Ceni não se apega a “número frio” e se diz feliz com o próprio trabalho

O São Paulo foi eliminado do Campeonato Paulista pelo Corinthians, nas semifinais, e está fora da Copa do Brasil após ter caído precocemente, na quarta fase, para o Cruzeiro. O clube segue vivo na Copa Sul-Americana, competição que disputou apenas uma partida até agora, o frustrante empate sem gols com o modesto Defensa y Justicia-ARG, e terá o Campeonato Brasileiro pela frente. Na prática, o torcedor tricolor não tem muito com o que se orgulhar. Mas, para Rogério Ceni, que assumidamente gosta de trabalhar com avaliação de estatísticas, esses são “números frios” ou apenas “análise de resultado”.

Dar adeus a dois objetivos em menos de uma semana, perder em ambas oportunidades no Morumbi, diante de seu torcedor, ou sucumbir perante ao arquirrival não parecem ser notícias que preocupem o técnico do São Paulo. Ao fazer um balanço do seu trabalho até aqui, o ex-goleiro e ídolo maior do clube se mostrou otimista e satisfeito.

“Na Copa do Brasil, pegamos o Cruzeiro, um time forte. Vou fazer um levantamento para ver o que o trabalho mostra. O número frio a gente já sabe. Mas eu gosto muito do meu trabalho, gosto muito do trabalho da comissão, gosto muito da dedicação dos jogadores. Fomos com 23 (jogadores) para a Florida Cup e hoje temos sete, oito opções a mais. Talvez esse elenco fique mais enxuto para o Brasileiro. Agora vamos parar, repensar, traçar uma estratégia e seguir com ela no Brasileiro. A minha expectativa é fazer, sim, com que esse time chegue à Libertadores em 2018”, avaliou Rogério Ceni, lançado na carreira de treinador justamente pelo São Paulo, no início do ano.

“Honestamente, acho que o time vem sendo menos irregular nas últimas rodadas. Vocês mesmo destacaram que o time no começo do ano sofria dois gols por jogo e fazia três. Hoje baixamos a média de gols feitos, mas diminuímos muito a de gols sofridos. Para você defender mais, tem de abrir mão de algumas peças ofensivas. De positivo, tanto no meu time quanto no nosso trabalho, é que nossa vocação é ofensiva, o time foi construído para ganhar jogos, para agredir, não foi construído para ser defensivo. Foi construído para jogar com, no mínimo, três homens de frente”, continuou.

Em 2017, o São Paulo já fez 25 jogos, contando os dois da Copa Flórida, durante a pré-temporada. São 11 vitórias, dez empates e quatro derrotas. Foram 44 gols marcados e 30 sofridos, o que dá um saldo de 14 gols e um aproveitamento de 61%.

“Existe análise de performance e de resultado, ou seja, o número frio e o número real. Temos 60% a mais de gols feitos do que sofridos, é um time que propõe jogo, que joga para a frente. Joga invariavelmente no 4-3-3, 4-4-2 ou até 4-2-4, como no fim do jogo com o Cruzeiro. Perdemos o nosso principal armador, que é o Cueva, em sete jogos, e ainda não tínhamos o Thomaz, então tivemos que improvisar. Chegamos à semifinal do Paulista, que é o mínimo que um grande clube pode fazer”, disse, empolgado mesmo depois de ter saído de Itaquera sem a vaga na grande final do Estadual.

“Vamos ter alguns dias para repensar o planejamento, mas vejo com otimismo o que esse time pode produzir em um campeonato de pontos corridos. Ganhamos corpo, o time é mais competitivo, mesmo a classificação não vindo. Fico feliz com os jogadores. Trabalharam bem, competiram de igual para igual”, elogiou o treinador.

Apesar do futebol mais vistoso, o estilo de jogo adotado por Rogério Ceni no São Paulo gera divergências, inclusive dentro do próprio elenco. Há quem defenda uma mudança de postura para que a equipe se exponha menos e seja mais letal. O receio do time ficar marcado por ser ofensivo, jogar bonito, mas passar o quinto ano seguido sem título já não é pequeno. O técnico, porém, não está disposto a mexer na estrutura montada e mostra convicção nas próprias ideias.

“Temos um sistema adaptado, é aperfeiçoar esse sistema, mas vejo uma evolução muito grande. Desculpa, sei que a gente pode se apegar ao resultado frio, mas nos números foi um futebol melhor jogado tanto na semifinal do Paulista quando na fase eliminatória da Copa do Brasil”, concluiu, dando relevância às estatísticas finais dos confrontos, apesar da desclassificação nos dois casos.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

3 comentários em “Ceni não se apega a “número frio” e se diz feliz com o próprio trabalho

  1. Não pode mudar o que vem sendo feito… a partir de agora é evoluir sobre o que já foi construído. Acredito no time!!

    Perdemos com melhores números? Então temos que melhorar ainda mais…

    O futebol não perdoa deslizes e é isso que tem acontecido… falta de concentração em alguns momentos mata o time.

  2. O ponto fraco do Rogério é a questão dos compadres, pode perder a moral com o grupo e acabar fracassando como treinador e por conseguinte nossa esperança dele ser o cara e a vaca ir pro brejo. Já joguei e sei por experiência que os demais sabem quem são os titulares, voce treina com eles, com isso sabe tudo deles. Temos o caso do Cícero e do Denis que ele escala em jogos fora, no Morumbi não devido a certeza das vaias, mas fora joga, como o fez na Argentina. Tinha o Nem, o Buffarini mais o problema foi resolvido.

  3. Critico mas também reconheço!
    O Rogério Ceni, como treinador, conquistou quase 60% dos pontos disputados. Tudo bem, não ganhou nada com isto; só que, na temporada passada, com um técnico “campeão” de libertadores, amargávamos pouco mais de 42% dos pontos jogados. Dentro desta comparação, melhoramos e muito. Agora é cuidar, jogo a jogo, no brasileirão – porque o primeiro jogo vale tanto quanto o último -, e ser muito pragmático, porque as características do nosso time é de campeonato de pontos corridos. Com um desempenho 15% melhor, que não é assim tão difícil, chegaremos às últimas partidas, ao menos, disputando o título…

Deixe um comentário para Paulo RP Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*