Sucessão: MAC tentará candidatura. Juvenal quer Natel ou Leco

A pouco menos de um ano do fim do último mandato de Juvenal Juvêncio, começou a corrida presidencial no São Paulo. Tanto na situação, pela sucessão, quanto do outro lado. Fora da diretoria desde 2010, o ex-superintendente Marco Aurélio Cunha tentará a candidatura em abril de 2014. Tentará. Porque sabe que ainda precisa reunir uma chapa para ter o direito. Ele critica as atuais decisões técnicas da diretoria, respeita Juvenal, mas fala com ênfase sobre a necessidade de novas ideias.

– Não tenho dúvida que poderia ser um nome que cuidaria do São Paulo de forma primorosa. Minha preocupação é que o São Paulo ultimamente tem tido personagens que conhecem muito pouco tecnicamente. Se esgotaram as ideias, as propostas, há uma repetição de erros que fazem com que o clube patine – diz Marco Aurélio Cunha.

Para ser candidato, Marco Aurélio precisa do apoio de 55 conselheiros vitalícios do clube para formar uma chapa. A tarefa é árdua, pois o São Paulo conta com 160 vitalícios entre 240 conselheiros, no total, e o atual presidente tem grande poder sobre todos os universos políticos do clube. Porém, Juvenal Juvêncio deve preferir correr o risco de não costurar uma chapa única, por medo de rejeição à medida antidemocrática.

Na situação, Juvenal trabalha com três nomes para sua sucessão: Roberto Natel, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e Adalberto Baptista. No ano passado, ele anunciou a seus aliados que seu preferido era Natel, vice social. O apadrinhamento se dá pela relação próxima de Juvenal com Laudo Natel, primo de segundo grau de Roberto. Ele, porém, não é figura popular no Conselho. O vice-presidente Leco, então, seria a alternativa. Conhecido, experiente e com controle político. Adalberto, braço-direito de Juvenal, só seria candidato se o futebol – seu departamento – estivesse bem. Hoje, é tido como improvável.

– Não sou candidato a nada. Mas reúno todas as condições para ser. Sou um dirigente leal e próximo, que está no São Paulo com Juvenal Juvêncio há muitos anos. Se for chamado para tão importante missão, estarei disponível – admite Leco. Natel e Adalberto foram procurados pela reportagem, mas não quiseram falar sobre o tema.

Marco Aurélio Cunha, que trabalha pela candidatura, pede renovação, e direciona as críticas ao departamento de futebol. Só não se confirma como candidato porque ainda precisa da chapa, mas diz que renunciaria até ao cargo de vice-presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, assumido em 2013, pela cadeira mais importante do clube.

Situação quer impedir rachadura em três candidatos

O maior medo de quem trabalha pela sucessão de Juvenal Juvêncio, na situação, é rachar as próximas eleições em três candidatos, sendo um deles Marco Aurélio Cunha. A avaliação dos aliados do atual presidente é que, caso dois dos três preferidos de Juvenal (Natel, Leco e Adalberto) se tornassem candidatos, haveria grandes chances de Marco Aurélio vencer em abril de 2014.

Por isso, o processo de escolha do candidato da situação acontece de forma cuidadosa. A intenção é evitar dissolução interna no grupo de aliados de Juvenal. Hoje, o preferido do atual presidente ainda é o vice social Roberto Natel, mas o cenário pode mudar caso ele não consiga grande aceitação no Conselho Deliberativo.

MAC ainda terá de passar por reeleição

Por não ser conselheiro vitalício do São Paulo, Marco Aurélio Cunha precisará ainda ser reeleito como conselheiro para se tornar candidato à presidência. Este obstáculo, no entanto, é mais fácil de ser superado. Nem os aliados de Juvenal Juvêncio que trabalham contra a candidatura do ex-superintendente acreditam que exista a chance do conselho não o reeleger. O pleito acontece também em abril de 2014, cerca de 20 dias antes da eleição presidencial.

Marco Aurélio deve também conseguir a chapa de 55 conselheiros vitalícios porque, segundo membros da situação, Juvenal Juvêncio teme o repúdio do conselho à chapa única. A medida antidemocrática abriria espaço para disputas internas na situação.

Marco Aurélio Cunha: ‘Abriria mão de qualquer pretensão política. O São Paulo é prioritário’

L!Net: Vê sua possível candidatura só como uma voz por mudanças ou acha que pode ser eleito?
MAC: O que mais quero é estimular a mudança. Não necessariamente passa pela minha candidatura. Precisamos de mudanças estruturais, de pensamento e raciocínio. Esse ciclo se encerra. É preciso dar chance a outras pessoas. Juvenal sempre falou em oxigenação,falta oxigenar certas diretorias.

L!Net: Quando a ideia de tentar ser candidato se amadureceu?
MAC: Sempre fui solidário lá. Mas chega um momento em que você não é ouvido, suas ideias são praticamente ignoradas. Não quer dizer que as minhas sejam as melhores, mas não há debate.

L!Net: Acha que tão difícil quanto ser eleito é conseguir uma chapa com 55 vitalícios neste conselho?
MAC: Acho que os vitalícios têm de ter o compromisso com o clube, não com o presidente. Vitalícios são pessoas de mais idade. São mais de 120 conselheiros com mais de 70 anos, com a sua vida talvez mais resolvida. Esse conselheiro tem orgulho do clube. E ele está muito entristecido, não está saindo de casa, porque a equipe vai mal. E só com a equipe indo bem que ele recupera esse prestígio. Ele vai refletir que é hora de mudar.

L!Net: Quais necessidades de mudança dentro do clube você vê?
MAC: Juvenal tem méritos inesgotáveis, melhorou o patrimônio do clube, receitas. Mas houve esgotamento de ideias e muitos equívocos. É fundamental tecnicamente no futebol, para você não colocar um garoto que chegou do Penapolense há dez dias para virar o jogo contra o Atlético-MG no Independência. Isso é um erro técnico, absurdo. Para você não mandar embora dois jogadores de Cotia que nada fizeram de errado. Quando você fala que Cotia é a maior formação de jogadores, não é. É o maior lugar, é o maior espetáculo feito de formação, sob o ponto de vista de estrutura. Mas quem opera não deve estar operando bem. Esses erros técnicos que queremos corrigir. Não dá para falar na primeira pessoa. Respeito o Juvenal, tenho por ele afeto, carinho. Mas tem um momento, que quando o São Paulo se transforma em “eu”, ele passa a cometer um equívoco. Tem que ser sempre “nós”, e não “eu”. “Eu” é um pouco pesado numa coletividade de 15 milhões a 17 milhões de torcedores. Quando começa a haver erros, eles têm de ser assumidos. Qualquer presidente que estiver em 2014, ele tem que cometer no plural: “nós”.

L!Net: Quando você fala do futebol, fala do Adalberto Baptista, diretor?
MAC: Futebol do São Paulo anda muito mal. Porque talvez tenha sido posta uma atribuição a uma pessoa que está conhecendo futebol agora. Adalberto é são-paulino fanático, pessoa de boa índole, mas o conhecimento técnico não existe. Talvez seja a forma intempestiva de trabalhar, nas demissões e contratações. E esse é o erro técnico. Ele pode melhorar? Claro. Mas foi posto onde não havia preparo para ser posto. Simplesmente futebol é outra coisa. O erro do São Paulo foi a soberba. Quando ganhamos os campeonatos todos de 2005 a 2008, ficou uma impressão de infalibilidade, que o São Paulo não precisava de ninguém, que o Reffis recuperava todos os lesionados, que todos tinham interesse em jogar no São Paulo. Tudo isso era verdade, mas deixou de ser.

L!Net: Dessas demissões você inclui Luiz Rosan, fisioterapeuta?
MAC: Sim, o São Paulo demitiu recentemente quase todos os profissionais de preparação e medicina. Você não pode perder a propriedade intelectual. Quando se antipatiza coloca por esse caminho: “não era um funcionário diarista”. No caso do Rosan, quebrou-se a hierarquia porque não queria pegar ingresso para ir ao estádio. Você tem de saber lidar com esses profissionais de topo. Não é como em uma fábrica, no futebol você tem de saber lidar com cada um, com as diferenças.

L!Net: Crê que a proximidade do Rosan com você contribuiu para a demissão?
MAC: Acho que sim, o Adalberto falou que o Rosan era instrumento de alguém com ambições políticas no São Paulo. E o Rosan nunca fez qualquer palavra por minha causa. Eu saí há dois anos e meio. Ele não vem à minha casa, eu não vou à casa dele, mas somos amigos, às vezes nos falamos. Nós perdemos Turíbio, Carlinhos, Wellington, e fomos trazendo remendos. É como jogar tudo para cima e começar de novo. São Paulo não é clube de começar de novo. Eram profissionais consagrados, que rebatiam opiniões técnicas erradas. Isso causou algum estresse e foram demitidos. Aí entra a conduta do futebol. Futebol é prestar atenção em cada um de forma igual, mas isso numa grande empresa não existe. Grande empresa você vai lá, trabalha, recebe e vai embora. Mas isso não é futebol.

L!Net: Você foi reeleito em 2012 como vereador de São Paulo, e é vice da Câmara. Renunciaria ao cargo se assumisse a presidência do clube?
MAC: Se fosse o caso, sim. Sem nenhum problema. Claro que tenho uma satisfação com 40 mil eleitores, mas acho que seria compreensível. Claro que ainda é uma coisa muito distante. Mas abriria mão de qualquer pretensão política, sim, como abri mão de muito pelo São Paulo. São Paulo é prioritário para mim em relação à vida pública.

L!Net: Nos moldes de hoje, o candidato da situação sempre será favorito no São Paulo. Se as eleições fossem diretas, acha que você ganharia com facilidade?
MAC: Não tenho nenhuma dúvida. Nenhuma dúvida com eleição direta. É o torcedor que me fez tomar essa atitude. Eu estava aguardando, cuidando na minha vida, mas o número de mensagem que recebo por dia são centenas. Pessoas na rua, celular, Twitter, Facebook… É uma corrente de gente. São Paulo não são só aqueles personagens que dirigem o clube. E são essas pessoas que me dizem: “Vai lá, mude”. E vou fazer aquilo que me pediram. Não precisa ser o Marco Aurélio, mas nós vamos mudar. As cadeiras têm que mudar. São ciclos, e este ciclo terminou. E cada conselheiro do clube que for à rua e perceber isso tem de fazer uma reflexão.

Fonte: Lance

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