Raí elogia trabalho, mas diz que não dá para comemorar nada agora

Raí assumiu a diretoria executiva de futebol do São Paulo em dezembro do ano passado, após o time escapar do rebaixamento no Brasileirão. Depois de 12 reforços contratados e com o Tricolor na liderança do mesmo campeonato, o ídolo faz balanço positivo do trabalho, mas avisa:

– Não existe trabalho bem sucedido no meio da temporada. Estamos com um bom trabalho até o meio do ano. É aquela velha história: manter a primeira colocação é tão difícil quanto chegar nela – afirmou.

Considerado um dos principais responsáveis pela ascensão do São Paulo, dentro e fora de campo, Raí diz já ter um elenco-base para a próxima temporada.

– Todos os jogadores que estão aqui têm contrato, no mínimo, até o fim do ano que vem – disse.

Nessa conversa com o GloboEsporte.com, o diretor-executivo de futebol do Tricolor falou também da importância do bom ambiente no grupo, de como isso ajudou a detectar quem não estava na mesma sintonia e da necessidade de manter os pés no chão em relação à liderança do Brasileirão.

GloboEsporte.com: qual balanço você faz do time até aqui e do seu trabalho no comando do futebol do São Paulo?
Raí: 
– Bom, o balanço é positivo. Mas sabendo que no futebol você vive por temporadas e a nossa vai até dezembro. Vemos uma clara evolução no perfil do grupo, na identidade, na entrega… Essas são questões que mostram o crescimento.

– E eu vim incorporar uma estrutura. Já existia um movimento no clube, de diretores executivos, que mostra um caminho do clube que obviamente ajuda a ter resultado. E o resultado ajuda também a fortalecer esse modelo. Estou satisfeito com o meu trabalho e com o grupo também.

O elenco está fechado? Já há algum planejamento para o ano que vem?
– Estava comentando esses dias: todos os jogadores que estão aqui têm contrato, no mínimo, até o fim do ano que vem. E são todos eles atletas muito importantes. Foi uma construção feita não só pensando neste ano, mas também nos próximos anos. Pretendemos manter uma base.

Sua identificação histórica com o São Paulo te ajuda mais ou te coloca mais pressão?
– Essa é uma resposta que pode ser parecida com a de jogador de futebol: é pressão, mas estamos acostumados com isso (risos). Mas é verdade, o futebol é pressão o tempo todo. O São Paulo viveu duas temporadas difíceis e a pressão aumentou independentemente de quem estava no comando. O fato de ser uma pessoa com identificação, com uma história com o São Paulo, traz esperança e uma cobrança a mais, uma expectativa mais alta. Tem esses dois lados. É preciso equilibrar.

Estar acostumado ao clima de pressão, então, te ajuda no dia a a dia?
– Nesse aspecto é verdade. Estar acostumado com pressão, com vaias, aplausos, me ajuda em tudo na vida. Nesse cargo também. Sempre digo que um dos pontos fortes, de trabalhar em equipe, é saber lidar com pressão. A gente vive isso. É algo que se torna natural.

Você contratou 12 jogadores nesta temporada e apenas o Valdívia não deu certo e saiu. Você faz um balanço positivo das contratações do São Paulo até agora?
– Foi muito positivo, mas quero destacar também o ambiente que a gente construiu no São Paulo. A chegada da nova comissão técnica (de Diego Aguirre) agregou muito nisso. Fomos construindo um ambiente que facilita ao jogador que chega colocar todo o potencial para fora.

O ambiente, então, é um grande trunfo do São Paulo?
– Às vezes você tem um contexto no clube que não propicia ao jogador mostrar todo o potencial. E no São Paulo os jogadores têm dado resultado. Isso mostra a vontade de alguns virem para cá. Nós estamos sentindo isso. Com certeza no Campeonato Brasileiro temos exemplo de grandes atletas, que tem potencial, mas que às vezes estão num contexto que não conseguem render.

Isso é mérito de quem?
– É uma construção. Tem mérito das lideranças do grupo, da comissão técnica e que vêm também da diretoria.

Esse bom ambiente ajudou a diretoria a detectar também quem não estava na mesma sintonia do elenco, como o Cueva, por exemplo?
– Quando você forma um grupo que cria uma identidade como essa, quem não se encaixa acaba se sentido fora da vibe do grupo. E a comissão técnica também tem esse perfil, ela é direta com os jogadores. Quer? Não quer? Esse perfil do Aguirre, nesse aspecto, ajuda bastante também.

Alguns jogadores contratados pelo São Paulo disseram “quando o Raí liga, as coisas mudam”. O que você diz para eles?
– (risos) Acho que junta muita coisa. Tudo o que eu construí na minha carreira com a identidade de um grande clube que é o São Paulo, a lembrança de um momento muito vitorioso do time. E acho que desde o começo, desde a conversa com o Diego Souza, de mostrar um projeto, de voltar a ser vitorioso, contar alguns pontos do projeto, passa uma verdade. E as pessoas compram essa ideia de estar no projeto.

O São Paulo terminou o primeiro turno como líder. Como controlar a euforia da torcida e também blindar o elenco e manter todos com os pés no chão?
– Isso é um trabalho do dia a dia. Fazer com que os atletas entendam que nossa grande força tem sido essa entrega, pensar nos detalhes, todo mundo pensando em se doar em sua tarefa. Essa é a grande força. Mas tem de estar de olho, porque o assédio aumenta, a euforia da torcida aumenta. Tem que tentar se blindar disso. Depois que vencemos o Sport, fomos jantar, e, mesmo depois de uma vitória fora, não tinha festa. Estamos caminhando com consciência. É um grupo maduro.

Independentemente do que acontecer daqui até o fim da temporada, o trabalho do São Paulo nesta temporada já é bem sucedido, com a recuperação da identidade?
– Não existe trabalho bem sucedido no meio da temporada. Estamos com um bom trabalho até o meio do ano. É aquela velha história: manter a primeira colocação é tão difícil quanto chegar nela.

Fonte: Globo Esporte

6 comentários em “Raí elogia trabalho, mas diz que não dá para comemorar nada agora

  1. Aos poucos Raí vai mostrando seu valor fora das 4 linhas e abafando o mimimi de sempre e a cornetagem. E Leco apesar dos vários erros cometidos, e quase lançando o clube diretamente na série B por conta do excesso de vendas, conseguiu diminuir o ódio da torcida por ele ao colocar Raí como gestor do futebol tricolor.

  2. Boa entrevista, está aprendendo a ser diretor de clube e não ONG!

    A temporada só será boa com título, fora isso será outro fiasco devido as eliminações que sofremos!

    Paulo Pontes, você sabe ou poderia questionar o SPFC o porque os ingressos estão subindo a cada rodada? Cada jogo agora é cinco ou dez reais mais caro!

    • Resposta de Guilherme Palenzuela, diretor de Comunicação do São Paulo, à sua indagação:
      “O que está acontecendo é que estamos colocando em prática um trabalho de precificação dinâmica nos valores dos ingressos. O Morumbi tem uma particularidade em relação aos outros estádios que é: quase que invariavelmente, sempre haverá mais oferta do que demanda por lugares, já que o estádio tem 67 mil lugares. Por isso, percebemos que para melhor equilíbrio entre renda e público, o melhor seria tratarmos cada jogo de uma maneira diferente, por isso cada jogo tem tido um valor. Mas a variação não é “subir lentamente”, basta você ver os valores dos ingressos.
      O que influencia o valor são principalmente dia do jogo, horário e adversário.”

      Abraços

      • Obrigado Paulo Pontes. Entendi.

        Mas não concordo, penso que um campeonato de pontos corridos o valor cobrado em cada setor tem que ser fixo, pois todos os jogos tem a mesma importância e valem 3 pontos. Parece que com a ascensão do time na tabela faz o preço subir… no ano passado isso não foi praticado, pelo menos não percebi, parece estranho.

        Infelizmente não temos um metrô para ir aos jogos, estacionar em jogos com grande público está impossível se você não chegar duas horas antes. A avenida Giovani Gronchi está sendo fechada antes dos jogos a 1 KM do estádio, fazendo o ato de estacionar uma aventura e se estiver a pé temos que dar uma volta pelo bairro, uma expedição pelo Morumbi graças ao fechamento da avenida. Se for de transporte público, na volta não passa ônibus pelo estádio, só voltam a passar depois de uma hora a uma hora e meia após o fim dos jogos. Agora temos ingressos de até 200 reais, uma simples cadeira atrás do gol está 80 reais… diante das condições que estamos passando para ir em jogos com grande público e a situação econômica do brasileiro não concordo com esses aumentos em campeonato de pontos corridos.

        No caso de um campeonato com mata-mata eu concordo com variação de valores.

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