Kalil Rocha Abdalla

Entrevista exclusiva de Kalil Rocha Abdalla ao Tricolornaweb

 

FUTEBOL

1) Qual sua opinião sobre a atual comissão técnica, principalmente Muricy Ramalho?

R: Acho o Muricy um grande técnico, mas sinto falta da ciência do esporte no futebol. Não entendo o SPFC sem um fisiologista como o Turíbio de Barros, por exemplo. Mas as questões do futebol ficarão sob responsabilidade do meu vice de futebol, Marco Aurélio Cunha. Ele vai reestruturar a área para voltarmos a ser eficientes e vitoriosos novamente.

2) Nos últimos anos, ainda que a diretoria tenha trazido jogadores que se destacaram em seus clubes, as contratações tem decepcionado. A diretoria insiste em afirmar que o elenco é bom. O que o senhor acha disso?

R: Não estou em contato direto com os jogadores para saber a realidade das dificuldades que têm enfrentado, por isso tenho muita cautela ao falar de elenco. Mas fato é que o time não foi bem no ano passado, foi a pior apresentação da história do Clube, quase caímos para a segunda divisão. Não podemos nos esquecer disso nunca. E o SPFC paga hoje quase R$ 1 milhão por mês para jogadores que não são utilizados, resultado de contratações sem critério, sem estudo, sem planejamento. Isso é má administração e tenho certeza de que o nosso Vice Presidente de Futebol vai colocar ordem nisso. Ele é disparado a pessoa mais preparada para assumir o futebol do SPFC hoje.

3) Ainda nessa linha, quais critérios o senhor pretende utilizar para contratar jogadores e reforçar o time?

R: O SPFC sempre foi conhecido por seu planejamento pioneiro. Vários clubes nos tinham como modelo de gestão. Mas infelizmente passamos a contratar jogadores sem critério algum. Então, a palavra de ordem agora é planejar.

4) A diretoria do São Paulo, assim como em outros clubes, subsidia as torcidas organizadas com privilégio em ingressos e nas viagens. Qual vai ser a sua relação com estar torcidas, que só mancham o nome do clube?

R: Não sou contra as torcidas organizadas. Acho que elas incentivam o time em todas as horas mas devem ficar restritos às arquibancadas. No final do ano passado tivemos o triste episódio do churrasco no clube onde a diretoria autorizou a entrada de torcedores organizados que agrediram sócios do clube. Se algum torcedor deve ter privilégios claros, esse deve ser o sócio torcedor do clube. E ele terá! Vamos criar incentivos para o sócio comparecer cada vez mais no campo. O nosso novo programa será mais atrativo, permitirá que o sócio participe ativamente da vida do clube e dará a ele mais benefícios ligados ao SPFC. Éramos o primeiro clube em número de sócios torcedores e hoje amargamos a 12º colocação com a 3º maior torcida do país. Isso não pode. Vamos reverter isso, tenho certeza. O torcedor que vai a campo empurrar o time, cantando e vibrando será sempre bem-vindo. Teremos novidades para toda a torcida são-paulina.

5) Qual vai ser sua atitude, a partir do momento que assumir o cargo, em relação ao projeto de cobertura do estádio do Morumbi?

R: Não somos contra a cobertura. Pelo contrário, entendemos que ela é muito importante para modernizar nosso estádio. Por outro lado, precisamos dialogar muito e entender profundamente as minúcias do contrato. A gestão atual está com muita pressa para aprovar esse projeto às vésperas da eleição. Tiveram dois anos para promover essa discussão e nada fizeram. Assim que assumirmos vamos promover esse debate com o conselho, propor soluções rápidas e transparentes. Tudo sem medo, sem pressão. Isso fará bem para o nosso SPFC.

6) Onde pretende construir os estacionamentos?

R: Temos um projeto de construção do estacionamento na área social que poderá atender aos sócios e também aos torcedores em dias de jogos no Morumbi. Terá capacidade para 1.700 veículos e será construído sob os campos do futebol social. Atualmente, temos dois campos de futebol nas instalações do clube, sendo um no tamanho padrão e outro com dimensões menores. Os dois campos serão reconstruídos com dimensões oficiais proporcionando mais conforto e flexibilidade aos torneios internos e campeonatos interclubes. Durante o período de obras, prevemos a locação de campos na região, além do uso da infraestrutura de Cotia para que os jogos e atividades internas não sejam paralisadas.

7) Como pensa em administrar o CFA Laudo Natel, em Cotia, hoje alvo de muitas críticas e denúncias, e que não tem revelado jogadores com a qualidade que se deseja, dada a estrutura de primeiro mundo ali existente?

R: Precisamos ter mais transparência no nosso clube e em Cotia também. Infelizmente, o CFA Laudo Natel parece uma caixa preta, ninguém sabe direito o que acontece por lá. Nossa plataforma de trabalho esta pautada pela transparência, competência e profissionalismo. E a ideia é contratarmos um profissional experiente, com vivência como técnico de futebol, para transformar Cotia em um verdadeiro Centro de Formação de talentos, visando o fornecimento de atletas para o time principal e também para o mercado nacional e mundial. Deveremos também formar alianças com grandes clubes da Europa para absorverem nossa demanda. Não podemos esquecer da importância de ganharmos títulos também nas categorias de base. Nos últimos anos, tivemos resultados medíocres na Copa São Paulo de Futebol Júnior.

8) Já ouvi falar até em “terceirização” do CT de Cotia. O senhor é a favor? Se for, explique a razão e como o São Paulo lucraria com isso.

R: Não existe a menor possibilidade. Hoje, ele está aquém de fornecer os resultados financeiros que o SPFC precisa, única e exclusivamente por má gestão. Temos que administrar melhor essa estrutura, que é um ativo importante do clube, considerado uma das melhores do mundo para a formação de atletas.

9) Já tem ideia formada sobre os nomes para constituir o departamento de futebol? Poderia citá-los?

R: Sim, Tenho! Marco Aurélio Cunha, como disse algumas vezes anteriormente. Ele será o grande responsável por comandar o Departamento de Futebol. O Marco tem vasta experiência na gestão do futebol, na relação com os atletas, nas relações com instituições esportivas e é uma referência na condução do futebol de forma científica e eficiente.

10) Recentemente, quando o time estava em situação ruim no Brasileiro, a diretoria reduziu drasticamente os preços e conseguiu lotar o Morumbi. Mas hoje tudo voltou ao normal em termos de preço. O que o senhor pensa sobre o preço dos ingressos?

R: Os preços dos ingressos devem acompanhar a média do mercado. Temos um estádio, logo, temos como flexibilizar os preços dos ingressos. Mas algo que ninguém comenta é a nossa posição no ranking do Programa Sócio Torcedor, como disse anteriormente. Somos a terceira maior torcida do Brasil, com 8,1% dos torcedores nacionais, o que representa quase 17 milhões de pessoas. Mas, no final, temos apenas 0,001% de sócios torcedores. Devemos ampliar este número e estimular a venda de ingressos com valores mais baixos para o nosso sócio torcedor, não nos esquecendo do sócio do clube que hoje não tem nenhum privilegio na compra de ingressos.

CLUBE

1) É inegável que o clube melhorou muito nos últimos anos, com obras e manutenção. De maneira geral, o que o senhor vê como prioridade a fazer no campo social?

R: A prioridade da nossa gestão será a melhoria na prestação de serviços. Uma gestão efetiva na área alimentícia, opções de lanchonetes e restaurantes. Criaremos um departamento especifico para esse fim. Fiscalizaremos e apoiaremos os concessionários para oferecer qualidade e preço justo aos nossos associados. Algo semelhante será desenvolvido para as áreas de segurança e limpeza. Temos tido muitos problemas dentro e nos arredores do clube e trataremos desse assunto com muita atenção.

2) Já vem de muito tempo um pleito no Departamento de Tênis por cobertura de algumas quadras. Isso é possível? Se for, quando a obra poderia ser realizada?

R: Estamos atentos a isso. Já estudamos algumas alternativas de como executar isso, pois é sabido que a área construída do clube está em seu limite. Além da cobertura, estamos verificando também a possibilidade de preservamos as quadras externas no ato da chuva. Uma cobertura apenas do piso, de rápida colocação para que as quadras de saibro não encharquem e possam voltar rapidamente ao uso.

3) O clube não tem, hoje, um salão social compatível com suas necessidades. O atual não apresenta estrutura adequada para as grandes festas que são realizadas. Tem em seu projeto a construção de um novo salão? Se sim, onde seria?

R: Como disse antes, essa é uma das nossas prioridades. Uma das possibilidades é a retomada da suposta sede social, onde já foram gastos tempo e dinheiro, mas nunca saiu do papel. Um projeto abandonado pela atual gestão, sem qualquer propósito. Lá seria o local ideal. Outra alternativa é construir o salão de festas onde hoje é o estacionamento do portão 12, após realizado o projeto de construção do nosso novo estacionamento, assim o salão social ficaria integrado ao estacionamento e com entradas independentes. São ideias.

4) Temos, hoje, duas piscinas que dignificam o sócio do São Paulo: a Olímpica, recém-inaugurada e a dos cogumelos, até com hidromassagem. Também temos as duas ligadas ao Biribol. Mas há uma piscina, a do chafariz, que está em estado lastimável. O que se pretende para ela? Já ouvi falar até em construção de um “bar molhado”. Qual o seu projeto?

R: Nosso projeto abrange todo o parque aquático, fazendo com ele algo semelhante aos grandes resorts.

O primeiro ponto é trazer a lanchonete dos ginásios (G3) para um “deck” intermediário entre o piso atual e o da piscina. Ali será a área de alimentação das piscinas.

O solário permanece, mas deve ser reformado com uma estrutura melhor para o bar. Ali, a nossa ideia é implantar jacuzis e melhorias na ducha.

Estamos estudando também a possibilidade de ter um ou dois quiosques para servir bebidas na área da piscina. Mas isso precisa ser muito bem analisado, principalmente quando falamos de bebida alcoólica.

Quanto a grande piscina infantil, acho já passou da hora de uma reformulação. Queremos implantar um espelho d’água com piso emborrachado, área de sombra para bebês, área de atividades com jogos para crianças e adolescentes, monitores, etc.

Por último, os vestiários das piscinas aquecidas deverão ser ampliados e modernizados.  Assim como os banheiros que servem as piscinas externas, que precisam de banheiro família e fraldário.

5) A Academia foi outro setor que recebeu muitos equipamentos, mas hoje encontra-se “estrangulada”, pelo reduzido espaço em vista do número de sócios que a frequenta. Qual seu projeto para a Academia?

R: Para a academia temos duas frentes. A primeira é a implantação da Academia do Atleta, que será destinada aos praticantes de modalidades esportivas, capacitando-os a disputar o esporte de auto rendimento. Precisamos inverter a relação de “sócios x militantes”, em que mais de 80% dos nossos atletas federados não são sócios. Lá, os atletas terão acompanhamento nutricional, fisiológico e preparação física. Será algo personalizado e revolucionário. Esperamos atrair novos sócios com esse projeto também.

Em relação à academia fitness, precisamos melhorar as instalações. Temos um mezanino nos ginásios que atualmente não é utilizado para nada, estamos estudando utilizar aquela área para esse fim.

6) Apesar das lanchonetes localizadas no Solarium, na piscina, no Futebol Social, no G5 e o Habib’s, os sócios reclamam da falta de um restaurante digno para quem passa o dia inteiro no clube. O que o senhor pensa sobre esse assunto?

R: Como já disse antes, criaremos um departamento para cuidar de alimentação e bebidas. Precisamos reformular os serviços como um todo, desde a elaboração de cardápios, passando pela negociação com fornecedores, até a fiscalização dos produtos oferecidos.  Entendemos que o SPFC não depende da receita dos aluguéis dos concessionários, por isso, a cessão do espaço deverá ser renegociada e revertida em melhora nos preços oferecidos aos nossos associados. Preço mais justo, maior o consumo. Hoje temos pouquíssimas opções de alimentação. Resolver esse problema é um compromisso que eu assumo.

7) O São Paulo teve seu estatuto alterado, passando o mandato presidencial para três anos com direito a uma reeleição, e o dos conselheiros para seis anos. Qual sua posição sobre o atual tempo de mandato? Se houver contrariedade pensa em mudá-lo? Quando?

R: Como já mencionei diversas vezes, precisamos e vamos mudar o estatuto. O meu compromisso é de antecipar a eleição prevista para 2017, para dezembro de 2016. Isso eu farei para que os mandatos se adequem ao ano fiscal e esportivo no Brasil, mesmo que isso signifique encurtar meu próprio mandato.

Óbvio que existem muitos outros pontos que devem ser rediscutidos: o tempo de mandato, o número assinaturas necessárias para registro da chapa, suplência, forma de votação, eleição de vitalícios e até a eleição direta para presidente.

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