A mudança repentina na vida de Toró

Belém do São Francisco é uma pacata cidade de 20 mil habitantes no interior de Pernambuco que ficou famosa por uma obra de ficção: a novela “Senhora do Destino”, que contava a história de Maria do Carmo, personagem de Suzana Vieira, natural da cidade semiárida, que migrou para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. Mas num futuro próximo, a cidade pode ganhar holofotes. E agora o personagem é real: Jonas Toró, atacante do São Paulo sub-20, que não balançou a rede na goleada por 4 a 0 sobre o Corinthians, na final da Copa do Brasil Sub-20, mas foi, para muitos, o melhor em campo.

O sucesso de Toró é um chute no estômago das probabilidades. Negro, nordestino, carregando o sobrenome “Silva”, o menino Jonas saiu de Pernambuco em um caminhão, o famoso “Pau de Arara”, em busca do sonho de ser jogador de futebol. Tinha 17 anos já, idade em que a maioria dos garotos não são sequer vistos em testes de clubes grandes, com a desculpa de que são “velhos” e nâo têm um retrospecto anterior bom. Foi para Salto, interior de São Paulo, jogar no Comercial, time local e sofreu um assalto na casa em que estava alojado. Pensou em desistir depois para o Primavera. Ali, começou a voar: fez um bom Paulista Sub-17 em 2016, uma ótima Copa São Paulo, e depois de uma briga de foice para contratá-lo, acertou com o São Paulo.

De lá para cá, só cresceu e espancou ainda mais as probabilidades. Virou titular rapidamente no melhor time sub-20 do Brasil. Foi campeão da Copa RS, vice da Copa São Paulo, sempre se destacando. Mas não era visto como a primeira ou segunda opção para a seleção sub-20. Foi convocado por Carlos Amadeu depois de vários cortes e negativas de clubes da Série A a outros jogadres. E compôs o elenco, certo? Errado. Jogou muito bem contra o México e entrou de vez no radar de Amadeu.

Toró se divertiu nas quatro linhas neste sábado. Ganhou a imensa maioria dos duelos contra Carlos Augusto, o lateral-esquerdo do Corinthians que, pressionado por ele, jogou contra patrimônio no segundo gol. Fez também a jogada do primeiro. E cruzou para Gabriel Novaes acertar a trave. Saiu ovacionado pela torcida, que gritou seu nome, e se mostrou emocionado.

– Eu sabia da responsabilidade de jogar pelo São Paulo quando vim para cá, mas não me assustei. Não podia me assustar, era minha grande chance. Hoje tenho um amor imenso pelo São Paulo, assim como pelo Primavera – diz Toró, fazendo questão de lembrar quem lhe deu a primeira chance e o primeiro contrato no futebol profissional.

O atacante, claro, não jogou sozinho. Contou com uma partidaça de toda a equipe. Helinho, Igor Gomes, Luan, Gabriel Novaes e outros. E é claro que contará com a ajuda dos companheiros sempre, pois futebol é um esporte coletivo. Mas quando a bola parar no pé dele do lado direito, no mano a mano com o zagueiro, ele terá sempre a chance de ser o senhor do seu destino. E viver o seu sonho quase realizado.

Fonte: Globo Esporte

8 comentários em “A mudança repentina na vida de Toró

  1. Segundo o Edu Afonso na transmissão da ESPN, ontem da decisão da copa do brasil sub 20 o SP ainda NÂO contratou em definitivo o Toró, esta em negociação com o Primavera de Indaiatuba, ai eu pergunto DIRETORIA INCOMPETENTE TA DEMORANDO PORQUE, ACORDA RAÍ, VAI ESPERAR ALGUEM NOS DAR CHAPÉU PARA SE MEXER

  2. Belíssimo jogador, ja deveria estar no banco de reservas do time principal. E uma joia rara que temos. tem vários outros jogadores que devem ser aproveitados no ano que vem.
    E bom a diretoria, ficar em cimas de olho nestes craques, para nao acabar indo de bobeira para outro clube.
    Parabens a todos estes meninos e a comissão técnica pela belíssima conquista.

  3. Intuitivo; ousado; forte; veloz; cumpridor de funções diversas. Joga pelos lados, mas se dá bem também no meio; volta acompanhando o lateral e consegue roubar boas bolas sem fazer faltas. Sem contar, ainda, a humildade e a boa conversa que parece ter. Enfim, mais uma esperança pra virar realidade…acho que vai dar!!!

  4. E’ o que digo sempre,
    nosso futebol involuiu.
    os craques sempre foram forjados
    na varzea, na praia, nos campos de pelada.
    As escolinhas elitizaram o atleta, e excluiram os
    TOROS da vida.

  5. Mais uma boa geração… tem que cuidar bem para que eles possam subir e jogar pelo SP…

    Lyanco, Militao, David Neres, Lucas Fernandes, Luís Araújo seriam metade do time titular hoje… Obs: acredito que Lucas renderia muito mais entrosado com David e Luís Araújo.

  6. Que os nossos dirigentes deixem o menino virar ídolo e não o venda quando completar 5 jogos pelo profissional.

    Imagina se o Santos tivesse vendido o Neymar quando surgiu aquela pressão para liberá-lo para o Chelsea quando estava começando a fazer sucesso. Com certeza o Neymar hoje não seria o Neymar e o Santos deixaria no mínimo de conquistar 1 libertadores, além de todo o resto envolvido, identidade com torcedor, ganho de torcida, ganho financeiro, entre outros benefícios intangíveis.

  7. Sucesso a esse garoto que Deus lhe abençoe cada vez mais no nosso tricolor tenho certeza que vamos compartilhar da mesma alegria eu como torcedor fanático e toro como um novo ídolo voa mlk pra cima deles toro!

  8. É sim um gênio. Gênio como ser humano, gênio como atleta responsável, gênio como companheiro. Tive a sorte de conviver por quase 30 dias na viagem a China o ano passado. Foi o artilheiro e capa de jornal em Beijing. Toro,Toro, Toro gritavam os jovens Chineses lá em Hoohot, perto da Mongólia. Torço muito para que seja mais um na galeria dos Ídolos do SPFC.

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