São Paulo busca acordo sobre ação para separar futebol do clube social

O presidente Carlos Miguel Aidar, do São Paulo, começou a tentar viabilizar a ideia de separar a administração do futebol do clube social. A divisão seria complexa e dependeria de um acordo na Justiça, além da aprovação do Conselho Deliberativo, do Conselho Consultivo e da convocação de uma assembleia geral de sócios para poder ser colocada em prática. Ela seria a solução para dar fim à uma ação movida por conselheiros do clube contra o Tricolor em 2011, no Tribunal de Justiça de São Paulo, por causa do terceiro mandato do ex-presidente Juvenal Juvêncio.

Nesse momento, a ação tem um recurso pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Para demover os envolvidos de tentar novos recursos e dar fim ao processo, Aidar oferece a possibilidade de uma nova eleição no clube social, confirmando a anulação do terceiro mandato de Juvenal.

Com o possível acordo, Aidar abriria mão de administrar o clube social, sob a supervisão de um novo presidente eleito, mas tornaria o futebol independente, ideia antiga e discutida há anos no Tricolor. Tal divisão só seria viável depois de uma alteração no estatuto e teria de superar questões jurídicas e burocráticas.

Com esse tema em pauta, o mandatário teve uma reunião na manhã da última quinta-feira. O encontro teve as participações do presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o presidente do Conselho Consultivo, José Eduardo Mesquita Pimenta, o diretor jurídico, Leonardo Serafim, o conselheiro vitalício Francisco de Assis, um dos autores da ação que anularia todas decisões tomadas no clube desde 2004 (ano em que houve alteração no estatuto sem aprovação dos sócios), além de dois advogados.

– Estou disposto a conversar, não a retirar a ação. Estou nessa luta há anos. Esse assunto (separação do clube social do futebol) é falado há anos, mas não é fácil de resolver. O atual presidente está conversando sobre isso, que poderá ser colocado em pauta no futuro. Não tenho uma opinião formada sobre o assunto, porque não sei de todos os detalhes – disse Francisco de Assis, um dos autores da ação.

Segundo Leco, a complexidade da questão demandaria muito tempo para uma divisão desse nível ser confirmada no São Paulo.

– Achei positivo que tenhamos conversado a respeito. Agora, os advogados vão receber o material que o Aidar ficou de mandar, vão analisar e depois vão apresentar algum estudo e uma proposta de trabalho. A ideia colocada foi de pensar na separação do clube social do futebol. Não tenho uma opinião formada. Ela pode ser encarada de forma normal, boa ou ruim, mas o problema é a complexidade da coisa. Demanda muitas e muitas providências. A ação anularia todos os atos desde 2004, o que é algo absolutamente impensável. Mas nesse ponto o Francisco está sensível para que sejam feitos acertos que acomodem as divergências. De qualquer forma, será necessária uma assembleia geral – afirmou o presidente do Conselho Deliberativo.

Na visão de Pimenta, a separação seria benéfica para o clube. Mas tudo depende antes de um acordo para dar fim ao processo judicial.

– Seria interessante. O futebol virou negócio e não dá para se administrar como um clube social, com 23 diretores amadores, ou não remunerados. No passado era interessante, mas hoje não é mais possível – disse o presidente do conselho consultivo.

– Admitindo a hipótese de um acordo, precisaria haver uma convocação para eleger um presidente social. Ele teria autonomia e independência completa do São Paulo. Poderia até ter um nome parecido, como São Paulo social, mas com uma administração independente do futebol. Mas primeiro precisa resolver essa questão (processo) e ver o que os sócios e são-paulinos acham disso – completou Pimenta.

Após uma reforma no estatuto do São Paulo, o presidente passou a ficar três anos no poder (antes eram dois). Assim, Juvenal Juvêncio teve o primeiro mandato entre 2006 e 2008, o segundo entre 2008 e 2011 e o terceiro entre 2011 e 2014. Na época, Aidar, que hoje é adversário ferrenho do ex-presidente, era o advogado do clube que tornou legal a interpretação necessária para a alteração.

Por conta da mudança, diversos conselheiros, entre eles Francisco de Assis, entraram com a ação. O clube perdeu em primeira instância, mas recorreu e ganhou, tornando legítimo o mandato de Juvenal Juvêncio. Assim, os conselheiros da oposição buscam outro recurso para que o processo seja julgado em Brasília, no Supremo Tribunal Federal.

O GloboEsporte.com tentou falar com o presidente Carlos Miguel Aidar e com o diretor jurídico Leonardo Serafim, mas ambos preferiram não se pronunciar sobre o assunto.

 

Fonte: Globo Esporte

3 comentários em “São Paulo busca acordo sobre ação para separar futebol do clube social

  1. Muito cuidado nessa hora…tem gente que pode estar tentando ser dono de algo que não lhe pertence.
    Sem conselho para fiscalizar, fica muito mais fácil fazer as coisas como achar mais conveniente.
    Ok, alguns podem alegar que durante os anos de chumbo do JJ o conselho não ajudou em nada, só atrapalhou. O que é verdade, mas vejam que agora a situação mudou, se não fosse o conselho o clube já teria pago a comissão do Jack e ninguém teria contestado.
    Mesmo na época do JJ, o conselho barrou um projeto de reforma do Morumbi, projeto esse absolutamente restrito aos donos do poder na época. Tudo obscuro. Quem ganharia com esse projeto?
    Uma boa reforma administrativa e política resolveria grande parte dos nossos problemas.

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