Em fim de mandato, Juvenal comanda São Paulo ao ‘estilo Corleone’

Após quase oito anos, Juvenal Juvêncio vive os últimos meses de seu mandato presidencial no São Paulo e governa o clube de modo singular. Visto como gênio político pelos seguidores, conquistou a maior autonomia e concentração de poder da história do São Paulo, mas também atraiu críticos opositores. Tal ascensão permite a Juvenal conduzir o clube da maneira como deseja: hoje, os dirigentes  vão a sua casa para ouvir e tomar decisões, enquanto o presidente frequenta mais o CT que o clube.

A postura de Juvenal é comparada até por dirigentes à de Don Vito Corleone, personagem fictício do escritor Mario Puzo e representado no cinema por Marlon Brando, nos filmes da série “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola. Tanto aliados como opositores concordam com a comparação, cada lado sustentado por diferentes motivos.

Quem segue Juvenal o descreve como o dirigente mais inteligente que o São Paulo já teve. Relata que, mesmo aos 82 anos, o atual presidente é mais capaz do que qualquer outro conselheiro a gerir o clube. Segundo a análise, Juvenal é avido por informações e capaz de análises precisas sobre os mais diversos temas, da guerra civil na Síria ao escândalo de espionagem norte-americana. O presidente é visto como o mais hábil político, que pode controlar o conselho deliberativo da forma como quiser – conseguiu alterar o estatuto para aumentar a duração do próprio mandato, de dois para três anos, e depois aprovou interpretação que o autorizou à segunda reeleição. Nunca alguém havia passado tanto tempo sentado na cadeira principal do clube.

É comum, atualmente, que diversos dirigentes frequentem a casa de Juvenal Juvêncio. Nunca foi raro, mas o hábito se tornou cada vez mais constante. Hoje em dia, dirigentes costumam visitar o presidente para almoços. Do futebol ao marketing. Para discutir política ou para ouvir ordens: foi de casa que Juvenal definiu que Paulo Autuori deveria ser demitido, na manhã do dia 9 de setembro, uma segunda-feira. Mandou o vice de futebol João Paulo de Jesus Lopes dar a notícia a Autuori e enviou o gerente Gustavo Vieira de Oliveira para a casa de Muricy Ramalho, com um contrato em mãos.

Juvenal dá ordens. Há quem acate e não tenha medo de assumir. Outros afirmam que as definições resultam de votações, o que não se comprova. Ninguém apoiou Juvenal na demissão de Autuori, mas ele trocou mesmo assim e hoje colhe frutos e elogios.

É a ordem que gera críticas. Há cerca de seis meses, quando parte da diretoria ainda não havia debandado para seguir o ex-diretor jurídico Kalil Rocha Abdalla e o ex-superintendente Marco Aurélio Cunha na oposição, esses dirigentes insatisfeitos não poupavam críticas a Juvenal. O termo “ditadura” era dito e hoje é repetido no discurso dos oposicionistas, que usa como um dos slogans “São Paulo de todos”.

Segundo estes que estavam insatisfeitos, houve momentos em que fugia-se de Juvenal no São Paulo. Quando dirigentes ouviam que o presidente chegara ao clube, tentavam deixar o local o mais rápido possível, para evitar encontro e diálogo. A explicação é que o presidente não participa de debates e define à própria vontade como cada funcionários e diretor-conselheiro deve trabalhar.

Além dos encontros na casa de Juvenal, ultimamente o presidente tem feito visitas ao CT da Barra Funda em pelo menos três dias da semana. Juvenal foi convocado por Muricy Ramalho após uma sequência de três derrotas, ainda em outubro, e desde então vai ao local para conversar e se mostrar presente e atento aos jogadores.

De casa e do CT, com seguidores que o admiram e seguem suas ordens, contra as críticas por excesso de poder dos opositores, Juvenal governará o São Paulo até abril de 2014, quando após oito anos passará o clube para o próximo presidente. Para tentar garantir o último desejo, manobrou a escolha da sucessão no grupo de situação e conseguiu fazer com que o ex-presidente Carlos Miguel Aidar fosse o escolhido para enfrentar Kalil Rocha Abdalla.

 

Fonte: Uol

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