Onde estão Nobre e Aidar, símbolos da rivalidade entre Palmeiras e São Paulo

O Choque-Rei desta quinta-feira, às 20h30, na Arena do Palmeiras, revive histórias de uma das maiores rivalidades no futebol paulista. Dentro e fora de campo, ela foi realçada ainda mais durante as gestões dos ex-presidentes Carlos Miguel Aidar (abril de 2014 a outubro de 2015, interrompida pela renúncia) e Paulo Nobre (janeiro de 2013 a dezembro de 2016).

Era fim de abril de 2014 quando Aidar, então presidente do São Paulo, convocou entrevista coletiva para falar sobre a contratação de Alan Kardec, à época saindo do Palmeiras. Ali, além de tirar um dos principais jogadores do rival, o dirigente aproveitou o momento de sucesso para provocar e iniciar uma guerra nos bastidores com Paulo Nobre, na época presidente do Palmeiras.

– A manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética. Demonstra, infelizmente, o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que, ano após ano, se apequena com manifestações dessa natureza.

A declaração do mandatário são-paulino só colocou fogo em uma relação que sempre teve conflitos históricos entre os dois rivais, que são vizinhos de muro nos centros de treinamento na Barra Funda.

– A relação entre Palmeiras e São Paulo é péssima desde os anos 40 e com essa administração não será diferente. Somos éticos e não bonzinhos, e continuaremos com nossa política – respondeu Paulo Nobre, que chegou a dizer que o rival tentou roubar o estádio Palestra Italia.

De lá para cá, muita coisa mudou nos clubes e também na vida dos dirigentes, que atualmente estão afastados do dia a dia de Palmeiras e São Paulo. Enquanto Aidar continua trabalhando como advogado e pouco aparece publicamente, Nobre viaja o mundo, tem fotos viralizadas com demonstrações de amor ao Palmeiras e foca em sua carreira como piloto de rally.

Paulo Nobre do Palmeiras e do rally

Após se despedir da presidência palmeirense e romper com seu antigo aliado, Maurício Galiotte, Nobre se afastou totalmente da vida política e administrativa do clube. Atualmente, virou um tipo de celebridade na internet que ganha espaço nas redes sociais de vez em quando. Sempre com camisa do Palmeiras e ostentando seu amor pelo clube.

Antes de mostrar um visual diferente, com barba e cabelos longos, e aproveitar o longo período ausente dos holofotes para viajar pelo mundo e recuperar sua rotina como piloto de rally, Nobre colecionou conquistas dentro e fora de campo como dirigente.

Paulo Nobre (à direita) como competidor de rally (Foto: Reprodução)

Paulo Nobre (à direita) como competidor de rally (Foto: Reprodução)

Desde a coletiva de Aidar, em abril de 2014, o Palmeiras conseguiu se livrar do rebaixamento para a Série B meses depois. A partir dali, iniciou-se um período de vitórias esportivas e administrativas, que resultaram nos títulos da Copa do Brasil de 2015 e do Brasileirão de 2016.

– O que eu posso comentar? Esse senhor participou das negociações do Palmeiras com a Crefisa? Ele viu o contrato? Como ele pode falar do que acontece na casa dos outros? Talvez fosse mais adequado que ele pudesse cuidar da sua administração conflituosa e cheia de escândalos – disse Nobre, em janeiro de 2015, após Aidar afirmar que o valor de patrocínio do contrato palmeirense era inferior ao divulgado pelo clube.

Em dezembro de 2016, em sua última entrevista ao GloboEsporte.com como presidente do Palmeiras, Nobre evitou falar sobre as rusgas com Carlos Miguel Aidar.

– A natureza marca. Não quero falar dele especificamente porque não quero ficar perdendo meu tempo falando de pessoas que não valem a pena. Eventualmente as pessoas, falando de uma maneira geral, que não prestam, um dia a vida cuida.

Paulo Nobre no período em que foi presidente do Palmeiras (Foto: Cesar Greco / Fotoarena)

Paulo Nobre no período em que foi presidente do Palmeiras (Foto: Cesar Greco / Fotoarena)

Mesmo afastado do clube, Paulo Nobre representa uma importante ala política palmeirense. Atualmente, três dos quatro vices da gestão de Maurício Galiotte são ligados ao ex-presidente (Genaro Marino, Victor Fruges e José Carlos Tomaselli). No fim do ano, o clube terá nova eleição presidencial, e a expectativa é que o grupo de Nobre tente aprovação do Conselho Deliberativo para ter uma chapa no pleito.

Aidar e o São Paulo

Depois de renunciar ao cargo de presidente do São Paulo sob denúncias de corrupção, em outubro de 2015, Aidar teve pouquíssima participação na vida do clube. Consultado pela reportagem, ele preferiu não dar entrevista.

Diferentemente de Nobre, não há registros de aparições públicas. A postura é de afastamento, mas ainda há uma ligação com o clube.

Carlos Miguel Aidar permanece como membro nato do Conselho Consultivo, órgão que reúne os ex-presidentes do São Paulo. Ele, inclusive, participou da uma reunião deste conselho no fim do ano passado.

O integrante Milton José Neves diz ter organizado naquela ocasião um bate-papo com Vinicius Pinotti, então diretor executivo de futebol, para tenta ajudar o time, em meio à briga contra o rebaixamento no Brasileirão, e esclarecer dúvidas sobre a crise. Outras pessoas e o próprio Aidar confirmaram a participação na reunião.

Aidar no dia em que renunciou ao cargo de presidente do São Paulo: 13 de outubro de 2015 (Foto: Joanna de Assis)

Aidar no dia em que renunciou ao cargo de presidente do São Paulo: 13 de outubro de 2015 (Foto: Joanna de Assis)

Embora siga no Conselho Consultivo, Aidar não pertence mais ao Conselho Deliberativo. Ele e o ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, personagem central do processo que culminou na renúncia, foram expulsos, em abril de 2016.

À época vice-presidente de futebol, Ataíde agrediu Aidar em uma reunião, divulgou e-mail e uma gravação de uma conversa com ex-presidente. Nela, Aidar oferecia uma comissão a Ataíde na contratação do zagueiro Gustavo, da Portuguesa. A gravação também expôs dúvidas sobre um contrato da Under Armour, fornecedora de material esportivo que será substituída pela Adidas, com Cinira Maturana, namorada do ex-presidente. Aidar admite que ela tentou negociar, mas diz que o contrato não foi feito.

Aidar movia ação penal contra Ataíde. Na Justiça, acusava o ex-dirigente pelos crimes de calúnia, injúria e difamação. O processo foi arquivado em setembro de 2017, após Ataíde pagar R$ 5 mil ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo.

Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar foram da mesma diretoria entre 2014 e 2015 (Foto: Marcos Ribolli)

Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar foram da mesma diretoria entre 2014 e 2015 (Foto: Marcos Ribolli)

Depois de sair do Tricolor, Aidar também teve de deixar o escritório “Aidar SBZ”, fundado quatro anos antes. No dia 20 de dezembro, o sobrenome do cartola foi retirado da empresa, que desde então se chama “ASBZ”. Posteriormente ele fundou o “Aidar Advogados”.

O cadastro de Aidar consta como “regular” na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Há, inclusive, processo distribuído em dezembro de 2017 e com atualização na última terça-feira no qual o ex-presidente do São Paulo advoga para uma das partes envolvidas. O escritório responsável pela ação é o “Braga Nascimento e Zilio”. Em seu site o nome de Aidar aparece como um dos profissionais.

Dentro de campo

Depois da entrevista de Aidar com as bananas, em abril de 2014, o São Paulo foi eliminado duas vezes na Copa do Brasil (2014 para o Bragantino e em 2015 para o Santos, poucos dias depois da renúncia), eliminado pelo Santos na semifinal do Paulista (2015) e terminou o Brasileiro como vice-campeão.

Se contabilizadas todas as eliminações posteriores, sob as gestões do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o Tricolor teve: quedas para Audax e Corinthians (Paulistão 2016 e 2017), Juventude e Cruzeiro (Copa do Brasil 2016 e 2017), Defensa y Justicia (Sul-Americana 2017) e Taça Libertadores (Atlético Nacional).

Foram dez treinadores de 2014 até hoje: Muricy Ramalho, Milton Cruz, Osorio, Doriva, Edgardo Bauza, André Jardine, Ricardo Gomes, Pintado, Rogério Ceni e Dorival e Júnior.

Além de Alan Kardec, pivô da polêmica entrevista de Aidar, Wesley também se transferiu do Palmeiras ao São Paulo em novo episódio de guerra nos bastidores entre os rivais. O volante saiu do Tricolor sob críticas da torcida no ano passado, quando se transferiu ao Sport, e agora está no América-MG.

Fonte: Globo Esporte

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