Torcida, jogadores ressurgindo e união: como o São Paulo foi à final

Na tarde do dia 18 de março, poucas pessoas no São Paulo acreditavam que o clube teria alguma chance de chegar à final do Paulistão – o que acabou acontecendo no último domingo, com a vitória nos pênaltis sobre o Palmeiras, no Allianz Parque. Àquela altura, o time havia acabado de perder por 1 a 0 para o mesmo Palmeiras – a terceira derrota em clássicos em 2019 – e corria risco até de não se classificar para os mata-matas. Além disso, o ambiente estava em ebulição.

O interino Vagner Mancini convocou os jogadores para uma reunião tensa naquele dia. Queria que os jogadores estivessem mais unidos, se comportassem mais como um grupo, e citou o fato de alguns deles terem ido para o chuveiro assim que o jogo contra o Palmeiras acabou, sem esperar o início da tradicional roda de vestiário. A reação de Jean, que abandonou a conversa, só piorou as coisas.

Dois dias depois, o São Paulo conseguiu se classificar para as quartas de final com um empate sem graça com o São Caetano, por 1 a 1, e praticamente só se falou de Jean na coletiva pós-jogo. Afastado, o jogador publicou um texto acusando Mancini de não tratá-lo bem devido à rivalidade que os dois criaram quando defendiam Bahia e Vitória. O técnico disse que a publicação foi feita para “tumultuar” e tornou público o fato de Jean ter pedido para não ser relacionado para o jogo contra o Red Bull, algumas rodadas antes, ao descobrir que Tiago Volpi continuaria titular mesmo depois de falhar contra o Corinthians.

Há uma semana, já com Cuca no comando e após o empate sem gols no jogo de ida da semifinal, Jean e Mancini voltaram a se encontrar em uma reunião entre comissão técnica e jogadores, dessa vez cheia de risos e brincadeiras, e até se abraçaram. Foi o dia da reintegração do goleiro, que chamou a atenção pela maneira como ajudou Tiago Volpi antes da disputa de pênaltis do último domingo e pela forma entusiasmada como comemorou a classificação. O sentido de grupo que Mancini queria ver lá naquele 18 de março apareceu.

E há outros personagens importantes nessa história. Nenê, que já foi criticado até por Lugano por fazer “biquinho” quando não joga, estava tenso no banco, ajudando como podia e torcendo pelos companheiros. Quando entrou, chamou a responsabilidade de cobrar – e converter – o primeiro pênalti. O meia de 37 anos passou todo o último mês envolvido em uma negociação com o Fluminense, além de ter machucado o joelho, mas tem sido elogiado internamente pela maneira profissional com que tem se comportado. Ele chegou a forçar uma corrida no gramado, contrariando os médicos, para ficar à disposição o quanto antes, mesmo sabendo que voltaria como reserva.

O choro de Everton Felipe após a classificação também é emblemático. O jovem admite que não está rendendo como poderia, mas ganhou a confiança de Mancini – e depois de Cuca – pelos bons treinos que vinha fazendo. Virou titular nas quartas de final, contra o Ituano, e não saiu mais da equipe. Ele também converteu sua cobrança.

Gonzalo Carneiro, que divertiu os companheiros ao bater o pênalti com uma cavadinha, é outro que precisou ressurgir ao longo da caminhada da equipe no Paulistão. Irritado com a reserva, o uruguaio faltou à concentração para o jogo da primeira rodada, contra o Mirassol, e acabou multado pela diretoria. Pediu desculpas e foi ganhando espaço aos poucos.

– A equipe estava muito unida para o clássico e sabia que seria difícil ser eliminada, porque um correu pelo outro e batalhou muito. Passamos graças ao apoio do nosso torcedor no treino de sábado e ao trabalho em equipe de todos dentro de campo – disse Everton.

O treino de sábado, aliás, é citado por pessoas de diversas áreas do São Paulo como fundamental para o time ter avançado à final. Mais de 30 mil torcedores foram ao Morumbi apoiar o grupo. Alexandre Pato, Tchê Tchê e Vitor Bueno, reforços recém-contratados que não podem jogar o Estadual, também participaram desse momento, assim como Hernanes e Pablo, vetados da semifinal por lesões, e que foram ao Allianz Parque no dia da partida.

– Essa torcida do São Paulo, que há tanto tempo não ganha um título… Naquela ida deles ao Morumbi, para mim, eles não foram lá para ver os meninos treinarem. Foram lá para dizer: “porra, ganha essa para nós! Vamos ganhar!”. Estava dentro de todos nós isso – disse Cuca.

O São Paulo chega à decisão do Paulista com o elenco unido, jogando um futebol que deixa a torcida confiante, com destaque para os garotos de Cotia. Chegou a hora?
Fonte: Lance

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