Lugano relata drama de Carneiro após doping

Gonzalo Carneiro está com depressão e buscou ajuda clínica após ser afastado do esporte por um caso de doping. É o que contou Diego Lugano, relações institucionais do São Paulo, na terceira parte da entrevista exclusiva com o ídolo tricolor publicada pelo UOL Esporte.

O ex-zagueiro foi o responsável por indicar a contratação de Carneiro em abril do ano passado, quando o atacante estava machucado e longe de uma renovação com o Defensor, de Montevidéu. Lugano viu o negócio como uma oportunidade de mercado de baixo custo — foram investidos cerca de R$ 2,6 milhões na contratação —, mas admite que o jogador sofreu para se adaptar ao futebol brasileiro e não conseguiu prosperar. O dirigente só lamenta não ter conseguido mais falar com Carneiro.

“Não, não falei ainda. Sei que ele está com depressão, que foi procurar ajuda clínica. Mas não falei com ele. Sei que isso acontece com muitos meninos. É muito mais comum do que as pessoas imaginam. É incrível, cara, a quantidade de gente que sofre em silêncio com isso e ninguém sabe”, disse Lugano.

O São Paulo suspendeu o contrato de Carneiro assim que o caso de doping foi anunciado, como é de praxe. O clube ofereceu apoio ao atacante, que logo foi para o Uruguai ficar com a família e cuidar da saúde. Meses depois, em outubro, um julgamento definiu a suspensão de dois anos para o atleta são-paulino.

Lugano agora se preocupa com o futuro de Carneiro, afinal, vê casos de depressão e uso de drogas como tabus no futebol: “Talvez os jogadores tenham medo da exposição, por serem figuras públicas. O futebol faz com que jovens recebam uma pressão muito grande muito cedo, que as pessoas dessa idade normalmente não têm. Cada vez mais os psicólogos e sociólogos estudam isso e falam que 33% dos jogadores têm algum tipo de depressão ou são propensos a ter. É algo muito grande e pode fechar portas, assim como para quem teve problemas com drogas. É claro que o futebol não é uma ONG que pode viver para resolver o problema dos outros, mas é triste”.

Na vida e na carreira, Lugano diz que nunca sofreu com depressão, mas lembra que foi difícil conviver com a instabilidade emocional gerada pela temporada de 2017. Era seu último ano como jogador e o São Paulo brigava para não cair, mas no fim foi possível se recuperar e se manter saudável.

“São picos emocionais. Em 2017, foi o mais próximo que tive, uma tristeza profunda e não havia tempo para lamentar. Esse tema é delicadíssimo, precisa ser estudado. E os clubes grandes como o São Paulo precisam ficar cada vez mais atentos. Já vi muitos casos. Não foi um, não foram dois, nem três. Foram muitos”, alertou.

 

Fonte: Uol

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