Não fosse o timbre da voz e a maneira específica de cada um falar, muitos poderiam dizer que foi Paulo Autuori quem deu a entrevista depois do empate com a Universidad Católica (CHI). O discurso de Muricy Ramalho foi exatamente igual ao de seu antecessor. A preparação física dos jogadores do São Paulo entrou novamente em pauta e recebeu críticas.

O atual treinador lamentou a queda de rendimento dos atletas na segunda etapa, e as estatísticas comprovam que o Tricolor não consegue manter o mesmo nível do início até o fim do jogo. Nas cinco partidas sob o comando de Muricy até o momento, o time tem apresentado características semelhantes nas respectivas etapas.

Na primeira metade dos confrontos, o São Paulo troca mais passes e finaliza mais por ter uma melhor capacidade física (a única exceção é a partida contra o Goiás). Já nos segundos tempos, mais cansada, a equipe passa a apostar em lançamentos em vez de trabalhar a bola. Com isso, o goleiro adversário é incomodado com menor frequência. O número de faltas cometidas também aumenta na parte final, e um dos motivos pode ser a falta de fôlego para acompanhar os rivais.

O Tricolor passou por duas grandes maratonas em menos de 40 dias. Tanto na viagem por Europa e Japão como no Brasileirão o time teve de jogar quatro vezes em uma semana. O desgaste físico, além de atrapalhar em campo, tem causado lesões. Maicon, Denilson e Welliton sentiram problemas musculares nos últimos dias.

– Não tem um responsável por isso. A culpa é de todo mundo, dos atletas, da comissão técnica e da direção. São vários fatores e o grupo se encontra desgastado. Na sequência dos dias, a comissão técnica, experiente, vai saber contornar a situação para sair dessa situação em que nós nos encontramos – afirmou o preparador físico Zé Mário, que retornou ao clube com a chegada de Muricy Ramalho.

Zé Mário era auxiliar de Alexandre Lopes na comissão de Ney Franco. Procurado pela reportagem, Lopes – hoje no Vitória – preferiu não comentar o momento do São Paulo.

TABELA AJUDA NOS PRÓXIMOS JOGOS

A tabela do Campeonato Brasileiro nas próximas rodadas evitará o desgaste de viagens, fato corriqueiro no segundo semestre da temporada para o Tricolor.

Dos próximos seis compromissos do clube no torneio nacional, quatro deles acontecem no Morumbi (Grêmio, Vitória, Corinthians e Náutico). E nas partidas longe de casa, o time de Muricy Ramalho não precisará percorrer grandes distâncias, afinal enfrentará Santos, na próxima quarta-feira na Vila Belmiro, e Cruzeiro, dia 9 no Mineirão.

Antes do retorno de Muricy, o São Paulo sofreu com maratonas. No fim de julho e início de agosto passou por Alemanha, Portugal e Japão para as disputas da Copa Audi, Eusébio e Suruga, respectivamente, em uma só semana. Por conta da excursão ficou com jogos atrasados no Nacional e voltou a sofrer. A CBF marcou quatro partidas em intervalo de oito dias e a equipe então comandada por Paulo Autuori precisou enfrentar Botafogo, Náutico, Criciúma e Coritiba. Nas duas últimas saiu derrotado e o treinador acabou demitido um dia após o revés para o Coxa.

NA SELEÇÃO, JADSON NÃO TEVE DESCANSO

Camisa 10 do São Paulo, Jadson sequer cumpriu o período de férias como o restante do elenco no mês de junho, durante a pausa do Brasileirão para a Copa das Confederações. O meia foi convocado pelo técnico Felipão e durante a folga dos demais esteve em campo nos treinamentos com os reservas.

Pouco utilizado pelo treinador no torneio, ele entrou apenas nos minutos finais contra a Espanha. Na última quinta, acabou poupado e entrou na etapa final contra a Universidad Católica.
Fonte: Lance