Finalistas de 2003 lamentam falta de gols no Majestoso: “Difícil de ver”

Corinthians e São Paulo decidem neste domingo o Campeonato Paulista de 2019. Há 16 anos, os mesmos clubes disputavam a decisão do Estadual de 2003, repleta de gols e emoções. Se o jogo de ida, no último fim de semana terminou empatado em 0 a 0, no início da década passada Corinthians e Tricolor balançaram as redes nada mais, nada menos que dez vezes em duas partidas, realidade bem distante dos dias atuais, em que há cada vez mais obstáculos para furar a defesa rival.

Dividida em duas partidas, a decisão do Paulistão de 2003 contou com dois verdadeiros timaços. De um lado, o São Paulo de Rogério Ceni, Ricardinho, Kaká, Julio Baptista e Luis Fabiano. Do outo, o Corinthians de Vampeta, Jorge Wagner, Gil e Liedson. A qualidade incontestável das duas equipes fez com que a partida de ida tivesse cinco gols, com o Corinthians saindo vitorioso por 3 a 2. Na volta, o placar se repetiu a favor da equipe alvinegra, campeã daquela edição.

“Nosso futebol parou um pouco, está difícil de ver. A gente comenta quando está entre amigos, com ex-jogadores de futebol: ‘Pô, o que aconteceu com o nosso futebol?’, porque taticamente os treinadores de hoje exigem muito e há 15 anos, 20 anos, fazíamos algo diferente dentro de campo, quebrávamos regras”, afirmou Gustavo Nery, titular do São Paulo no jogo de ida da final de 2003, no Morumbi.

Hoje auxiliar técnico do Corinthians, Fabinho também relembrou os Majestosos de 2003, que marcaram a última final de Campeonato Paulista disputada pelo São Paulo desde então. O ex-volante acredita que o modo como se joga futebol já não é mais o mesmo, e as tarefas táticas que os atletas precisam cumprir dentro de campo acabam se tornando barreiras difíceis de serem superados na busca por gols.

“Na minha opinião, eu acredito que a postura das equipes hoje [é a principal responsável pelo empate sem gols no jogo de ida]. Hoje o futebol mudou, o futebol está muito mais rápido, dinâmico, e as equipes estão muito melhor postadas e com uma preocupação tática muito alta, devido à exigência que o futebol tem hoje. O futebol evoluiu muito, principalmente na questão tática, na aplicação tática dos jogadores”, comentou Fabinho, auxiliar de Carille.

Para se ter uma ideia, nos 11 clássicos paulistas disputados até agora em 2019, apenas 11 gols foram marcados. O São Paulo empatou sem gols com o Palmeiras nas duas semifinais e com o Corinthians no jogo de ida da decisão, partidas que colaboraram com a média ruim de bolas nas redes nesta edição do Campeonato Paulista.

“Às vezes fica até chato, 0 a 0 o primeiro jogo, vai para o segundo jogo agora. Todo mundo pergunta como vai ser a final. Se continuar na mesma, para mim vai ser 0 a 0. Algo tem que ser feito. Na minha época a gente fazia algo diferente, procurava algo a mais, e isso tem que partir dos jogadores, não só do treinador. Acho que vai muito do atleta, dos 11 que começam. Às vezes, quem entra pode fazer a diferença e mudar o ritmo do jogo, quebrar essas linhas para que algo possa acontecer”, disse Nery, criticando a postura dos jogadores da atualidade.

“Quando eu jogava, fazia a função do lado esquerdo, mas tinha hora que eu atravessava lá para o outro lado. O treinador gritava de fora, mas queria resolver o problema da minha equipe, e ali dentro a gente resolvia. Se ganhasse ou se perdesse, a gente discutia lá no vestiário. Hoje o jogador respeita muito a parte tática”, completou o ex-lateral-esquerdo tricolor.

Apesar de a final deste ano entre Corinthians e São Paulo contar com menos emoção, ao menos no jogo de ida, Fabinho crê que o título estadual será tão importante para o Corinthians quanto foi em 2003. Afinal de contas, muitas coisas estão em jogo para o clube do Parque São Jorge. Caso erga o troféu, a equipe alvinegra se sagrará tricampeã paulista, e Cássio entrará para a história como o goleiro mais vitorioso da história corintiana.

“O título nosso ainda não ocorreu, mas, para mim, teve uma importância muito grande, porque estava começando minha história no clube, alcançando minhas metas individuais. Para mim, foi muito importante vencer e aprender a ganhar aqui. Mas, acredito que, para o clube, caso a gente tenha êxito na partida, os dois títulos têm a mesma importância. Para nós, vai coroar um trabalho que começou há pouco tempo, com jogadores novos. Naquela época tínhamos um time um pouco mais experiente”, concluiu.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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