‘Viciado’ em trabalho, Rogério Ceni festeja 41º aniversário em campo

Trabalhar no dia do aniversário pode ser desanimador para muitas pessoas, não para Rogério Ceni. O goleiro festejará seus 41 anos nesta quarta-feira fazendo o que mais gosta: defendendo o São Paulo. O jogo contra o Mogi Mirim, às 22h, no Morumbi, será seu 1.121º compromisso pelo Tricolor. Se fizer gol, chegará a 114. Recordes de uma trajetória de 23 anos e 17 taças, marcada pela dedicação até excessiva.

Ceni já foi visto fazendo exercícios no Reffis em madrugadas de insônia. Muitas vezes, pediu para trabalhar com intensidade normal nos dias seguintes a jogos. Segundo pessoas próximas, esse é o perfil do maior vencedor da história tricolor.

– Teve uma época em que a gente cobrava muito dele, porque ele saía de um jogo na quarta e na quinta já queria ir para campo. A gente colocou na cabeça dele que é preciso fazer um fortalecimento muscular para suportar a carga – diz Haroldo Lamounier, preparador de goleiros.

A dedicação cresce diante das lesões. O goleiro superou um problema no joelho esquerdo para ter atuação memorável no Mundial de 2005, tanto que passou por artroscopia logo depois. A continuidade de sua carreira foi posta em dúvida ao menos duas vezes: em 2009, quando sofreu fratura no tornozelo esquerdo, e em 2012, quando operou o ombro direito. Em todas as ocasiões, voltou antes do prazo estipulado pelos médicos.
– Ele me contou que um conselheiro foi visitá-lo depois da cirurgia no tornozelo e, tentando ser simpático, falou: “não se incomode, você foi muito importante, um grande jogador”. O Rogério dizia: “pô, o cara queria me agradar e me enterrava” (risos). Aquilo o motivou – recorda Marco Aurélio Cunha, ex-superintendente de futebol são-paulino.

Apesar de sua enorme representatividade, o capitão é discreto fora dos gramados. Marco Aurélio conta que já o viu abraçar e beijar pessoas deficientes ou com graves queimaduras sem a preocupação de ser fotografado. Para ir à casa do goleiro, só tendo uma grande relação de amizade. Sua esposa, Sandra, jamais aparece em público. E até para se divertir ele evita os holofotes: nada de fotos em redes sociais (não tem nenhuma) ou figurinos espalhafatosos. Em 2006, foi com o zagueiro Lugano a um show da banda U2, no Morumbi, disfarçado com peruca e óculos.

O Mito se expõe mesmo quando o assunto é o São Paulo. Para muitos, Rogério age como se fosse “dono” do clube e desrespeita a hierarquia. Para outros, porta-se de acordo com sua importância e é motivador.

– Quando ele pegou o jornal e viu o Gerrard falando que o Liverpool era imbatível, colocou na parede e só falou: “existe motivação melhor?”. Todo mundo ficou com ainda mais vontade de ganhar o Mundial. O patrão sabe motivar – lembra o atacante Aloísio Chulapa, companheiro do goleiro de 2005 a 2008.

Perder? Nem em rachão. O atacante Grafite classifica Ceni como “pessoa de ótimo caráter e com personalidade para defender o clube”.

– Uma vez, ele discutiu com o auxiliar do Cuca em um rachão. Foi a primeira vez que vi a personalidade forte dele. Se tem que falar na cara, ele fala. Sempre dizendo a verdade – contou o atacante, que jogou no São Paulo entre os anos de 2003 e 2006.

Fonte: Lance

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