Clube da fé, São Paulo espera vaga nem que seja na moeda

Apelidado de “clube da fé” em 1937 por Thomaz Mazzoni, jornalista de A Gazeta Esportiva, o São Paulo põe em jogo nesta quarta-feira sua sorte na Copa Libertadores. Não basta derrotar o líder Atlético-MG, no Morumbi. O jogo entre o segundo colocado The Strongest e o lanterna Arsenal, do qual ele obviamente não possui controle algum, também tem influência direta no arranjo do grupo 3. Ambos serão às 22 horas (de Brasília).

“Espero que a gente consiga reverter essa situação complicada, nem que seja se classificando por moeda”, disse o treinador.

Em 1943, a moeda do clube “caiu de pé”. Trata-se de uma piada em reposta a um ditado da época. Por conta da hegemonia estadual de Corinthians e Palmeiras naquele período histórico, dizia-se que, jogando uma moeda, era possível acertar o campeão paulista qualquer lado que desse. Ao fim da competição, no entanto, o vencedor foi o São Paulo, o que motivou a ironia dos dirigentes.

Setenta anos depois, provocado por rivais em virtude da grande chance de ser eliminado, o São Paulo pode ter sua sorte realmente lançada ao acaso, porém de outra forma. Se vencer por 2 a 1, e a outra partida terminar 1 a 1, ele se equipararia ao The Strongest tanto em pontos ganhos (sete) quanto em saldo de gols, gols marcados no total e gols marcados como visitante. O critério seguinte para desempate, conforme regulamento, é sorteio.

Reprodução/A Gazeta Esportiva

A expressão “clube da fé” é de autoria de Thomaz Mazzoni. Para enaltecer o renascimento são-paulino, que deixou de existir por um breve período em 1935 pela fusão com o Tietê, o jornalista escreveu, dois anos depois, nas páginas de A Gazeta: “O novo São Paulo F.C. (…) trouxe consigo a maior das riquezas: a fé no seu destino, o amor ao seu nome! Esta fé, este amor, tem levado o pugilo de esportistas que o compõem, o dirigem e o defendem a realizar grandes sacríficios, milagres, apesar de todas as dificuldades, apesar de tanto pessimismo alheio quanto ao seu futuro”.

Foi assim que, em 1999, o Corinthians avançou às quartas de final da Mercosul. Empatado com o Boca Juniors em todos os critérios, o time brasileiro ficou com a vaga após sorteio na sede da Conmebol, no Paraguai. Diante de representantes dos dois clubes, bolas de 1 a 10 foram colocadas em um globo, e o presidente Alberto Dualib optou pelas pares. A sorteada foi a de número 4.

 

Para chegar a esse ponto – ou se classificar até sem sorteio –, o São Paulo antes precisa fazer sua parte nesta quarta-feira, o que leva Ney Franco a diminuir o papel da sorte se o objetivo final for alcançado. “Não sei definir realmente o que é sorte. Em alguns momentos, ela é junção da competência, da eficiência. Tem que ter a parte do trabalho”, comentou.

Se não quiser ficar tão refém de milagres, será preciso superar o Atlético por uma boa vantagem de gols. Isso facilitaria uma combinação favorável, desde que o The Strongest não vença – o Arsenal tem a mesma pontuação do São Paulo, mas quatro gols a menos de saldo neste momento (-2 contra -6). Até a noite de terça-feira, 41 mil ingressos haviam sido vendidos antecipadamente para o confronto no Morumbi. A torcida tem fé.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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