem e aproveitar para começar a falar a respeito de nosso tricolor. Há muitas mulheres que merecem um destaque, mas para ser coerente com minha coluna, minha homenagem vai a Ingrid Betancourt. Uma mulher que enfrentou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no final dos anos 90, em 2002, quando era candidata a presidência foi sequestrada pela FARC. Ficou em cativeiro por 7 anos na floresta amazônica. Isso meus caros leitores, eu chamo de coragem. E a partir começo o enfoque no São Paulo.

Coragem, essa é uma palavra que está em falta no São Paulo. Seja dentro de campo ou fora dele. Não é essa coragem de chegar e doar-se dentro das quatros linhas, ou coragem para “colocar a cara a tapa”. A coragem que precisamos é aquela que vem junto com o comprometimento, com o trabalho. Hoje o futebol como todo está muito competitivo, seja o jogador que agora TEM que ser atleta, seja o dirigente que TEM que ser profissional.

Nesta linha vamos focar na estrutura política do São Paulo e como precisamos de Coragem para muda-la. Hoje o sócio do clube vota em conselheiros. Há mais de 200 conselheiros, desses vários são vitalícios que não participam da votação. Esses conselheiros têm sua importância, fazem os regimentos, julgam determinadas infrações de associados, votam no presidente, dentre outros pontos. Praticamente um regime parlamentarista.

 

 

 

SÓCIOS    –    CONSELHEIROS   –   PRESIDENTE

-O sócio não tem voto direto no Presidente.

-O conselho conta com mais de 200 integrantes.

-O sócio torcedor fica de fora de qualquer possibilidade de se sentir representado.

-O conselheiro muda de oposição para posição como se fossem crianças querendo ficar no time que vai ganhar.

Temos que considerar nosso tempo. Pergunte para qualquer torcedor do São Paulo se ele não gostaria de poder votar para o presidente de seu clube. Eu adoraria, moro no interior paulista, não faz sentido ser associado do clube. Ser sócio torcedor seria uma opção, mas acaba sendo uma desvantagem imensa para quem vai aos jogos uma ou duas vezes ao ano. Como fazer com que uma pessoa que more no interior de São Paulo, em Santa Catarina, na Paraíba, no Mato Grosso, no Acre seja além de torcedor um contribuinte com o clube? Como fazer que haja representatividade em uma grande escala?

Tendo essas indagações em vista, eu defendo nesta coluna uma mudança na estrutura política. Pedimos fora Leco, mas para vir outro e pediremos fora Outro se não ganhar no campo? Eu penso numa mudança estrutural política para o nosso São Paulo sair da lama. É preciso ter Coragem para mudar, e mudança eu penso começa na estrutura.

Penso que é fácil pedir mudança e não propor nada. Por isso, proponho uma das várias mudanças estruturais que o São Paulo pode adotar. Vai acontecer? Difícil, afinal, quem dita o regimento são os conselheiros que não querem perder prestígio, poder. Mas eu sinto na obrigação de propor alguma mudança.

-Sócios do clube votam para os conselheiros. Cinquenta cadeiras, 3 anos de mandato com reeleição de mais 3 anos. Após esse período precisa necessariamente ficar um mandato “de molho” para novamente voltar a se candidatar.

-Acabar com os Conselheiros Vitalícios.

-Somente os Conselheiros podem sair candidatos à presidência. Pode-se ter até 5 chapas.

-Sócios do clube tem 80% dos votos DIRETOS para o Presidente, e os outros 20% são dos sócios torcedores, que depois de 2 anos como associado initerruptamente tem o direito a voto. (Incentivar o programa!)

-Presidente com mandato de 3 anos, SEM A POSSÍBILIDADE DE REELEIÇÃO OU DE VOLTAR A PRESIDÊNCIA. Ou seja, evitar a permanência eterna e estimular mudanças.

Coragem, isso é o que sinto que falta para mudança na estrutura política. Aos leitores, sei que minha proposta não é eximia de críticas, e que há mais cabeças que pensam numa mudança estrutural na política. Ou não, que do jeito que está é excelente. Mas gostaria de sua opinião sobre o assunto e deixo uma pergunta: Você pensa que a mudança na estrutura política pode a médio-longo prazo trazer dias melhores ao tricolor?

Sempre com respeito, um grande abraço!

André L. M. Christofoletti

20 comentários em “André Christofoletti

  1. Bem colocado André,
    Sempre achei que os sócios torcedores deveriam ter uma colaboração maior dentro do clube, mas claro, assim como colocado com certas regras, seja por tempo de colaboração ou por plano ($$).
    Claro que é uma situação delicada, talvez até a própria política dentro do clube possa ser algo que tenha um prazo para se renovar, não somente os membros. Só não sei se concordo muito com a ideia do presidente não poder se reeleger nunca mais, mas é um excelente ponto para se debater.
    Grande abraço!

  2. Boa noite André, o sócio torcedor precisa sim fazer parte das votações, afinal nós contribuímos e queremos ter direito de uma Escolha, pois enquanto os conselheiros forem comprados,já sabemos que quem pagar mais leva o Prêmio, vamos torcer que está maré ruim passe logo e que nosso clube possa voltar a conquistar títulos.

    • Obrigado pelo comentário Daniel!
      Não consigo afirmar que haja conselheiros comprados, mas não confirmo que não haja. É muito complicado essa situação, eu sou sempre favorável a transparência das contas para que não haja disse-me-disse.
      Abraços!

  3. Caro André boa noite.
    Excelente abordagem, este efetivamente é o problema que vem corroendo o clube de uns anos para cá e invariavelmente venho mencionando, inclusive para participação dos sócios torcedores. Ontem assistindo a um comentário do MAC, exatamente sobre os conselheiros vitalícios ele se saiu com uma pérola: “são uma espécie de filtro…”. Creio que ele não sabe que filtro também necessita ser limpo ou trocado periodicamente, principalmente quando muitos deles nem são paulinos são e de cara agem de má fé assinando como se fossem, excelente filtro não é?
    Concordo com a menção feita por Waldir Albieri sobre o nascimento do clube, mas não tenho certeza de que o clube tenha gente capacitada para gerir o futebol como merece, sem mudança estrutural.
    Parabéns André.

    • Olá Fernandes
      Eu entendo essa espécie de filtro, mas quem fará o filtro será o próprio conselheiro. Só pode entrar no conselheiro quem for sãopaulino, não é esse o compromisso? Então! E os próprios sócios e sócios torcedores.
      Obrigado pelo comentário Fernandes, Abraço!

  4. André,

    Ótimo artigo.
    Acho a sua proposta de incluir o Sócio Torcedor no processo de eleição positiva – desde que respeitados critérios de tempo de contribuição e tipo do plano. Concordo que seria um forte atrativo para o programa.

  5. André, são 80 conselheiros eleitos pela assembleia de sócios. Agora com um mandado de 3 anos.
    Os vitalícios são 160, sendo que a reposição de dá por morte , renuncia ou por impedimento. E quando atingir 10 vagas, o Presidente convoca o CD para uma eleição.

  6. Sou torcedor, associado e proprietário de cadeira cativa no Estádio. Como princípio, eu também sou favorável à implantação de algumas mudanças pontuais e não radicais. Há que se ter cuidado para não se profissionalizar demais em detrimento da paixão. Futebol é muito mais paixão que cérebro. Na arquibancada, qualquer torcedor perde a razão ao testemunhar um time mal planejado e mal dirigido. Nesse viés, penso que o sistema vigente é bom. Os homens que dele participam é que não são. Como associado do clube, eu pago a mensalidade R$ 371,98 e mais RS 110,00 para minha esposa frequentar a ginástica. Para participar de qualquer atividade no clube, o associado paga e bem. por isso. Para jogar tênis se paga à parte. Idem para frequentar o judô. Então, é pura balela, mito mesmo, dizer que o clube social suga dinheiro do futebol e pedir a dissociação entre eles. No sistema atual, para ser candidato a uma cadeira no Conselho Deliberativo tem que ser associado e ASSINAR, isso mesmo, assinar um atestado de fé tricolor. Ocorre que, como é do conhecimento geral, muitos ASSINAM esse atestado, sem de fato serem torcedores. O pior é que alguns desses, alem de integrarem o CD, também acabam participando da diretoria mediante convite do Presidente, posto que o regime é presidencialista. Não sou contra avançar no estudo com vista à implementação de medidas que reconduzam esse trem chamado SPFC aos trilhos, de onde nunca deveria ter descarrilado. Quem sabe e cultua a história do Tricolor, sabe que ele nasceu pobre e mercê de alguns notáveis visionários se tornou grande. Nasceu Futebol e Clube e assim deve permanecer, desde que gerido por PESSOAS CAPACITADAS e desinteressadas.

    • Exatamente Waldir, é fato que o Clube Social é superavitário há pelo menos 12 anos, segundo os próprios balanços e demonstrativos de resultados do SPFC. Qualquer argumento em contrário é falso.

    • Olá Waldir, agradeço pelas colocações. Sei que é custoso frequentar clube, eu também sou sócio de um clube do interior, era de dois, porém em um a mensalidade beirou os 400 reais, e como não sou casado e nem tenho filhos acabou que eu fiquei no que é do lado de minha casa e acabo indo mais.
      Eu sabia da assinatura da fé tricolor, porém, é uma canalhice não ser torcedor do clube e assinar tal documento, se há, que haja investigação e punição em esfera jurídica. Concordo que deva permanecer futebol e clube, não gosto da divisão. O clube se sustenta.
      O maior problema para mim é a estrutura política. E conhecendo um pouquinho da política, sabemos que quem tem o poder não quer largar o osso.

  7. Bom dia tricolores,
    Bom dia amigo André, concordo com a necessidade de mudanças, modernizar sempre é bom, também não sou associado do clube, já fui sócio torcedor hoje já não sou mais, muito por motivos pessoais que por descontentamento com o clube, sou da opinião de que não se abandona quando mais se precisa, quanto às mudanças eu pergunto, tivesse o Leco conseguido montar um time competitivo e ganho uns dois ou três títulos estaríamos nós, torcedores comuns, reclamando da política do clube ou estaríamos comemorando? É um caso a se pensar, mudanças são boas mas em time que está ganhando não se mexe, diz o ditado, eu acredito que o que precisamos, independente do modelo de administração, é gente competente e comprometida não essas pessoas que, ou são incompetentes para a função ou são corruptos. Abraços.

    • Olá Gelson,
      Eu não coloquei na coluna mas mais tarde eu fiz uma projeção de quanto seria uma eventual arrecadação. Caso conseguisse cerca de 500 mil sócios torcedores ( número conservador), com na média 30 reais ao mês, o clube arrecadaria cerca de 15 milhões ao mês ou 180 milhões anuais. É uma receita considerável!

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