Ney Franco: ‘Ganso foi fritado’

Durou um ano a passagem de Ney Franco no São Paulo. E um mês após sair o treinador resolveu romper o silêncio diante das seguidas críticas de jogadores do clube, em especial de Rogério Ceni. Em setembro de 2012, num jogo pela Sul-Americana, torneio que o São Paulo conquistou, o goleiro gesticulou e reprovou publicamente uma substituição de Ney Franco, que o repreendeu.

Desde então, a relação se deteriorou. O treinador diz que o goleiro extrapolou os limites do campo, participa da vida política do clube e mina, nos bastidores, profissionais cujas contratações não o agradam. Ney Franco revela que uma das vítimas da “fritura” de Ceni é Paulo Henrique Ganso.

Como encarou as críticas de alguns jogadores após sua saída?

No início, fiquei surpreso. Já passei em várias equipes e sempre saí numa boa, com o desgaste natural de um técnico. Mas é preciso filtrar algumas coisas. Fiquei um ano no São Paulo e, na primeira parte, o trabalho foi muito bom, com título. Havia quatro anos que o clube não conquistava um título, havia três que não ia para a Libertadores. Assumi um time que estava ganhando um jogo e perdendo outro no Brasileiro. Fizemos a melhor campanha do segundo turno (em 2012). Havia um diálogo, e este comando perdemos depois, na Libertadores. Sei que são declarações infelizes, que se aproveitam do momento.

Por parte do Rogério Ceni?

Talvez pelo problema que tivemos. Não sei se ele leva isso até hoje. O tempo dirá quem está certo. Fechamos bem o ano (2012), ele na dele, e eu fazendo o meu trabalho com respeito. Só que, a cada turbulência, esse assunto voltava. Não sei se ainda mexia com ele.

Rogério extrapolou os limites de um jogador?

Sem dúvida. Extrapolou o limite. Até participa da vida política do clube, há uma disputa por seu apoio político. Ele tem consciência do que representa.

E isto atrapalhou seu trabalho?

Em 2013, não tive nele o capitão de que precisava. Havia a preocupação de quebrar marcas individuais. Até em contratações: se chega um nome que é do interesse dele, ele fica na dele; se não é, reclama nos corredores. E isso chega aos contratados, como Ganso, Lúcio. E eu, como técnico, ficava no meio disso.

A evolução do Ganso pode ser prejudicada por Rogério?

Ganso chegou num ambiente… Percebeu claramente as coisas. Chegou ao ouvido dele. Havia uma fritura por trás e pode atrapalhar. Nos corredores, era o que se escutava, que quando Ganso jogava o time tinha um jogador a menos.

É difícil que um profissional não aprovado por Rogério dê certo no São Paulo?

Mais ou menos isso. Se está bom para o Rogério, este profissional vai bem. Se não, se chega um profissional que ele não concorda, a tendência é ser minado. E nos dois últimos meses de trabalho eu sabia que havia interesse de parte do grupo na minha saída. Depois, Rogério disse que meu legado no clube foi zero. Antes de trabalhar no São Paulo, vários jogadores da base do clube se valorizaram comigo na seleção. Quando cheguei, Jádson e Osvaldo cresceram. O Lucas teve um boom e foi negociado. E subi jogadores. Além de termos ganho a Copa Sul-Americana no fim de 2012.

E o Mílton Cruz (auxiliar técnico do São Paulo)?

Ele é muito ligado ao clube. Em qualquer problema que envolva alguém que tenha poder de convencimento no São Paulo, ficará deste lado. Antes da minha queda, me foi dito que ele já tinha ligado para outro treinador. Fico à vontade para falar, porque não tive qualquer problema direto com ele. No primeiro treino, eu e meu auxiliar (Éder Bastos) o chamamos para o campo. Ele não quis. Não o afastamos. Meu auxiliar foi massacrado. Ele trabalha muito e, pela primeira vez, vi um profissional ser penalizado por trabalhar muito. Se ele tirou espaço de outro, é porque este profissional não ocupou um espaço.

E você achou que agora era hora de se posicionar?

Ele (Rogério) direcionou de uma forma que, se o São Paulo não der certo na temporada, eu sou culpado. Se der certo, é porque chegou outro treinador e consertou. O time era quinto colocado quando saí. E não é verdade que estava mal fisicamente. Tenho os dados. E alguns jogadores que estão no clube me ligaram, dizendo que não concordam com a forma como as coisas aconteceram, como estou sendo tratado. Mas têm medo da forma como Rogério lida. Nem tudo foi minha culpa. Há uma oposição declarada, uma pressão no clube minando o trabalho. Não era o Ney Franco, era qualquer um que estivesse ali.

Já recebeu convites para voltar a trabalhar?

Tive três sondagens de clubes da Série A do Brasileiro. Em duas não tive interesse. A outra, que me interessou, foi do Fluminense. Eles me ligaram, mas fecharam com Vanderlei Luxemburgo.

Acha que pode se queimar?

Eu tenho conquistas, não é um momento ruim que vai apagar tudo o que já fiz. Agora quero ver jogos, repensar, ver o que deu certo no São Paulo e o que não deu. E não vou ficar me culpando por tudo. Espero pegar um time de Série A que possa ganhar a Copa do Brasil ou o Brasileiro, embora, em tese, quem trocar de técnico no Brasileiro será por estar embaixo na tabela.

Você se vê numa elite de técnicos brasileiros?

Acho que sim. Tenho uma média de um título por temporada. Quem pegar o currículo vai ver. Tenho conquistas e também revelei muitos jogadores. Outro dia mesmo fiquei feliz por ter sido lembrado pelo Renato Augusto. Toda mudança de técnico que acontece em clubes grandes me procuram. O que já fiz me credencia a dirigir qualquer equipe. Não vou deixar as críticas me jogarem para baixo.

Você se arrependeu de ter deixado a CBF antes das Olimpíadas?

Nunca, de forma alguma. Foi uma decisão madura, tomada de forma segura. E a passagem pelo São Paulo foi boa, pelo título sul-americano, pela valorização e pela parte econômica. Quem sabe no futuro, com novos títulos, não volto para a CBF para dirigir a seleção principal? É um sonho.

Por falar em seleção, como viu o trabalho do Felipão e o título da Copa das Confederações?

Felipão e Parreira têm experiência de seleção brasileira. E Felipão é expert em competições de tiro curto, em fechar o grupo e fazer os jogadores darem o máximo. E, ao contrário do que se prega, é antenado, sim. Conhece o futebol europeu. Ele mobilizou o time e deu à seleção muita disciplina tática.

Fonte:O Globo

9 comentários em “Ney Franco: ‘Ganso foi fritado’

  1. O Ganso realmente foi fritado.

    Foi fritado pelo treinador. Ou alguém já se esqueceu que Ney Fraco NUNCA escalava o jogador?

    Tava com “medinho” do Rogerio Ceni?

    Conversa para boi dormir – treinador com prazo de validade, foi assim em todos os clubes.

    Isso só prova o caráter deste FDP.

    Vê se o Muricy abre a boca para falar do Rogerio Ceni?

  2. RUMO Á SEGUNDONA. . .
    Talvez a verdade esteja no meio – como sempre.
    Ney foi muito mal no São Paulo e o RC se intromete muito e intimida até a diretoria mesmo.
    Só que um tem muuuito crédito a favor; o outro apenas uma copa (de segundo linha).
    Dois mais dois, quatro; nove fora zero. Passado é passado e o futuro é o perigo da Segundona. Mas estamos em evolução (pequena é verdade), e acho que vamos ganhar mais uma copinha no Japa.
    abraços. . .

  3. 1000 vezes Rogério Ceni que zero Ney Franco. Técnico despeitado, rancoroso e igual a todos os demitidos: quando empregados, o clube é o máximo; quando demitidos o clube é abaixo da crítica. Rogério Ceni é líder, ama o Soberano, é um profissional invejável e se tem poder no clube é porque mereceu, porque conquistou respeito, porque entende mais de futebol que a maioria dos jogadores de qualquer time, inclusive o São Paulo, porque entende mais de futebol que o próprio Ney Fraco e porque é dono de recordes que dificilmente serão batidos. qualquer clube do planeta gostaria de ter Rogério Ceni em seu elenco, como jogador, como profissional e como pessoa. Rogério Ceni ficará na história como os grandes do futebol, Ney Franco será lembrado somente por seus familiares. e olhe lá. no mais, brasileiro detesta quem se destaca por merecimento próprio, sem apadrinhamento.

  4. Nossa, com quem o Ney Franco está andando? O cara não é ninguém ainda e está todo convencido! Acabou de ser ESCORRAÇADO do SP e diz que é treinador de elite? Se bem que qualquer “Joel Santana” é treinador de elite no Brasil né…

    Meu deus, quanta esquizofrenia.

  5. Temos que reconhecer que o Ney Franco está absolutamente correto nas suas declarações. Ele é um cara extremamente equilibrado e não entendi o motivo de ele estar sendo frito pelo Rogério. Vale lembrar que o próprio Rogério era só elogios quando ele chegou. Antes dele, o time era treinado pelo Leão. Quando o Ney chegou, o Rogério disse que finalmente o time tinha comando, que agora o ambiente era melhor, que o Ney tinha adotado “o melhor esquema tático do mundo.” Depois vem queimar o cara?! Achei um absurdo. A culpa do time ter ido mal nesse ano não é só do Ney Franco, mas principalmente da diretoria, que ficou com todo o dinheiro da venda do Lucas e trouxe para o time o Ganso, que joga na mesma posição que o Jadson, e não na posição em que jogava o Lucas.

    • O que ele diz é verossímil, mas não explica a queda de desempenho. O time perdeu o rumo quando ele sentiu a pressão e começou a inventar.

  6. E nota deisssssss,

    Quem fritou Ganso foi voce,

    que nao conseguiu arrumar nosso time

    depois da saida de Lukas.

    Voce, fala muito e produz pouco.

    ???? Qual a tatika, que voce deixou ???????

    Nem fundamentos basicos seu time mostrava com qualidade.

    Voce, felizmente e passado, e normal contraatacar

    nas entrevistas, porque no campo jamais.

    Que nunca mais volte pros lados do MORUMBI.

    Fique la pros lados da Selemerda que seu lugar.

    Diretoria, voces conseguem ser piores que ele.

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