Multicampeão, Lúcio trata Paulistão como Copa do Mundo

Pentacampeão com a Seleção Brasileira em 2002, campeão da Champions League, tricampeão alemão… O currículo de Lúcio é impressionante, mas ele ainda quer mais. Se para muitos o Paulistão Chevrolet é um campeonato que só atrapalha, para o zagueiro do São Paulo é a oportunidade de uma conquista inédita.

No domingo, o São Paulo inicia, contra o Penapolense, no Morumbi, a caminhada na reta final do Estadual. A partida será única e decisiva: quem ganhar avança para as semifinais e, em caso de empate, a vaga será disputada nos pênaltis.

Aos 34 anos, Lúcio trata todas as competições da mesma forma:

– Eu encaro com a maior seriedade, com a mesma concentração, mesmo foco e também o mesmo desejo. Acredito que sou muito grato a Deus por poder jogar futebol e, para mim, título é título. Não importa se é um título europeu, se é uma Copa do Mundo ou se é outro campeonato. Para mim, quando se fala de títulos é sempre importante você vencer. E o Campeonato Paulista é importante e também difícil pelo fato de ter outros grandes clubes. Então, o foco tem de ser o mesmo.

Como passou 12 anos da carreira no futebol europeu, o defensor ainda não sabe o que é ter participação em um título aqui no Brasil. O elenco são-paulino também não é especialista em conquistas de Paulista. Apenas quatro jogadores já foram campeões do torneio (veja abaixo).

O duelo diante da equipe de Penápolis será diferenciado. O São Paulo jogará com um uniforme todo na cor vermelha em homenagem às novas cadeiras do Morumbi. O clube tem feito diversas campanhas para incentivar o torcedor a ir ao estádio e usa o slogan de que o vermelho é a cor da raça. Para Lúcio, além disso, a cor também é sinônimo de sucesso. No Inter e no Bayern (ALE), ele vestiu uniforme vermelho e só tem a comemorar as passagens.

Faltam apenas quatro jogos para o Tricolor se tornar campeão paulista. Taça que terá um significado especial para Lúcio e pode ser a primeira de muitas pelo São Paulo.

Confira um Bate-Bola com Lúcio, em entrevista exclusiva ao LANCE!Net:

Você já ganhou todos os principais títulos do mundo. Em que você busca motivação para jogar um campeonato estadual e buscar o título dessa competição?
Eu acredito que é o sonho do dia a dia. É levantar cedo para vir treinar, enfrentar todas as dificuldades, os momentos difíceis que passamos semanas atrás, dúvidas e críticas. Isso tudo para mim serve de motivação e penso sempre em colocar isso para o lado positivo. Sem dúvida, minha motivação de acordar e saber que estou em um grande clube e poder jogar futebol é a minha maior motivação e é poder fazer o meu melhor em campo.

Por ter ficado no banco de reservas durante o campeonato, terminá-lo como titular e com a taça é algo que busca para dar a volta por cima?
Acredito que tropeços, quedas, vão sempre acontecer, mas o mais importante é você sacudir a poeira, dar a volta por cima, se levantar e seguir em frente. Acredito que você tem de mostrar o seu valor. Aqui todos são importantes, quando se vence um título todos são lembrados, é um trabalho de grupo. Para mim também é importante passar por momentos difíceis e de adaptação. Quando entro em campo procuro fazer o melhor para o São Paulo e para ajudar a minha equipe.

O que acha da fórmula do Paulistão, que está sendo criticada?
É complicado porque a vantagem, depois de todo o sacrifício nas 19 rodadas para chegar em primeiro lugar, é pequena. Os primeiros colocados poderiam ter vantagens um pouco diferentes, talvez a vantagem do empate em casa ou algo parecido. Mas isso é inútil ficar remoendo. Temos de jogar com as regras da competição. Mesmo que para muitos não é uma grande vantagem, jogar em casa para nós faz diferença e contamos com o apoio da nossa torcida.

O jogo com o Penapolense será especial porque a equipe jogará de vermelho, até uma cor que você vestiu muito na carreira. É importante fazer parte da história do clube?
É importante. Para nós também é um motivo de motivação poder jogar com uma camisa inédita dentro do Morumbi. Para a torcida e para a equipe será importante. A gente espera contar com o apoio da torcida em um momento de festa. Mas a gente está focado dentro do campo, no jogo. Estamos concentrados na partida porque a gente sabe que a equipe adversária não chegou em vão, tem a sua qualidade, temos que fazer o nosso melhor para sair com a vitória.

Você se considera campeão gaúcho de 1997, pelo Internacional?
É complicado. Eu estava inscrito, estava no grupo e treinava com eles. Não cheguei a jogar nenhuma partida. Estava acabando de chegar e subindo para o profissional. Mas eu prefiro olhar para frente, os títulos que conquistei servem de trampolim para me motivar para próximos. Eu sou um cara que procuro ao máximo não viver do passado, mas do presente, do que está acontecendo. Futebol é momento, eu acredito que temos de estar provando a cada dia. Somos testados todos os dias. Um dia está lá em cima, outro dia é o pior do mundo. Então tem de estar provando a cada dia, tem de mostrar em campo a cada dia o seu valor, o seu limite, esse é o grande segredo do futebol.

Acha que o Paulistão também ajuda para a Seleção Brasileira?
Acredito que o Felipão já conhece não só o meu futebol como o de vários jogadores. Eu, a princípio, quero fazer o melhor aqui e deixo a possibilidade de voltar a defender a Seleção nas mãos de Deus.

Os campeões paulistas do elenco são-paulino:

– Rogério Ceni
Goleiro conquistou os títulos de 98, 2000 e 2005. O primeiro, contra o Corinthians e o segundo, diante do Santos. Em 2005, foi pontos corridos.

– PH Ganso
Meia pode se sagrar tetracampeão paulista seguido. Vencedor em 2010, 2011 e 2012 com o Santos, Maestro busca seu primeiro com o Tricolor.

– Carleto
Assim como Ganso, Carleto foi campeão do torneio pelo alvinegro da Vila Belmiro. Título do camisa 16 veio no ano 2007, contra o São Caetano.

– Fabrício
Volante ganhou o Campeonato Paulista pelo arquirrival Corinthians, em 2003, justamente em cima do clube do Morumbi.

Carreira e títulos de Lúcio:

Juventus (ITA)
Conquistou a Supercopa da Itália, em 2012, logo quando chegou no clube. Atuou como titular em uma das poucas partidas que fez na Juve. A Supercopa é disputada em jogo único, no início da temporada, entre os campeões da Serie A (Juventus) e da Copa da Itália (Napoli) das temporadas anteriores.

Internazionale (ITA)
Após chegar à Itália, venceu por duas vezes a Copa da Itália (2009/10 e 2010/11), venceu a Serie A na temporada 2009/10, e no mesmo ano levantou o troféu principal do continente, na Liga dos Campeões. Venceu também a Supercopa da Itália em 2010, e o Mundial no fim do ano.

Bayern de Munique (ALE)
Venceu a maioria dos títulos que disputou pelo clube. Foram dois títulos da Copa da Liga Alemã (2004/05 e 2007/08), três da Copa da Alemanha (2004/05, 2005/06 e 2007/08), e três do Campeonato Alemão (2004/05, 2005/06 e 2007/08).

Bayer Leverkusen (ALE)
Jogou no clube até a temporada 2003/04 e ficou próximo de entrar para a história do clube. Na final da Liga dos Campeões da temporada 2001/02, fez gol contra o Real Madrid (ESP) de Figo, Raul, Zidane e Ronaldo, mas acabou derrotado por 2 a 1.

Internacional
Ficou no clube entre 1997 e 2000, e chegou a ser campeão gaúcho no primeiro ano. Foi contratado no decorrer do estadual – antes atuou por Guará e Planaltina –, não era titular, mas tem o troféu no currículo. Depois, não conseguiu outro troféu estadual.

Seleção Brasileira
Com mais de 100 jogos com a Amarelinha, Lúcio foi campeão da Copa do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e no Japão, com a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari. Até a conquista, ele e os parceiros Roque Júnior e Edmilson, do trio de zaga, eram os mais contestados em uma Seleção que se classificou com muita dificuldade nas eliminatórias. Também participou dos títulos da Copa das Confederações, em 2005 e 2009, e foi capitão da Seleção Brasileira nas duas últimas edições da Copa do Mundo: na Alemanha, em 2006, e na África do Sul, em 2010, quando acabou eliminado nas quartas de final para França e depois Holanda, respectivamente.

Fonte: Lance

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