Analisando a campanha do SPFC no Brasileiro 2022

O São Paulo terminou o Campeonato Brasileiro 2022 na nona posição, sendo o primeiro time fora da zona de classificação à Libertadores 2023. A equipe, porém, manteve as chances matemáticas de classificação até a última rodada, e nós torcedores acreditamos até o fim. Na rodada derradeira, entre os 15 e os 20 minutos do segundo tempo de São Paulo x Goiás, uma improvável combinação de resultados nos colocava na oitava posição. A alegria durou pouco, pois o Fortaleza abriu o placar e logo depois confirmou a vitória contra o Santos, mesmo jogando na Vila Belmiro. O nono lugar nos deixou uma impressão de que poderíamos ter chegado mais longe. Vamos, porém, analisar a campanha como um todo.

  1. A evolução, rodada a rodada

O São Paulo iniciou bem o campeonato, e até a 16ª rodada aparecia como um postulante a vaga no G6, objetivo traçado pela diretoria para esta temporada. A partir da rodada 17, entretanto, o Tricolor caiu de produção, e passou praticamente todo o segundo turno na parte baixa da tabela, ocupando classificações entre o 11º e o 14º lugar. Vejam a classificação do São Paulo a cada rodada (fonte CBF.com.br):

Classificação do SPFC x Rodada do Campeonato Brasileiro 2022 (fonte CBF.com.br)

Vemos acima que a nona posição, conquistada com a vitória fora de casa (Goiás 0 x 4 São Paulo) na última rodada, foi a melhor posição do Tricolor desde o mês de julho.

  • O fator “Casa”

O Morumbi sempre foi um trunfo para o São Paulo, e um tormento para os adversários. Em 2022, contudo, o desempenho como mandante não foi no nível esperado.

As cinco derrotas no Morumbi, incluindo embates contra Fortaleza e Botafogo, que chegaram à última rodada disputando vaga com o São Paulo, foram decisivas na temporada. Espera-se de um time como o SPFC pelo menos 66% de aproveitamento em casa, ou 37 pontos no Morumbi, o que teria sido suficiente para o time atingir o G6.

  • O efeito “Valentão”

Como o “valentão” da 5ª série, que batia sem dó nos alunos menores, mas apanhava da turma do “colegial”, o São Paulo teve péssimo desempenho contra os oito primeiros colocados, mas um aproveitamento destacado contra os clubes classificados entre a 10ª e a 20ª posição do torneio.

O Tricolor venceu apenas um dos 16 jogos que fez contra equipes que terminaram o campeonato nas oito primeiras colocações, exatamente o jogo de estreia, contra o Athlético PR.

Contra os “grandões”, o SPFC deixou para trás pontos incríveis no Morumbi, como o de 20 de junho, quando perdeu para o Palmeiras (1 x 2) um jogo em que estava à frente no placar até os 43 minutos do segundo tempo, e mesmo os do empate (2 x 2) contra o Atlético MG, na reta final do campeonato. Esses 5 pontos fariam grande diferença na classificação final.

Por outro lado, venceu doze vezes em vinte e dois confrontos contra os times que ficaram atrás dele na classificação final. Ao final de 38 rodadas, 80% dos pontos somados pelo Tricolor foram conquistados contra times da parte de baixo da tabela.

Relação das vitórias do São Paulo no Campeonato Brasileiro 2022

  • Prioridades

A diretoria do São Paulo Futebol Clube priorizou as Copas – do Brasil e Sul Americana, em detrimento do Campeonato Brasileiro, em várias rodadas da competição. Como exemplo, posso citar a escalação de um time misto contra o Atlético MG (empate de 0 x 0), no Mineirão, em 10 de julho, pois os titulares haviam enfrentado a Universidad Católica (CHILE), pela Copa Sul Americana, três dias antes. Outro exemplo foi a necessidade de utilizar um time reserva para enfrentar o Santos, na Vila Belmiro (derrota de 1 x 0), jogo realizado três dias depois de América MG x São Paulo (2 x 2), pelas quartas de final da Copa do Brasil.

Em um elenco limitado, com poucos reservas à altura do time principal, é necessário decidir o que fazer nessas circunstâncias, mas penso que poderia haver um equilíbrio maior, principalmente em jogos da Sul Americana, onde o Tricolor poderia vencer mesmo sem utilizar a força máxima. A priorização das Copas, a qualquer custo, pode ter efeitos muito negativos, que merecem um estudo mais aprofundado. Cruzeiro e Grêmio são casos recentes de clubes que priorizaram totalmente o desempenho nas Copas, deixando de lado o Campeonato em pontos corridos, e que pagaram um preço muito alto por isso.

  • Conclusão

O desempenho do time no Campeonato Brasileiro, nesses dois anos de administração Julio Casares, está muito abaixo da expectativa da torcida e, principalmente, incompatível com o montante que o SPFC investe em sua equipe de futebol profissional. Com uma série A provavelmente ainda mais competitiva em 2023, os dirigentes do Tricolor precisarão reavaliar certos conceitos e prioridades. Não se pode considerar como normal que, um dos times que mais investem em futebol no Brasil, tenha passado praticamente todo o campeonato na parte baixa da tabela. Não é aceitável que o São Paulo não tenha vencido nenhum dos cinco primeiros colocados do torneio, em dez partidas, em casa ou fora. Considerando o gasto anual do SPFC com futebol, não se pode avaliar como positivo um aproveitamento de pontos abaixo dos 60% no Brasileirão.

Esperemos que o planejamento para 2023 priorize uma campanha mais consistente no Campeonato Brasileiro, a competição mais importante para manter a viabilidade econômica de um time no médio e longo prazo.

2 comentários em “Analisando a campanha do SPFC no Brasileiro 2022

  1. Para usar um chavão bem popular: “os números não mentem”. A verdade é que só obtivemos vitórias contra times piores que o nosso, conforme consolida a classificação final. Então, nada a reclamar! Montamos um time para disputar o décimo lugar. Ficamos no lucro, pois terminamos o campeonato em 9o. lugar. Faz 10 anos que o São Paulo deixou de ser grande para se fixar em definitivo com um time médio, nivelado com o América Mineiro, Fortaleza, Bragantino, Coritiba, etc. Será muito difícil retornar aquele patamar do início do século. Caímos da primeira prateleira para a terceira/quarta. E tem mais, a perspectiva para os próximos anos, consoante o próprio treinador tem externado, será sombria. Portanto, concluindo, os versos do nosso hino foram mais proféticos do que se esperava ao cantar que “suas glórias vem do passado”!

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