Sem Luis Fabiano, Jadson chama responsabilidade de manter time vivo

Jadson não tinha uma comemoração padrão no ano passado. Neste, ele resolveu ter. Afinal, já são oito gols, dois a menos do que fez em toda a temporada anterior pelo São Paulo, quatro a menos do que Luis Fabiano, principal artilheiro, tem até aqui. Ao ver a rede balançar, o meia dá, com a mão direita, seguidos tapas no braço esquerdo e mostra à torcida – antes ressabiada – ser um camisa 10 não só de assistências (seis em 2013), mas que chama a responsabilidade.

Nesta quinta-feira, a obrigação é vencer o The Strongest, em La Paz, para não comprometer a classificação já ameaçada às oitavas de final da Libertadores. Além da altitude de 3.600 metros da cidade boliviana, a equipe precisa superar o desfalque de seu camisa 9, suspenso por ofender a arbitragem na partida de 7 de março, contra o Arsenal, no Pacaembu.

“O único pensamento é a vitória. Não podemos nem pensar em empatar”, disse Jadson, em entrevista à Gazeta Esportiva.net, dois dias depois de ter feito gol contra o Corinthians, horas antes de ser convocado para a Seleção Brasileira. Na conversa, que Luis Fabiano momentaneamente interrompeu ao ouvir a palavra “crise”, o meia comemorou a ótima fase – e o enfim bom relacionamento com a torcida – e falou da parceria com Paulo Henrique Ganso, anteriormente questionada e tratada como concorrência.

Fernando Dantas/Gazeta Press

Tapa no braço direito: meia comemora o gol marcado no clássico de domingo, contra o rival Corinthians

GE.net: Na sua chegada ao São Paulo, você convivia com algumas críticas da torcida. Hoje é um dos principais jogadores do time. Como tem sido o relacionamento com os torcedores?
Jadson: Estou muito feliz. No ano passado, a torcida, todos esperavam que eu chegasse e já mostrasse um bom futebol. Alguns jogadores demoram um pouco, outros não. Pegou um pouco essa questão de readaptação. A torcida ficou desconfiada, mas, aos poucos, fui ganhando a confiança de todos. Na reta final da Sul-americana, fiz bons jogos e ajudei a equipe a conquistar o título. Neste ano, estou conseguindo provar que tenho qualidade. Estou provando que tenho condições de jogar com a 10 do São Paulo.

 

GE.net: Você cresceu de produção no ano passado depois da chegada do Ganso. Foi só coincidência ou ter uma concorrência sadia ajudou? 
Jadson: O Ganso é um grande jogador, joga mais ou menos na mesma posição. O Ney até comentou um tempo atrás que nós dois iríamos brigar por posição. É claro que isso ajuda um pouco. Com uma sombra, você é obrigado a trabalhar mais, a dar o melhor nos jogos. Foi isso o que eu fiz. Recebei oportunidade no primeiro jogo da temporada e fiz gol. Contra o Bolívar, dei assistência. Daí para frente, fui agarrando a oportunidade e estou tendo sequência.

GE.net: Agora estão jogando juntos. O esquema encaixou? 
Jadson: No começo, questionavam se daria certo ou não. Mas, de um tempo para cá, temos feito boas atuações juntos. A equipe ganha muito em posse de bola, em técnica. A gente conversa e se ajuda, e a equipe cresceu bastante, o aproveitamento está sendo bom. Vamos tentar continuar dessa forma.

Djalma Vassão/Gazeta Press

Vice-artilheiro da temporada, com oito gols marcados, Jadson é esperança da torcida que antes desconfiava

GE.net: Para seguir em alta neste ano, foi importante você participar da pré-temporada? 
Jadson: Foi. É sempre bom participar da preparação no início do ano. As coisas têm dado certo tanto para mim quanto para o São Paulo. A equipe está fazendo bons jogos e eu estou tendo boas atuações. Além das assistências, que eu já vinha dando no ano passado, estou conseguindo fazer gols. Estou feliz com esse momento e trabalho para melhorar a cada dia.

 

GE.net: Mas a pré-temporada serviu mais para afinar o entrosamento ou para sua parte física (quando chegou, em 2012, precisou aprimorar o condicionamento até ser utilizado por Emerson Leão)? 
Jadson: Entrosamento, a gente já tinha com os jogadores do ano passado. Com os que chegaram neste ano, a gente pegou entrosamento no decorrer das partidas. Foi mais para a parte física. Aqui no Brasil, a pré-temporada é muito curta. Mas consegui fazer uma boa preparação, o que me ajudou. Estou bem fisicamente para ajudar a equipe.

GE.net: Falando do time, desde aquela derrota para o Arsenal, o São Paulo engatou uma sequência de vitórias. Mesmo na derrota para o Corinthians, o time foi muito bem. O que mudou de lá para cá, além do esquema? Foi ambiente? O que foi conversado com o Ney Franco? 
Jadson: Nossa equipe já vinha jogando bem, mas os resultados da Libertadores acabaram pesando um pouco. As pessoas começaram a falar que nosso time estava em crise, mas não tinha nada de crise, não. Tudo… (neste momento, Luis Fabiano passa ao fundo e interrompe momentaneamente a resposta: “Gostei. É isso aí, fala isso mesmo. Também fala que não tinha porra nenhuma de tristeza…”) Nossa equipe focou mais. A união de todos para mostrar que não estava dessa forma foi o que a gente trabalhou para sair dessa situação.

GE.net: O Luis Fabiano não pôde participar de alguns jogos na campanha campeã da Sul-americana, em que você, ao lado do Lucas, se destacou. O quanto pesa a ausência dele, que não joga nesta quinta-feira pela Libertadores? 
Jadson: Ele é um grande jogador, centroavante que sabe fazer gol e é conhecido por ter jogado na Europa, em Copa do Mundo. Os jogadores mais jovens o veem como ídolo. Isso, às vezes, ajuda. Pela pressão sobre o jogador, ele se sobressai. Vai ser uma perda grande para nós, mas temos um grupo forte. O Aloísio também tem se destacado e vai repor (o desfalque).

GE.net: Acabou de dizer que o grupo é forte. Tem força para vencer nesta quinta-feira? 
Jadson: Tecnicamente, nossa equipe é muito boa. Só que, além de jogar contra um adversário que não é bobo – jogamos contra eles aqui, são organizados –, vamos ter que jogar contra a altitude, que é um adversário invisível, mas bem complicado. Vamos ter que nos superar. Além da técnica, vamos ter que lutar bastante para sair com a vitória. O único pensamento é a vitória. Não podemos nem pensar em empatar.

GE.net: O que, então, a torcida pode esperar de diferente daquela derrota para o Bolívar, na última vez que o time foi a La Paz?
Jadson: Nossa equipe tem que jogar da mesma forma que jogou o primeiro tempo daquele jogo, agressivamente. Claro, tentando fazer os gols. Mas, como agora temos experiência da altitude, temos que saber dosar na hora de atacar forte e de trabalhar mais a bola. Sabemos da responsabilidade e vamos buscar essa vitória para continuar na Libertadores.

Fonte: Gazeta Esportiva

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