Sidão diz que jogou com dores nas costas e vê quebra de tabu em rodízio

Contratado por indicação de Rogério Ceni, destaque das disputas de pênaltis contra River Plate e Coritnhians, titular no Campeonato Paulista… Sidão começou 2017 com tudo no São Paulo, mas algumas falhas, admitidas pelo próprio goleiro, e uma lombalgia fizeram o goleiro “voltar algumas casas”, como se faz nos jogos de tabuleiro.

Prestes a voltar aos treinos sem limitações, juntamente aos outros companheiros de posição, Sidão revelou ao GloboEsporte.com que “arrastou” sua lesão por pelo menos duas partidas, fruto também da competição no grupo, e que isso prejudicou seu desempenho. Sem jogar há 37 dias, o goleiro agora vê Renan Ribeiro firme na função, elogiado pela torcida e pela comissão técnica.

Mas se há um time no futebol brasileiro em que, hoje, até o terceiro goleiro pode sonhar em virar titular é o São Paulo. Rogério Ceni escalou 29 jogadores no Campeonato Paulista. Renan era a última opção para a posição; hoje é a primeira. Denis segue na briga. Para Sidão, isso representa a quebra de um paradigma.

– Aqui no Brasil tem muito tabu, né, meu? Eles precisam ser quebrados. Acho justo que todos tenham oportunidade de jogar – afirmou em entrevista ao GloboEsporte.com.

Veja a íntegra do bate-papo:

Sidão, sua lesão não é comum e imagino que limite movimentos. Você jogou com dores?
Tive uma lombalgia e fiz dois jogos com dores nas costas, treinando com dores. Isso prejudicou, meu desmpenho já não era o mesmo e não tive mais como arrastar essa dor que estava me limitando. Resolvemos parar e fazer o tratamento adequado para zerar e voltar melhor.

Você hesitou em parar por conta da competição que o Rogério impõe ao grupo?

Foi um dos fatores que coloquei na balança. Eu queria me firmar, mas as dores me limitavam. A competição é boa, saudável, o elenco ganha com isso. Não teve um jogador que não tenha jogado no Campeonato Paulista, o Rogério deu rodagem a todos. Isso é bom, cada um mostrou seu valor e o nível de competição subiu. Quem ganha com isso é o São Paulo.

E como foi a recuperação?
O pessoal acha que ficar no DM (departamento médico) é botar o chinelo e ficar deitado na cama, mas não é bem assim (risos). A partir do momento em que consegui readquirir os movimentos, foram dois períodos durante o mês todo, e um aos domingos. Trabalhei bastante no Reffis e agradeço ao pessoal (fisioterapeutas e médicos) que tem muita paciência conosco. Quando está ali, jogador fica chato para caramba porque quer sair fora logo. Eles fizeram um grande trabalho e agora, graças a Deus, estou zerado.

Que movimentos, exatamente, eram limitados pela dor?
Era uma dor na região lombar que limitava o movimento do tronco para frente. Abaixar o tronco em direção ao solo me doía as costas. Para chutes e saltos eu não sentia tanto. Agora, graças a Deus, zero, estou sem dor nenhuma, podendo trabalhar legal.

Ceni cumprimenta Sidão, pegador de pênaltis no Torneio da Flórida (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Ceni cumprimenta Sidão, pegador de pênaltis no Torneio da Flórida (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Você era o goleiro que mais atuava quando saiu por lesão. Agora, esse goleiro é o Renan Ribeiro. Como vê sua posição nesse retorno?
O Denis e o Renan se revexaram bastante. O Renan está num grande momento e o Denis conseguiu ficar algumas partidas sem sofrer gols, que era o que mais se cobrava no São Paulo. O time conseguiu esse equilíbrio, nós falávamos que isso iria se ajustar com o tempo. O time está há quatro partidas sem sofrer gols e acho que tenho de recuperar o tempo perdido trabalhando bastante para ficar à disposição do Rogério e poder entrar na briga com os caras.

Que bom que você voltará com a defesa mesno exposta, não é?
Sim, é bom ver que o grupo evoluiu bastante, tem números muito bons na defesa e o ataque continua fazendo bastante gols. É legal poder voltar com essa tranquilidade de que o grupo cresceu da forma como dizíamos lá atrás.

O fato de o Rogério ter dado chance a todos os goleiros é um estímulo nesse momento em que você, teoricamente, volta alguns passos para trás?
É um estímulo, mas o que passa pela minha cabeça neste momento é voltar a trabalhar e estar junto com o grupo. Vou ter que ralar e chegar ao nível dos caras que estão jogando, com um ritmo diferente do meu. Minha preocupação é voltar e trabalhar junto com eles.

É que, normalmente, um terceiro goleiro não tem muita perspectiva de jogar, e aqui tem sido diferente, o Renan virou titular.
Geralmente, nos outros clubes, os goleiros (reservas) treinam sabendo que são mínimas as chances de jogar. Só por cartão ou lesão do titular. Aqui o Rogério mudou isso, colocou todos para jogar e poder mostrar seu valor. O São Paulo colocou três goleiros no mercado e mostrou o nível de competitividade aqui dentro. Quem joga quer se manter em todos, algo que o Rogério fazia bastante (risos), mas eu acho legal porque todo goleiro treina visando jogar. Não ter essa esperança é ruim para qualquer pessoa, o que o Rogério faz é legal para todo mundo.

Vocês já falaram isso para o Rogério? “Quando era você, não gostava de rodízio, né?”
Não (risos), ele sabe disso, ele foi o que foi como jogador por conta disso, bateu recordes por isso. O pessoal do Reffis conta que ele fazia loucuras para jogar, e jogava.

E o que você acha disso? Ouço pessoas dizerem que é ótimo rodar, inclusive os goleiros, mas por outro lado há quem diga que o goleiro deve ser definido e jogar sempre.
Aqui no Brasil tem muito tabu, né, meu? Eles precisam ser quebrados. Eu gostaria de entrar e permanecer em todos os jogos, todo goleiro pensa e quer isso, mas não vejo de todo mal. A oportunidade é dada a todos, isso é justo. Muitas vezes você fica dois ou três anos treinando sem um jogo. Aconteceu com o Léo aqui. Ele entrou no último jogo do Brasileiro, ano passado, e está super bem no Paraná. Talvez pudesse ter tido uma sequência no São Paulo com mais oportunidades. Isso vai de cada treinador, não vou recriminar o Rogério por isso, acho justo que todo mundo tenha oportunidade de jogar.

O mata-mata está chegando e há possibilidade de pênaltis. Isso é um trunfo para você, que se destacou nas disputas do Torneio da Flórida, contra River e Corinthians?
Preciso primeiro ficar bem, no nível dos caras. Quero poder ajudar da melhor maneira. Tenho o maior orgulho de vestir essa camisa e quero estar à disposição.

Nos pênaltis vocês estudam? O clima do momento, o ambiente, tudo isso pesa demais?
Há uma certa tendência (dos batedores), o pessoal do vídeo (analistas de desempenho) traz o material de quem vai jogar, o canto que o cara tem mais confiança. Mas na hora do jogo tudo pode acontecer, você pode se precipitar e sair muito antes, aí o cara muda o canto. Vai muito do momento da partida, mas dá para dar uma estudada nos caras que vão bater.

Acompanhei sua recuperação nas redes sociais porque você compartilha muito seus momentos, mesmo pessoais, em casa. Acha importante essa interação?
Se eu tivesse oportunidade, lá atrás, de acompanhar mais os caras, eu acompanharia. Há 10 anos não tínhamos isso, acho legal mostrar um pouco do nosso dia a dia, como é difícil e como trabalhamos para estar aqui. Muita gente nos trata bem, muitos xingam para caramba, temos que ter paciência, mas acho válido. Somos exemplos para muitas crianças que sonham em ser jogadores. Acho legal poder dar bons exemplos para a criançada.

Fonte: Globo Esporte

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