Muricy contraria fama, abdica de ‘chuveirinho’ e dá lugar a jovens de Cotia

Muricy Ramalho derruba, neste retorno ao São Paulo, parte dos estigmas que carrega pela passagem no clube entre 2006 e 2009, quando se tornou tricampeão brasileiro e ídolo da torcida. Este São Paulo, que se salvou do rebaixamento após a chegada do treinador, não usa três zagueiros, não cruza bolas na área, não depende tanto da bola parada e dá até espaço para jovens jogadores revelados no CFA de Cotia. Tudo em absoluta diferença do que aconteceu até 2009.

 

O São Paulo de 2013 nunca teve a jogada aérea como ponto forte. Até a 19ª rodada do Brasileirão, segundo números doDatafolha, a equipe era a 16ª no ranking entre as 20 que mais cruzavam bolas por jogo no Brasileirão. No ranking atual, após 18 jogos com Muricy na competição, o São Paulo caiu para a 17ª posição, o que mostra que, relativamente, o time do atual técnico cruza menos ainda.

 

Muricy chegou a ganhar um apelido para sua estratégia de jogo. O “Muricybol”, que o treinador tanto refuta, não existe neste São Paulo. Base para tal estratégia de jogo, o esquema com três zagueiros quase não foi usado pelo treinador – ficou na partida de reestreia, contra a Ponte Preta, no Morumbi.

 

Mas Muricy também não muda porque quer. O técnico adaptou o São Paulo ao esquema de jogo que considerou melhor para os jogadores que tinha para escalar o time. Não há quem se destaque como cobrador de faltas – esta equipe nem tem um jogador fixo para as bolas paradas – e também não existe tanta força nas bolas aéreas como no time do tricampeonato brasileiro. Naquela equipe, até 2008, o meia servia como finalizador, enquanto o time era armado pelos alas.

 

Quando assumiu o time, antes ainda do primeiro treino e do encontro com o elenco, Muricy afirmou que teria de jogar na formação 4-2-3-1 por conta dos jogadores que tinha à disposição. O técnico ainda falou que não tinha um cobrador como Jorge Wagner, de 2007, para as bolas paradas, e zagueiros como Alex Silva, Miranda, Breno e André Dias, a quem chamou de gigantes. A zaga em trio, vista como defensiva, era trunfo ofensivo nas bolas paradas do time tricampeão nacional.

 

Muricy não contraria a própria fama apenas no esquema tático e estilo de jogo. Marcado por ter supostamente se voltado contra as categorias de base do São Paulo na passagem em que se tornou ídolo, o técnico agora dá espaço para jovens jogadores. Até 2009, a grande revelação foi o zagueiro Breno, que hoje espera liberação na Alemanha para voltar ao Brasil e ao clube que o revelou. O treinador, no entanto, sofreu críticas por não dar chances a jogadores como o meia Sérgio Motta, que não atingiu o potencial que se esperava.

 

Com Muricy, Rodrigo Caio, de 20 anos, se tornou titular absoluto da zaga. Antes volante, o atleta foi recuado para jogar ao lado de Antonio Carlos. Ademilson, que nunca tinha sido titular da equipe, ganhou a vgaa de Osvaldo a partir da chegada do técnico. Até o meia Lucas Evangelista, de 18 anos, tem tido oportunidades, seja na posição de origem ou improvisado como lateral esquerdo.

 

Dessa forma, Muricy conseguiu satisfazer os críticos antigos, que o criticavam por praticar futebol feio, sem jogadas plásticas e dependente das bolas levantadas à área adversária, e também o presidente Juvenal Juvêncio, que mais investiu e mais dá atenção às revelações do São Paulo em Cotia.

 

Fonte: Uol

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