Diretor Financeiro do São Paulo explica situação do clube

O São Paulo passa por dificuldades financeiras neste primeiro semestre de 2019. A diretoria justifica que as eliminações prematuras na Libertadores e Copa do Brasil, as compras de jogadores que chegaram aos R$ 90 milhões e as mudanças em alguns fluxos de pagamentos afetaram o caixa do clube.

Na última terça-feira, o Conselho Deliberativo do São Paulo aprovou empréstimos com diferentes bancos. As operações foram feitas no passado e haviam sido anteriormente aprovadas pelo Conselho de Administração.

Elias Barquete Albarello, diretor financeiro do São Paulo — Foto: Marcelo Prado

Elias Barquete Albarello, diretor financeiro do São Paulo — Foto: Marcelo Prado

Após a reunião, conselheiros de oposição divulgaram que os empréstimos chegavam a R$ 105 milhões apenas neste ano, algo desmentido pelo diretor financeiro do Tricolor, Elias Barquete Albarello.

– Os R$ 105 milhões foram somados de forma equivocada, talvez maldosa. Pegaram tudo que foi captado no último trimestre de 2018 e início de 2019. Além disso, tem falta de conhecimento técnico de conselheiro, que não tem capacitação para isso. Ele (conselheiro) fala considerando tudo, até antecipação de recebíveis, que é um dinheiro nosso, esse não é empréstimo. E fala também de conta garantida, que é como se fosse um cheque especial que temos também, e isso não entra nessa conta, não é considerado empréstimo – afirmou Albarello.

– Terceiro item: chamamos de financiamento. Financiamento é diferente de empréstimo. Você tem o bem definido e financia os recursos pra aquisição daquele bem, que é o caso do telão e do sistema de iluminação do Morumbi. Não entra no empréstimo – acrescentou o dirigente.

Ele segue:

– Então esses são os conceitos que precisam ser claramente diferenciados: antecipação, conta garantida (nós temos uma conta garantida de R$ 10 milhões), mais o financiamento da ordem de R$ 5 milhões, e antecipação de recebíveis de venda na ordem de R$ 20 milhões. Somado aos R$ 18 milhões que coloquei de empréstimo, aí chegaria no que estamos fazendo em 2019. Muito longe dos R$ 105 milhões do total – completou.

Segundo o diretor financeiro do Tricolor, o clube está autorizado a adquirir R$ 50 milhões em empréstimos em 2019. Ou seja, o São Paulo ainda tem R$ 32 milhões para recorrer aos bancos.

– O objetivo é reduzir significantemente a dívida. Comparativamente aos quatro clubes de São Paulo é o que tem a maior redução da dívida – afirmou.

Um estudo feito pela BDO Esporte Total em 2018 mostrou que o São Paulo era o 12º em endividamento líquido entre os 20 clubes da Série A. Houve uma redução de 8% em relação ao ano anterior. A expectativa é de que essa dívida seja ainda mais reduzida ao fim de 2019.

Leia abaixo outros trechos da entrevista:

GloboEsporte.com: Qual o impacto que tiveram as eliminações prematuras na Libertadores e Copa do Brasil?
Elias Barquete Albarello: 
– Quando se faz um orçamento, prevê-se evidentemente uma certa classificação. Estamos avaliando. Alguns impactos já estão sendo considerados e, independentemente disso, uma vez aprovada a necessidade de recursos, buscamos algumas formas de captação, seja por exemplo junto a bancos, seja com antecipação da venda de jogadores existentes, vendas que temos a receber. Normalmente, você vende um jogador para o exterior, considerando o pagamento de 50% à vista e depois em dois anos. E aí fazemos antecipação de um dinheiro que é nosso. Efetivamente nosso com uma taxa de desconto. Não considero isso como empréstimo. A questão de antecipação de recebíveis da venda de atletas, que é um dinheiro nosso, só tem uma defasagem, ele faz um desconto, o cara está me antecipando isso. Mas é dinheiro meu, líquido e certo, não fico devendo para o banco. Quando receber, ele vai tirar para quem fez. Fizemos com fundo de investimentos, não com bancos. Fundos internacionais, inclusive.

E os empréstimos vão servir exatamente para suprir qual necessidade?
– Estão sendo usados pra fazer frente aos compromissos. Foi necessário em função de ocorrências nesse primeiro semestre, sofremos com variação de fluxo de caixa. Por exemplo: caso do telão e da iluminação do Morumbi. Seria feito ao longo do ano. Foi feito no primeiro semestre por necessidade para a Copa América, foi antecipado. Estamos falando de R$ 5 milhões. Mas tiveram mais gastos pra adequar o Morumbi para fazer a Copa América, de R$ 8 milhões a R$ 9 milhões.

– Segundo ponto: o São Paulo contratou quase R$ 90 milhões de jogadores em janeiro. Decidiu-se por antecipar contratações. Efetivamente de desembolso tivemos R$ 25 milhões, muito mais impactante do que estávamos prevendo. Terceiro ponto: deslocamento do recurso a receber do contrato de transmissão de TV. Até 2018 tinha um comportamento ao longo do ano, a partir de 2019 mudou o fluxo e tivemos impacto de R$ 35 milhões nesse fluxo, indo para o segundo semestre. Algo em torno de R$ 70 ou R$ 80 milhões somando. Esse impacto não estava previsto no orçamento, então foi necessário buscar esses recursos nesse momento. No segundo semestre devemos ter a compensação dos recursos.

Carlos Augusto de Barros e Silva, presidente do São Paulo — Foto: Paulo Fischer / Estadão Conteúdo

Carlos Augusto de Barros e Silva, presidente do São Paulo — Foto: Paulo Fischer / Estadão Conteúdo

A contratação do Raniel atrapalha o planejamento?
– Não. Essa foi uma das condições que coloquei para a diretoria de futebol quando vieram me consultar sobre essa contratação. Eu sempre mantive (conversas) com eles lá, com o Raí, (Alexandre) Pássaro, que eu não queria e nem quero saber o nome do jogador que eles estão contratando, eles têm de falar o valor, como estão pensando, como seria isso, o pagamento… É isso que também fizemos nesse momento. Não há sentido buscarmos novas contratações sendo que contratamos um número de jogadores que foi definido. Isso é de exclusiva competência da diretoria de futebol e da comissão técnica, não entro nessa discussão. Mas em questão de valores, sim. Isso está em comum acordo conosco. (O pagamento) é para 2020 exatamente para não impactar esse ano. Não estamos fazendo nenhum tipo de contratação ou capacitação de recurso que ultrapassa o período dessa gestão, dezembro de 2020.

O São Paulo pretende realizar vendas de jogadores?
– Não está descartado. Isso tem lá um valor previsto no orçamento de R$ 120 milhões de venda de jogadores. O São Paulo já fez algumas vendas: Rodrigo Caio, Auro, o próprio Militão… Essa segunda venda do Militão (do Porto para o Real Madrid), onde o São Paulo tem 10%. Considera-se uma possível segunda venda do David Neres. Isso tudo entra nessa conta.

– Isso não significa que vou ter que vender os jogadores, a estrela, como é a preocupação da torcida. Você pode vender um jogador de 20 milhões de euros, mas pode vender dez jogadores de 4 milhões de euros. Isso quem tem de analisar é a comissão técnica e diretoria. Mas ao mesmo tempo, não temos muita gestão sobre isso. Está prevista a venda para essa janela. O que fizemos foi antecipar a contratação de jogadores, como aconteceu em janeiro. Você viu a quantidade de jogadores? E os melhores foram contratados. O elenco do São Paulo é para disputar títulos. Se está nessa situação agora, é porque ainda está iniciando um trabalho com novo técnico.

Em que situação está o recebimento da segunda parcela da venda do Petros, atrasada desde 30 de março?
– É o pacto do Al Nassr, de US$ 1,5 milhão (R$ 5,7 milhões na cotação atual) que estamos negociando e devemos receber em breve. Eu encaminhei essa negociação ao departamento jurídico, a promessa era receber o valor essa semana. Esse também foi um dos impactos.

Serão feitos mais empréstimos ao longo do ano?
– Não vou buscar mais. Eles já foram feitos. Estou ratificando esses empréstimos. Foram feitos para suprir esse impacto que mencionei. Já captamos esses recursos. Agora estamos avaliando para o segundo semestre dentro do que vamos ter dentro de vendas de jogadores e outras formas de recebimento. Vai depender do comportamento da janela.

Qual a expectativa para o segundo semestre?
– Creio que vai ser bem diferente. O contrato de recebimento de direitos de transmissão foram para o segundo semestre. Os R$ 35 milhões que até então recebíamos no primeiro, eles colocaram para o segundo. Venda de jogadores deve ocorrer ainda, por exemplo a possível venda do David Neres. São algumas premissas que estamos considerando, mas que ao longo do mês de julho que teremos melhor definição. Por enquanto, estamos com o fluxo equilibrado, não há preocupação em buscar novos recursos. Se tudo ocorrer como planejado, e existe um planejamento sim, até para cinco anos, nós temos previsto a entrada de recursos que não seriam necessários buscar.

Fonte: Globo Esporte

4 comentários em “Diretor Financeiro do São Paulo explica situação do clube

  1. Seria legal que algum financista interpretasse e traduzisse pras pessoas comuns como eu se tudo que diz esse senhor tem algum fundamento.

    De pronto me irrita essa postura arrogante dos dirigentes do SPFC. Pra eles tudo que falam e fazem é normal e todo mundo que critica é burro e mal intensionado, menos eles símbolos da ética

  2. Data vênia, o cheque especial quando utilizado é sim um empréstimo no seu valor devedor. O fato de vc poder alterar diariamente a dívida não faz ele deixar de sê-lo. Aliás, o pior deles.
    O S.Paulo pode ter sido, sim, o clube que mais amortizou sua dívida. Entretanto, para uma análise de gestão entre os clubes, precisa colocar na balança de pagamentos a quantidade de jogadores vendida, bem como, os resultados esportivos que advieram de tal ação. . .

  3. Compra mal, vende mal, empresta mal. Isto se chama ma gestão., ou esta sumindo dinheiro do caixa? Nao da para contratar goleiro reserva por R$ 10 mil., j o ogadores em fim de carreira pelo mesmos valores. Tanto jogador de base bom e nao conseguimos vender nenhum por um bom preco, isso e inacreditável.
    Por quanto saio o R. Caio?
    Erc, etc, etc!!!!! Temos que colocar pessoas com capacidades de administrar profissionalmente e nao gente sem a melhor ideia.

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