Ex-diretora diz que multinacional pagou propina para liberar obras

Uma ex-diretora financeira da BGE, empresa do grupo Brookfield, diz que a multinacional pagou, entre 2008 e 2010, R$ 1,6 milhão em propinas para liberar obras irregulares nos shoppings Higienópolis e Paulista, em SP.

Em entrevista à Folha, Daniela Gonzalez afirma que a empresa que administra vários shoppings pagou propina a Hussain Aref Saab, ex-diretor do setor de aprovação de prédios da prefeitura, e ao vereador Aurélio Miguel (PR).

Aref adquiriu 106 imóveis nos cerca de sete anos em que dirigiu o Aprov, conforme o “TV Folha” revelou em 13 de maio. A suspeita é que cobrava propina para a liberação de obras irregulares.

Segundo Daniela, Aref recebeu suborno dos dois shoppings em vários momentos.

Em um deles, no valor de R$ 133 mil, teria facilitado a liberação de obra no Higienópolis, apesar de o local não cumprir exigências legais.

Já Aurélio Miguel, segundo ela, intermediou na CET, onde tem influência política, as obras de ampliação do Pátio Paulista, mesmo sem o empreendimento ter cumprido exigências do órgão.

Aurélio Miguel e Aref negam as acusações. A Brookfield, em nota, diz que não compactua com atos ilícitos.

Daniela, demitida da empresa em 2010, repetiu as mesmas informações ao Ministério Público, que já abriu inquérito para apurar o caso.

Ela entregou à Folha e aos promotores cópias de notas fiscais e e-mails trocados por diretores do grupo que, segundo ela, comprovam o pagamento de propinas.

Segundo a ex-diretora, os pagamentos eram feitos por duas empresas contratadas pela multinacional: a PAN Serviços de Administração e a Seron Engenharia e Empreendimentos Imobiliários.

A PAN e a Seron, segundo ela, emitiram notas fiscais para “esquentar” a propina e repassavam o dinheiro para Aref e o vereador. O pagamento teria sido feito em estacionamentos de shoppings.

“[O pagamento de propina] era uma prática comum”, disse Daniela à Folha.

Em um dos casos relatados por ela, em junho de 2009, R$ 640 mil foram transportados em um carro-forte. O dinheiro foi destinado, diz a ex-diretora, para Aref e Aurélio Miguel.

Esse pagamento teria sido acertado dias antes, em um café que reuniu o vereador e executivos da BGE no flat George V, no Itaim Bibi.

Outro pagamento a Aref teria sido de R$ 576 mil por meio da Seron, que, na nota fiscal, afirma fazer o “acompanhamento e fiscalização da execução das obras de engenharia no projeto de reforma dos sanitários do shopping”.

“Como pode a fiscalização custar isso, sendo que toda a reforma custou cerca de R$ 2 milhões? Seria o banheiro mais caro do mundo”, diz ela.

O valor seria referente à propina para Aref liberar alvará de reforma do Higienópolis com irregularidades.

A Promotoria já ouviu outra ex-funcionária da BGE, que confirmou as denúncias.

Fonte: Folha de São Paulo

 

Nota do PP: Vejam só onde estamos, onde está nossa oposição. Aurélio Miguel, outrora candidato à presidência do São Paulo, agora acusado de receber propina para liberar obras irregulares. Imaginem que pode passar pelas mãos dele a autorização para a construção da cobertura do Morumbi. Triste situação (e oposição) do nosso São Paulo.

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