Com uniforme da Lusa, filho de Sócrates já perdeu do São Paulo

O tricolor Gustavo Vieira de Oliveira realizou há pouco o sonho de defender o clube para o qual torce e do qual o tio Raí é ídolo. Há duas semanas, aos 36 anos, o filho de Sócrates se tornou gerente executivo do São Paulo. Na juventude, contudo, antes de partir para a advocacia, ao tentar seguir a vocação futebolística familiar ele viveu a experiência de enfrentar em campo o time de coração.

Foi na tarde chuvosa de 12 de janeiro de 1997, na fase de grupos da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Gustavo estava na Portuguesa e entrou na partida no segundo tempo. Do banco de reservas do Ibirapuera, viu o São Paulo, então treinado por Darío Pereyra, fazer três gols dos 37 aos 41 minutos. Apesar da derrota por 3 a 1, sua equipe caiu só no mata-mata, para o Santos.

Técnico da Portuguesa naquele dia, Antônio José Carvalho Salomão, o Macalé, lembra-se de Gustavo com clareza e carinho. Afinal, foram ele e Juninho Fonseca (auxiliar do profissional e ex-companheiro de Sócrates no Corinthians) quem o recepcionaram no Canindé, em maio do ano anterior, tempos depois de o então garoto ter deixado Ribeirão Preto – e o Botafogo, onde o pai iniciou a carreira – para estudar Direito na USP.

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Gustavo, em seu primeiro dia de treino na base da Portuguesa; canhoto, foi volante na Copa São Paulo de 1997 (Crédito: Reprodução/Folha de S.Paulo)

“Éramos amigos do Sócrates. Joguei junto com ele no Botafogo, na década de 1970, tínhamos amizade desde o juvenil, quando ele ainda não era nada, não era famoso. Quando o Gustavo foi para a capital e decidiu treinar, vimos qualidade nele. Ele era grandão, um canhoto muito bom, tanto que foi titular no período todo em que ficou comigo”, recorda o agora treinador do sub-20 botafoguense.

 

Gustavo não foi titular na Copinha, segundo Macalé, apenas porque havia sofrido uma lesão muscular no final da pré-temporada, em Serra Negra. A reserva, porém, não incomodava o segundo volante, que era conhecido antigo de seu comandante, mas não tirava vantagem da relação de amizade construída no interior.

“Tenho de pensar no sucesso do grupo. Não é só jogando que posso ajudar a equipe. Do lado de fora, na base da conversa, também tenho condições de dar a minha contribuição”, argumentou, em entrevista publicada pelo extinto Diário Popular, na época em que ele cursava o terceiro ano da faculdade.

Na sequência da temporada, assim que a USP passou a exigir dele maior dedicação, resolveu optar por um ou outro, ao contrário do pai, que se formou médico e fez história no Corinthians. “No começo, em alguns dias em que ele tinha necessidade, a gente ajeitava para não prejudicar os estudos. Quando começou a precisar se ausentar em tempo integral, ele e o Sócrates me consultaram. Fui sincero, disse que a escola deveria ter preferência”, conta Macalé.

Foi o que Gustavo fez. A exemplo do irmão Rodrigo, que largou as chuteiras ainda em Ribeirão Preto para fazer Medicina, ele focou os estudos e se formou em Direito em 1999. Em vez de ser juiz, seu desejo inicial, especializou-se em Gestão do Esporte pela FVG, onde também chegou a lecionar, e foi membro fundador do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo. Como advogado, já vinha prestando assessoria jurídica ao São Paulo nos últimos anos antes de se tornar gestor.

“Ele deu certo, porque é um grande advogado. O São Paulo contratou uma pessoa honesta, inteligente e que conhece futebol”, elogia seu amigo e ex-treinador.

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